sábado, 30 de janeiro de 2010

Literatura ou moeda?

Muito antes de ser uma escritora, sou uma leitora, mais que isso, uma apaixonada por livros, no que se tem de mais especial neles - o poder da narrativa. Esse poder que envolve desde os pequenos recém-alfabetizados até os idosos, que é capaz de nos tirar do mundo real e nos transportar para outro universo, tão real quanto, perfeitamente criado pelos autores, para que possamos viajar, sem que nenhuma passagem precise ser comprada, que não o ticket da imaginação.

E essa minha paixão, que se solidificou nos últimos anos num grande amor pela escrita, não tem preconceitos. Apenas o pré-conceito de querer livros que me agradem, me digam algo (pouco ou muito), que me façam chorar ou sorrir, que me façam refletir, que me façam esquecer da minha vida real, mesmo que me joguem dentro dela. Qualquer que seja o estilo literário, a voz narrativa ou até mesmo o gênero literário. Assim, transito pela poesia, contos, romances, novelas, thrillers, romances policiais, infanto, juvenil, biografias ou ensaios.

Nunca fiz distinção entre nacionais ou estrangeiros, preferindo esse ou aquele. Intercalava as nacionalidades em minhas leituras, elegia meus preferidos, deixando que Flaubert me ganhasse tanto quanto Machado de Assis, assim como Vargas Llosa, Garcia Márquez, Borges, Virginia Woolf, Clarice Lispector e Fernando Sabino dividissem minhas preferências. Hoje, contemporâneos como Roth, Coetzee ou Ian McEwan dividem as prateleiras de destaque com Lívia Garcia-Roza, Cíntia Moscovich ou Rodrigo Lacerda. Isso sem contar o cantinho que ainda guarda autores como Sidney Sheldon ou Danielle Steel que me faziam devorar seus livros, madrugada adentro, quando tinha 15 ou 18 anos.

Acho essa balança saudável, essa distribuição boa para todos, escritores, livreiros, editoras e principalmente leitores. O que não acho saudável é no que se transformou a nossa literatura. Em meras referências aos clássicos do século passado ou grandes referências aos “mais vendidos” de hoje. Se falarmos de brasileiros, então, a partida é de goleada. Fala-se pouco, divulga-se quase nada, muito diferente do que acontece com os estrangeiros. Bons ou não, eles sempre têm mais espaço.

Há algum tempo percebi que a lista de mais vendidos influenciava e muito as escolhas dos leitores “comuns”, ou seja, aqueles que não acompanham feiras ou debates literários; aqueles que leem porque gostam, e lerão Paulo Coelho e Dan Brown tanto quanto lerão J. K. Rowling ou Stieg Larsson. Aqueles que chegarão numa livraria e se influenciarão pela banca de destaque ou pelas estrelas expostas na vitrine. Aqueles que seguirão a dica de outros leitores como eles, que compraram um livro da mesma forma, gostaram e vão realimentar a lista, por suas indicações - o que conhecemos como o tradicional “boca-a-boca”. Por isso, comecei uma campanha para termos uma lista de mais vendidos exclusivamente da literatura nacional. E assim venho fazendo lá no Sobrecapa (http://www.sobrecapa.com.br), desde o segundo semestre de 2009.

Mas é apenas uma semente, que vez ou outra, parece quase apodrecer, quando mostra apenas um ou dois livros nacionais entre os mais vendidos das livrarias. Hoje aconteceu isso, quando fui publicar a lista de 15 a 24 de janeiro. Senti-me especialmente desanimada, quando só pude divulgar três livros brasileiros na lista da semana, sem contar que da lista de uma das livrarias, apareceu apenas um título. Senti-me especialmente desanimada ao abrir os suplementos literários de hoje e encontrar apenas uma resenha de autor nacional em cada um, por coincidência, poetas.

Mais desanimada ainda fiquei, quando percebi que na lista de mais vendidos de uma das livrarias que apoiam o Sobrecapa, constava em segundo lugar um livro de Mikhail Bulgakov que não estava lá na semana passada. Fiquei intrigada. Não conheço o autor e me perguntei o que teria acontecido para que ele se tornasse tão conhecido a ponto de parar quase no topo - um patamar tão almejado por tantos. E, como boa detetive, formada pelos livros lidos até hoje, fui ao meu informante principal – o Google. E o que achei? Uma matéria sobre o livro na Veja de 13 de janeiro. Provavelmente, eis a resposta.

