domingo, 14 de março de 2010

Clipping do Suplemento Sabático, do Estadão

Para quem não teve oportunidade de ler a primeira edição do novo Suplemento Literário do Jornal Estadão -- Sabático, poderá acompanhá-lo via clipping que montei.

Piratas da pena de pau
Por Sérgio Augusto

O ano mal começou e já temos um escândalo na bibliosfera. E na mesma Alemanha onde há seis anos um professor de literatura acusou Nabokov de haver plagiado a Lolita que um obscuro Von Lichberg inventara quatro décadas antes. Na primeira semana de fevereiro, um blogueiro berlinense dedurou a escritora Helene Hegemann como plagiária de outro blogueiro. Para o seu romance de estreia, Axolotl Roadkill, sarabanda de sexo e drogas nos clubes noturnos de Berlim, Hegemann contrabandeou trechos de Strobo, versão impressa de um diário criado na web por um internauta que se assina Airen.


O diário de Airen encalhou nas livrarias; o remix de Hegemann virou best seller e ainda ficou entre os finalistas do prêmio literário da Feira de Livros de Leipzig, cujos jurados se curvaram à racionalização da autora: "Não me considero ladra. O que fiz foi pôr o material extraído de outro contexto em nova perspectiva, estabelecer um diálogo." (Leia a matéria completa no site do Estadão).

Coluna Babel
Várias notícias do meio literário
Por Raquel Cozer e Andrei Netto

DESCOBERTA

Borges e Vinicius em diálogo sobre a beleza

Com a serrote #4 saindo do forno por estes dias, o Instituto Moreira Salles já tem uma pepita garantida para a quinta edição da revista, que chega às livrarias apenas em julho. Trata-se de um bate-papo entre Vinicius de Moraes e Jorge Luis Borges, datado de 16 de setembro de 1975 e quase nada conhecido por aqui. A transcrição do diálogo foi localizada no anuário do La Vanguardia pelo poeta Eucanaã Ferraz, consultor literário do IMS, e terá agora a primeira tradução para o português. É uma conversa organizada pela jornalista argentina Odile Baron Supervielle e que Vinicius trata de tornar descontraída. Em meio a discussões sobre morte, amor e bebida, o poetinha pergunta ao portenho (já cego àquela altura) como ele percebe a beleza feminina. O escritor responde que pode senti-la, mas que não a considera fundamental. "Há feias que são amadas", diz, ao que Vinicius reage: "Mas muito, muito feias, não, Borges. Há feias que não têm remédio." (Leia essas e outras notícias no Estadão)

06.10.1956: Obra-prima sem nada que a precedesse
Na edição de estreia do Suplemento Literário que circulou no Estado de São Paulo, entre 1956 e 1974, o crítico Antonio Candido reagiu assim ao analisar Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa

Este romance é uma das obras mais importantes da literatura brasileira - jacto de força e beleza numa novelistica algo perplexa como é atualmente a nossa. Não segue modelos, não tem precedentes; nem mesmo, talvez, nos livros anteriores do autor, que, embora de alta qualidade, não apresentam a sua característica fundamental: transcendencia do regional (cuja riqueza peculiar se mantém todavia intacta) graças á incorporação em valores universais de humanidade e tensão criadora. (Leia a matéria completa no site do Estadão)

Homem contempla barcos encalhados
Conto inédito de Ronaldo Correia de Brito, parte do livro Retratos Imorais

( Leia no Estadão )


Eletrônicos duram 10 anos; livros, 5 séculos
Por Ubiratan Brasil
Ensaísta e escritor italiano fala em entrevista exclusiva de seu novo trabalho, "Não Contem com o Fim do Livro".

O bom humor parece ser a principal característica do semiólogo, ensaísta e escritor italiano Umberto Eco. Se não, é a mais evidente. Ao pasmado visitante, boquiaberto diante de sua coleção de 30 mil volumes guardados em seu escritório/residência em Milão, ele tem duas respostas prontas quando é indagado se leu toda aquela vastidão de papel. "Não. Esses livros são apenas os que devo ler na semana que vem. Os que já li estão na universidade" - é a sua preferida. "Não li nenhum", começa a segunda. "Se não, por que os guardaria?"