Parecendo que um artigo chama outro, descubro na Veja da semana passada um outro texto que me fez refletir de forma diferente sobre o tema. A matéria revela que o “último” romance de Sidney Sheldon (morto em 2007), “A Senhora do Jogo”, que vem ocupando há semanas a lista de mais vendidos, na realidade, não é dele. Apesar de vir em letras garrafais o seu nome, o romance que é uma continuação de “O Reverso da Medalha” foi escrito por Tilly Bagshawe. O acordo de escrever esse livro dessa forma foi proposto pelas herdeiras de Sheldon. Assim, Tilly se tornou uma best-seller por meio da marca “Sidney Sheldon”. E o termo “marca” é reconhecido pela editora e autora. Leia matéria (http://veja.abril.com.br/270110/vivos-para-sempre-p-122.shtml).

Concluo, assim, de forma triste, que a literatura virou, na maioria das vezes, uma moeda de troca. Troca-se a “marca” pela divulgação na mídia, troca-se a divulgação na mídia pelo espaço na livraria, troca-se o destaque nas livrarias pelo consumo do leitor final, que realimentará esse ciclo, deixando de fora nossos autores, que continuarão a encantar um pequeno grupo de leitores com a magia de seus textos, mas continuarão a ser meros desconhecidos ao mundo leitor.

Mas dá para mudar esse quadro? Acredito que sim. Como diz a canção de Ivan Lins, acho que só depende de nós, acreditar e ter esperança, de se obter um mundo literário melhor.

Vocês conhecem o Projeto Livro Falado?

O Projeto Livro Falado, com patrocínio da Petrobrás e Ministério da Cultura, oferece aos deficientes visuais a oportunidade de acesso aos livros (por meio de livros falados) e ao teatro, como atores.

A base estrutural do projeto é a qualificação tanto da pessoa com deficiência visual para a atuação em cena quanto do ledor voluntário para a feitura de livros falados. Mas isso por meio de encontros que enriqueçam nossa humanidade.

Visitem o site do projeto e conheçam mais. O acervo de livros lidos é disponibilizado para quem se cadastra.

Uma grande ideia que merece ser divulgada.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Nélida Piñon ganha Prêmio Literário Casa de las Americas

Nem só de notícias tristes é feita a nossa última sexta-feira de janeiro.

Nélida Piñon ganhou o prêmio literário Casa de las Americas, na categoria Literatura Brasileira, com "O aprendiz de Homero".

Veja comentário retirado da ata dos jurados:

Del acta del jurado:


"En este libro, Piñon pone su larga experiencia como escritora al servicio de los nuevos aprendices del oficio, reflexiona sobre su propia condición de aprendiz y revela cómo asimiló, con esfuerzo y persistencia, el arte de narrar, pues “entre el deseo de escribir y el acto de crear había que cruzar sobre un abismo sin red de seguridad”. La autora admite su deuda con la tradición oral que escuchaba de los mayores en Galicia y en Rio de Janeiro, lo cual quedó grabado en su memoria. Valiéndose de un amplio espectro literario –desde la Biblia y Homero hasta Shakespeare y Joyce, de Cervantes y Carlos Fuentes a Machado de Assis y Monteiro Lobato- resalta el modo como los dominados y relegados al abandono histórico van refinando su memoria y su visión particular de la realidad. Se trata, en resumidas cuentas, de una defensa radical del arte de crear en una lengua –la portuguesa- valores y procesos universales".

As menções honrosas foram para:

- "Operação Condor. O Sequestro dos Uruguaios", de Luiz Cláudio Cunha
- "Memórias de um intelectual comunista", de Leandro Konder
- "Graciliano Ramos: um escritor personagem", de Maria Isabel Brunacci

Morre J. D. Salinger

O silêncio do Canastra teve um bom motivo: estive uma semana em Angra (depois publico as fotos), curtindo as férias com a família. Deveria ter decretado recesso, mas tive esperanças de publicar um pouquinho em algum dos dias, mas foi ilusão. É tanta coisa para fazer, tanto para descansar e o computador até foi ligado, mas só foi possível responder e-mails.

Pena que recomeço nossas publicações com a notícia de um falecimento: a de J. D. Salinger, o autor de "O apanhador no campo de centeio".

Salinger morreu na última quarta-feira, de causas naturais, aos 91 anos, de acordo com a declaração de seu filho. Há várias décadas ele vivia em um exílio voluntário, numa pequena casa, na cidade de Cornish, no estado de New Hampshire.

Seu livro de estreia "O apanhador no campo de centeio" foi lançado em 1951 e teve mais de 60 milhões de cópias vendidas. Seu protagonista - Holden Caulfield - se tornou o mais famoso anti-herói da literatura americana e influenciou diversos livros e filmes.

Um vizinho de Salinger alega que o próprio havia lhe confessado em 1999 que tinha em casa mais de 15 livros escritos, nunca publicados.Como durante a vida, Salinger recusou a fama, evitando entrevistas, barrando correspondências de fãs, provavelmente após sua morte, provavelmente haverá uma grande corrida pela publicação desses originais. Resta saber o que os herdeiros decidirão.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Hoje: dois programas imperdíveis

Quem disse que a programação da tevê está perdida? Hoje temos dois programas imperdíveis na telinha:

Às 21h30, no Espaço Aberto Literatura (Globo News, canal 40 da Net), Edney Silvestre entrevista Livia Garcia-Roza, autora de vários livros, entre eles "Milamor", "Meus queridos estranhos", "Quarto de menina" e "Era outra vez".

Livia é uma escritora que encanta. Não tem jeito, basta ler algum de seus livros para ser fisgado. Na entrevista, ela fala sobre os temas familiares que usa em seus textos e conta que teve no pai, que adorava poesia, a grande inspiração para fazer uma carreira literária.

Às 22h00, no Provocações (Tv Cultura, canal 16 da Net), Antônio Abujamra conversa com Ignácio de Loyola Brandão.

Ignácio começou sua carreira em 1965, com o lançamento do livro de contos "Depois do sol" e hoje é autor de mais de trinta obras. Ele começa a entrevista brincando com o título de uma de suas publicações: "Você é jovem, velho ou dinossauro?". E comenta: “Eu me sinto um dinossauro, um velho e, às vezes, jovem.”

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Viagem, postagens e Espaço Aberto Literatura com Livia Garcia-Roza


Os posts do Canastra já começaram a atrasar novamente, mas tem uma boa explicação: estive off por três dias, num pequeno paraíso na serra: O Hotel Le Canton, em Teresópolis. Por várias vezes, programei de ir para lá, mas sempre mudava meus planos. Dessa vez, não desisti. E não me arrependo. O lugar é lindo.









Ótima opção para quem quer relaxar, curtindo deliciosas paisagens que reproduzem vilarejos europeus. Perfeito para amar, para curtir os filhos, a família, para celebrar a vida.






Mas curtir em excesso me fez fissurar o dedo enquanto jogava basquete com meu filho. :)

Por isso, está difícil digitar e escrever com o dedo imobilizado. Então, perdoem os pequenos atrasos.

***

Enquanto isso, não percam um programa de primeira: confiram na próxima sexta-feira (dia 22), às 21h30, no programa Espaço Aberto Literatura (Globo News, canal 40 da Net), entrevista da escritora Livia Garcia-Roza a Edney Silvestre. Imperdível!

Para quem conhece a literatura da Livia, que é envolvente, terá a oportunidade de ouvi-la falar. Para quem não conhece, terá uma oportunidade ímpar de descobrir uma escritora talentosíssima.

Como é comum acontecer no programa, há sempre trechos da obra do escritor lidos por artistas. Nesse programa, os textos da Livia serão lidos pela Cristiane Torloni.