Na verdade, a coleção é maior, beira os 50 mil volumes, pois os demais estão em outra casa, no interior da Itália. E é justamente tal paixão pela obra em papel que convenceu Eco a aceitar o convite de um colega francês, Jean-Phillippe de Tonac, para, ao lado de outro incorrigível bibliófilo, o escritor e roteirista Jean-Claude Carrière, discutir a perenidade do livro tradicional. Foram esses encontros ("muito informais, à beira da piscina e regados com bons uísques", informa Umberto Eco) que resultaram em Não Contem Com o Fim do Livro, que a editora Record lança na segunda quinzena de abril. (Leia a matéria completa no site do Estadão)

Biblioteca de NY, refúgio na crise
Por Lúcia Guimarães
Com 40 milhões de visitas em 2009, instituição adaptou programas para ajudar a população a enfrentar fase difícil

Qual é o local mais visitado do planeta? Acertou quem respondeu Times Square, o coração de Manhattan que recebe uma média de 35 milhões de visitantes por ano. A estatística é imprecisa e pode ser questionada. Mas, qual a instituição que atraiu mais visitantes na região metropolitana de Nova York em 2009 e é mais frequentada do que todas as outras atrações culturais e esportivas somadas? A Biblioteca Pública de Nova York.


A casa recebeu 40 milhões de visitas em 2009; NY tem 8 milhões de habitantes. E, se o leitor está coçando a cabeça com a ideia de que o desemprego e a recessão transformaram os nova-iorquinos em diletantes, pense de novo. Imagine a economia com a conta de aquecimento a óleo se é possível enfrentar o desemprego em pleno inverno no calor aconchegante de uma sala de leitura? E se o funcionário da biblioteca pode ajudá-lo a escrever um currículo e tem conhecimento suficiente para informar quais as áreas que estão contratando? O crash de setembro de 2008 encheu as bibliotecas americanas não só de desempregados como também de crianças cujos pais perderam acesso a babás e programas pós-escolares. Veja no vídeo desta entrevista com Paul LeClerc, disponível no Portal Estadão, como se criou o culto à biblioteca na vida americana e como a Biblioteca de NY adaptou programas para ajudar a população a enfrentar a crise. (Leia a matéria completa no site do Estadão)

Convite ao jogo da literatura
Por Silviano Santiago

(Não disponível online)



Um Herói fiel a seu código de valores
Por Aurora Bernardini
Khadji-Murát, do russo Liev Tolstói, mantém-se atual, na forma e na trama, ao traçar perfil de guerreiro tchetcheno

Este breve romance, Khadji-Murát, na tradução de Boris Schnaiderman revista para esta edição da Cosac Naify (a anterior, com o mesmo título, foi da Cultrix em 1986), é um presente de Liev Tolstói para a literatura mundial. Durante décadas, ele carregou os manuscritos inacabados em suas viagens - são 2.166 páginas de rascunhos! - e só conseguiu pôr um ponto final no livro em 1905, cinco anos antes de morrer, quando contava 82. A obra, aliás, só foi publicada postumamente. Se, do ponto de vista estilístico, Khadji-Murát insere-se entre as obras máximas do autor - que, depois de refazer várias vezes um trecho, chegou a dizer algo como "escreveu bem, o velho!", frase relatada por Máximo Górki, conforme atesta o prefácio da edição - , no âmbito da trama, cuja ação se passa na Tchetchênia, ele se revela de extrema atualidade. ( Leia matéria completa no site do Estadão )

Manoel de Barros, o Poeta que veio do chão
Por Daniel Piza
Aos 93 anos, o poeta associado ao Pantanal prefere pisar todos os dias no asfalto

Manoel de Barros jamais gostou de ser chamado de "poeta do Pantanal" ou, pior ainda, "poeta pantaneiro". Aos 93 anos, com livro novo, Menino do Mato, e sua Poesia Completa (editora Leya, 96 págs., R$ 29,90 e 496 págs, R$ 69,90), ele diz que pela primeira vez usou a palavra Pantanal num verso, pois considera o Livro de Pré-Coisas (1985) uma espécie de roteiro poético. Está ali, no sexto e último poema da primeira parte do livro que está chegando às livrarias: "As águas são a epifania da criação./ Agora eu penso nas águas do Pantanal." E um pouco adiante: "Penso com humildade que fui convidado para o banquete dessas águas. Porque sou de bugre. Porque sou de brejo." Mas não é à beira d’água ou no brejo que o poeta mora, e sim numa casa de muros de tijolos na zona norte de Campo Grande, de quase nenhum quintal.


"Lá tem muito mosquito", diz ao justificar por que não mora no Pantanal. É como se quisesse guardar apenas na geografia da infância sua ligação com rios, bichos e plantas. Até os 8 anos, morou numa fazenda perto de Corumbá, em cujo chão brincou com as criaturas que tanto aparecem em sua poesia: sapos, formigas, lesmas, passarinhos, borboletas. Quando adulto, nos anos 50, morou ali por mais dez anos sem escrever um verso sequer - até que pudesse "financiar o ócio", ou seja, ter dinheiro para se mudar e sobreviver como poeta. Nos outros 65 anos de vida, só morou em cidades: Rio, que diz até hoje adorar, e Campo Grande, que preferiu a Cuiabá pelo clima menos impiedoso. O poeta pantaneiro, quem diria, gosta de asfalto. ( Leia a matéria completa no site do Estadão )

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