Mas para quem não puder assistir, é só conferir reprise no sábado e domingo, ou o vídeo que o site G1 disponibiliza.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Espaço Aberto Literatura dessa semana

Fonte: Publishnews de 13/01/2010

"O poeta Oswald de Andrade, que influenciou a Tropicália, o cinema de Júlio Bressane e o teatro de José Celso Martinez Correia, completaria 120 anos esta semana. Para homenageá-lo, o programa Espaço Aberto Literatura preparou uma edição especial, reunindo no mesmo programa Ferreira Gullar, que o conheceu de perto; Décio Pignatari, responsável, com os irmãos Campos, pela redescoberta de Oswald nos anos 60; e Chacal, que bebeu das fontes oswaldianas para construir as bases da Poesia Marginal nos anos 70.

Nesse programa, comandado por Claufe Rodrigues, Ferreira Gullar revela que, no início dos anos 50, Oswald era desprezado pelos concretistas, por ser um poeta "muito esculhambado".

A produção será exibida na Globo News nesta sexta-feira, dia 15, às 21h30, sábado, dia 16, a 1h30, 8h30 e 16h30, domingo, dia 17, às 6h05, e na segunda-feira, dia 18, às 12h30."

Mas quem perder, pode depois assistir ao vídeo que o G1 disponibiliza.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Copa de Literatura Brasileira chegou ao final

A Copa de Literatura Brasileira, uma iniciativa interessantíssima de Lucas Murtinho, chegou ao final.

Apesar de lamentar o livro do Rodrigo Lacerda ter ficado pelo caminho, fiquei satisfeitíssima com o resultado.

Li o livro vencedor (que não vou revelar para que vocês deem um pulinho no site) e achei ótimo.

Parabéns à escritora pela vitória merecida!

Parabéns ao Lucas por mais um ano de sucesso da Copa!

Então, curiosos? É só acessar o site da Copa e conferir a justificativa dos jurados, para cada voto. Link: http://copadeliteratura.com/.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Entrevista com Cleonice Berardinelli

A professora Cleonice Berardinelli, de 93 anos, foi eleita em dezembro para a Academia Brasileira de Letras, para a cadeira número 8, ocupada anteriormente por Antonio Olinto, morto em setembro.

Dona Cleo, como é chamada, é considerada a maior especialista em literatura portuguesa do Brasil e uma estudiosa profunda de Camões, Eça de Queiroz, Fernando Pessoa e José Saramago.


Na sexta-feira, no programa Espaço Aberto Literatura, Edney Silvestre entrevistou Cleonice. E o vigor dessa mulher me encantou. Uma emoção ouvi-la falar de literatura e dessa sua paixão que a faz lecionar até hoje.

A entrevista ficou belíssima. Não percam. Assistam no site do G1.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Como escrevo?

Isso é uma pergunta frequente aos escritores. No meu caso, que só posso dedicar à literatura os tempos livres, mas não menos importantes, respondo: onde? escrevo em qualquer lugar; quando? em qualquer horário, basta estar respirando; de que forma? me conectando, não à internet, mas a um outro mundo, de palavras, sensações.

Se há algo que aperfeiçoei com o tempo foi o poder de me desligar do mundo, onde estiver. Há momentos em que minha mente entra na sintonia de um plano paralelo, em que só eu existo, eu e meus pensamentos. Então, me acostumei a deixar que isso acontecesse em qualquer lugar, fazendo qualquer coisa. Por isso, é comum eu parar algo e correr ao caderninho inseparável e ali rabiscar algumas linhas de ideias.

Essas ideias nem sempre frutificam, mas estão lá, para que eu saiba que posso recorrer a elas. E quando assim eu faço e algumas delas me pescam numa releitura, basta eu transformá-las, usando minhas canetas e papéis. Ah, sim, papel, pois apesar da formação técnica, de trabalhar com computador o dia todo, não suporto escrever nem ler diretamente no computador. Preciso do papel, deliciosamente escolhido na minha fábrica de “chocolate” que são as papelarias. Ver a letra se amoldar à folha e ir correndo ao ritmo de minha história.


Ainda chegará o dia em que poderei reservar horas do meu dia para escrever. Mas talvez eu sinta falta desse tempo corrido, em que nos desafiamos a criar, mesmo contra as não-facilidades a nossa volta.

Parece que os sentimentos transitam no Cosmos. Comecei a preparar esse post ontem e, à noite, li uma crônica lindíssima da Tatiana Salem Levy sobre escrever caminhando, no site Vida Breve. Deem uma passada por lá e leiam que vale a pena.


***

Leio vários livros ao mesmo tempo. Antologias, então, levam meses, pois vou consumindo aos poucos, graças a independência de seus textos. Uma dessas é o livro “Como escrevo?”, uma coletânea de depoimentos de vários escritores, brasileiros ou não. Foi organizada por José Domingos de Brito e publicada pela Editora Novera. Tem a apresentação de Moacyr Scliar e a introdução de Ignácio de Loyola Brandão. A obra é o volume 2 da coleção “Mistérios da criação literária”, que tem ainda: “Por que escrevo?” (volume 1) e “Relações da literatura com o jornalismo” (volume 3), “Relações da literatura com o cinema” (volume 4) e “Preferências políticas dos escritores” (volume 5).


Então, para dividir com vocês o gostinho doce que estou tendo com essa leitura, alguns trechos:


“Em geral componho mentalmente a história antes de começar a escrever, por gosto de inventar e também por prudência, para livrar-me da ansiedade de saber se poderei ou não resolvê-la de modo aceitável. A outra parte do meu modestíssimo método consiste em escrever diariamente. Italo Svevo tinha razão: ‘Não há melhor maneira de escrever com seriedade do que rabiscar um pouco todos os dias’.” (Adolfo Bioy Casares)


“Apesar de escrever há quase 70 anos, começar sempre me dá trabalho. Não é o terror da página em branco, que só existe para que não sabe o que vai escrever. Eu sei. Não sei é como! As primeiras frases são mais rudes. Cometo erros, rejeito o que escrevi, volto ao ponto de partida. Tenho alguns cadernos de 40 páginas que contêm os primeiros parágrafos de um conto. Escrevo e volto a escrever, e volto a escrever, e volto a escrever e quando chego ao final do caderno ainda não está bem. A primeira página é sempre a melhor de todas, porque foi corrigida muitas vezes.” (Adolfo Bioy Casares)


“Começo no início, continuo até o fim, então paro... A princípio planejo um pouco – uma lista de nomes, sinopse rudimentar dos capítulos etc. Mas não ouso planejar demais; tantas coisas são produzidas pelo simples ato de escrever... Não faço rascunhos. Escrevo a página número um muitas, muitas vezes, e passo para a página dois. Empilho folha após folha, cada uma em seu estado definitivo e, finalmente, tenho um romance que – em minha opinião – não precisa de revisão.” (Anthony Burgess)


“Não há uma única maneira – existe tanta tolice dita a esse respeito. Você é quem você é, não Fitzgerald ou Thomas Wolfe. Escreve-se sentado e escrevendo. Não há uma ocasião ou lugar específicos; você tem que se adequar a si mesmo, à sua natureza. O jeito como uma pessoa trabalha, supondo-se que seja disciplinada, não importa. Se ela não é disciplinada, não há mágica que possa ajudar. O truque é arrumar tempo – não apenas alguns minutos – para produzir ficção. (...) Todo mundo acaba por aprender qual é a sua melhor maneira.” (Bernard Malamud)


“Não tem regra nenhuma. Cada livro surge de modo diferente. (...) Escrevo no máximo duas horas por dia – e rápido. (...) Não gosto de mistificar o trabalho do escritor. Eu trabalho e, se toca o telefone, atendo. Não preciso me isolar, não há grilos. Posso acordar no meio da noite para escrever, não há horários rígidos.” (Bernardo Carvalho)


***

Um pouco sobre os escritores citados:


Adolfo Bioy Casares nasceu na Argentina, em 1914, e faleceu em 1999. Reconhecido como um dos maiores escritores latino-americanos, sua obra é considerada uma das mais imaginativas do realismo fantástico. Seu romance mais conhecido: A invenção de Morel (1940). Seu último livro é Conversações com Borges (1999).

Anthony Burgess nasceu na Inglaterra, em 1917, e faleceu em 1993. Romancista, jornalista, ensaísta e músico nas horas vagas. Seu livro mais conhecido no Brasil é Laranja mecânica (1962).

Bernard Malamud nasceu em Nova Iorque (EUA), em 1914, e faleceu em 1986. Professor e romancista, considerado um dos principais escritores judeu-americanos surgidos após a Segunda Guerra Mundial. Seu primeiro livro, The natural, foi lançado em 1952 e posteriormente filmado, com Roberto Redford no papel principal. O romance seguinte, The assistant, recebeu o prêmio Rosenthal, do National Institute of Arts and Letters. Em 1966, publicou The fixer, que lhe valeu duas importantes premiações: Pulitzer e National Book Award e, também, resultou num filme de sucesso: O homem de Kiev.

Bernardo Carvalho nasceu em 1960, no Rio de Janeiro, e radicou-se em São Paulo, onde se tornou um jornalista conhecido. Romancista e jornalista, foi editor do Folhetim e correspondente em Nova York e Londres, da Folha de São Paulo. Sua narrativa é composta de fatos reais e históricos misturados com ficção, que sustentam e dão veracidade aos enredos. Recebeu vários prêmios.





quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Meu conto na Ficções

Para quem não leu o post que publiquei em dezembro...

A Revista Ficções está de cara nova e aceitando contos para sua próxima edição (19).

Um conto meu é candidato e precisa de comentários, que serão usados na escolha dos textos que sairão na versão impressa.

Passem por lá. Ajuda a prestigiar o projeto que é importantíssimo para nossa literatura e ajuda a prestigiar a autora aqui. ;)

Meu conto é A garrafa e está com o pseudônimo Anna Bovary. Se gostar, deixe seu comentário.

Nova obra no Sobrecapa

Mais uma divulgação no Sobrecapa.

Dessa vez é um infantil delicioso, produto da querida Marta Lagarta. Marta é a adulta com alma de criança, com coração de fada, com jeito de menina arteira. Ou seria tudo ao contrário? Não importa, cada um terá sua resposta ao se deixar envolver por seus textos.

E o último é o infantil A menina que ia para longe. Um livro gostoso para as crianças de pouca ou muita idade.

Confira detalhes lá no Sobrecapa.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Rapidinhas literárias

Algumas rapidinhas, mas não menos importantes:


1. Fala-se muito de best-sellers, do lugar de destaque que eles ocupam na mídia, nas livrarias (um lugar que deveria ser maior para a nossa literatura). Para entender um pouco mais o atrativo desses livros deem uma lida no artigo escrito por Carlos André Moreira, para o Zero Hora.

2. Mas best-seller não precisa ser apenas sinônimo de literatura descartável. Pode ser apenas um bom (ou ótimo) livro que vende muito. Cite-se J.K. Rowling que fez de seu Harry Potter um campeão de vendas, sem abandonar a qualidade que se espera de obras literárias. Mas também há clássicos que se tornam best-sellers. Veja que uma obra póstuma, inacabada de Nabokov, o autor de Lolita, tornou-se best-seller na Rússia. Leia matéria completa no Estadão.


3. Albert Camus, autor de várias obras-primas, entre elas O Estrangeiro, morreu em 04 de janeiro de 1960, há 50 anos. Vários artigos saíram a seu respeito. Leia um deles que gostei muito, escrito por Carlos Araújo e publicado no Jornal Cruzeiro do Sul.

4. Sete escritores portugueses, uma brasileira, um espanhol e um mexicano são os dez finalistas do Prémio Literário Casino de Póvoa, no valor de 20 mil euros. O vencedor será anunciado em final de fevereiro. O que de melhor tem nisso: a presença de uma escritora nossa, Adriana Lisboa, que chegou à final com Rakushisha. Parabéns, Adriana! Estamos torcendo por você. Leia mais.

5. Sou apaixonada por cartas trocadas entre escritores. Acho que revela muito do processo criativo, das angústias pelas quais passamos. Estou relendo as cartas trocadas entre Fernando Sabino e Mário de Andrade, e entre Sabino e Clarice Lispector. A releitura é trabalho, pois preciso de algumas informações para o meu romance. Mas releio com prazer, me deleitando novamente. E com alegria leio sobre novo livro que traz à público correspondências de cânones. E dessa vez, ninguém menos que Machado de Assis. O segundo volume de suas cartas chegam às livrarias no livro Correspondência de Machado de Assis Tomo II 1870-1889, numa edição da ABL. O primeiro volume foi lançado ano passado e o terceiro, que vai até sua morte, em 1908, está em edição. Leia mais.

Teatro e literatura no CCBB

Para quem está no Rio, confira a programação de teatro do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), com peças baseadas em textos de grandes escritores.

Aqueles Dois:
de 8 de janeiro a 28 de fevereiro, de quarta-feira a domingo, às 19h30.

A peça é um espetáculo criado a partir do conto homônimo de Caio Fernando Abreu e trata da rotina de uma repartição pública, quando se revela um misterioso desenvolvimento de laços afetivos e de cumplicidade entre dois de seus novos funcionários.

* Sopros da Vida:
de 14 de janeiro a 28 de março, de quarta-feira a domingo, às 19h.
Com Natália Thimberg e Rosamaria Murtinho.

O espetáculo tem o texto de um dos dramaturgos ingleses mais comentados nas últimas décadas, David Hare, autor de sucessos como As Horas e O Leitor.

Na história, duas mulheres se enfrentam num sutil embate pelo mesmo homem, partilhado por ambas durante mais de 25 anos.


* Contos Clássicos Brasileiros:
de 9 de janeiro a 28 de fevereiro, aos sábados e domingos, às 16h
A peça reúne uma série de apresentações teatrais que mesclam diferentes linguagens para dar vida a contos de grandes autores brasileiros - Câmara Cascudo, Graciliano Ramos e Manoel de Barros. No palco, atores, contadores de histórias e músicos buscam a representação da brasilidade em diferentes vertentes.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A pirataria digital já colocou as garras de fora

Se nós leitores estamos no meio dos debates entre livros em papel x livros digitais, os editores e próprios escritores têm outras preocupações: pirataria.

Um livro vendido como e-book pode ser mais barato, mas o risco de cair de forma ilegal na rede, pode virar um pesadelo para a cadeia de livros, principalmente para os escritores que perdem seus direitos autorais.

Uma prova disso pôde ser verificada com o lançamento do novo livro de Dan Brown - "O símbolo perdido". No lançamento em setembro, as vendas de cópias digitais ultrapassaram as vendas de livros em papel, mas por outro lado, 24 horas depois de o livro começar a ser vendido, a cópia de "O símbolo perdido" já podia ser baixada na rede, de graça. E isso foi feito, por mais de 100 mil pessoas.

Certamente uma preocupação a mais para os escritores.

Leia a matéria completa que saiu no Globo.com.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Leituras e releituras (desafio)

Tenho relido alguns livros como fontes para meu romance. E é impressionante como alguns trechos, mesmo depois de tanto tempo, ainda me tocam de forma especial. Então, como gosto de fazer, vou dividir com vocês alguns deles.

Abaixo, um texto atualíssimo, como fonte de opiniões críticas sobre novos escritores.

Vamos fazer uma experiência? Como em 2010 teremos promoções aqui no blog, vou testar alguns caminhos. Então, começo lançando um desafio: Vocês sabem de que livro tirei esse trecho?

Atualização: É parte de uma carta de Mário de Andrade a Fernando Sabino,
escrita em 10 de janeiro de 1942 e está no livro
"Cartas a um jovem escritor e suas respostas"
de Fernando Sabino e Mário de Andrade.
Para quem não leu ainda, fica a minha dica.


Obs: A grafia foi reproduzida exatamente como consta do original.

"Seu livro já está muito bem escrito. Não há dúvida nenhuma que você, como bom mineiro (?) tem o sentimento da língua, como cultura e principalmente como estilo, como expressão de pensamento. E tem no que escreve um sabor brasileiro, muito firme, muito nítido e muito atilado. De extremo bom gosto. Quero dizer: você não cai em nenhum exagero de brasileirismo falso. Com um bocado mais de apuro estilístico e de conhecimento técnico da linguagem, das linguagens populares do Brasil, você chegará a ótimo, talvez grande escritor. De uma língua que já é indiscutivelmente, nacional.

O problema, a meu ver, é tanto mais grave no caso de você que nele se intercala o da sua personalidade de ficcionista. Será você de fato um contista? Este problema é dos mais graves e dos que você precisa resolver pra si próprio. É incontestável que você não tem nenhum conto verdadeiramente forte como assunto. Cujo assunto imponha o conto por si mesmo, como Os Faroleiros, de Monteiro Lobato, como Pedro o Barqueiro, de Afonso Arinos. Não nego que sejam "contos" os contos de você, mas não parece, pelo livro, que você tenha forte imaginação criadora, grande imaginativa, excepcional faculdade de invenção.

Seus contos são leves e delicadas transposições líricas da vida, como o admirável "Anos Verdes", ou irônicas transposições realísticas da vida. Estou pensando em Machado de Assis. Seus contos estão longe de ser impressionantes. Longe de prenderem a gente por uma idealidade humana definitiva qualquer. Aí é que a arte, como beleza de criação técnica, interfere definitivamente para impor e justificar um criador. Si você não fizer coisas maravilhosamente bem feitas como técnica, como estilo, como arte de escrever, como bom gosto espiritual, você será apenas "mais um".

No gênero dos seus contos, você tem, a meu ver, descaídas lastimáveis, principalmente para o lado anedótico. Apesar das observações, excelentes, no realismo humorístico com que você esteriotipa gestos e expressões verbais, contos como As Rosas Iam Murchar e o Padre Venâncio, são simples anedotas simplórias, de lastimável descontrole e nenhuma autocrítica. Mesmo o caso do telefone que, não posso negar, é muito engraçado e me fez rir bastante, é, em última análise, grosseiro, tratado sem tacto, sem delicadeza, bacalhoada de Portugal com arrotos e todas as faltas de medida. Quando você tem, pra salvar seus contos na arte, de abandonar qualquer colorido mediterrâneo e se esquipar no senso de medida dos franceses, e na delicadeza espiritual de ingleses e nórdicos.

Mas ainda eu me pergunto si sua tendência é realmente para o conto e não para o romance... Pela faculdade de observação naturalista, pela riqueza de tipos psicológicos, não sei, sinto em muitos dos nossos contistas, e em você, romancistas verdadeiros, que por preguiça, por falta de tomar fôlego, erram de espécie, se dispersam no conto, quando são romancistas legítimos.

Não sei si você consegue perceber que no fundo seu livro me interessou muito. Mais você que o livro, aliás... Conforme a idade, lhe garanto que você pode ir longe. Mas não como um Jorge Amado, pouco trabalho, ignorância muita, criação de sobra. Você tem que trabalhar dia a dia. Como um Machado de Assis.

E não lhe seria possível botar um bocado mais de responsabilidade humana coletiva nas suas obras?..."

Nova obra no Sobrecapa

Mais uma divulgação no site Sobrecapa.

Começo 2010 colocando em dia os lançamentos de 2009 que não tive tempo de divulgar.

E para iniciar a lista, o romance O Albatroz Azul de João Ubaldo Ribeiro.

Confiram detalhes sobre o livro no Sobrecapa.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Cursos imperdíveis na Estação das Letras

O novo ano chegou e é hora de trabalhar. E para quem está nesse caminho literário, nada melhor do que ótimos cursos, com um time de mestres de primeira grandeza. Sem contar os colegas que se tornam amigos ou, no mínimo, grandes leitores da nossa literatura. Esse é o perfil dos cursos da Estação das Letras.

E para começar a aproveitar, veja a programação de janeiro e início de fevereiro (Cursos de Férias):

  • 09/01 (sábado): Ficção e Poesia (Workshop), com Luiz Costa Lima.
  • de 09/01 a 20/02 (aos sábados): O que será que será escrever? Oficina de leitura e criação literária, com Ramiro Osório.
  • de 11/01 a 15/01: Escrita Criativa, com Ana Letícia Leal.
  • de 11/01 a 15/01: Oficina: escrevendo biografias, com Carlos Didier
  • 13/01, 14/01 e 15/01: A preparação do escritor - Oficina de estudo e criação literária, com Raimundo Carrero
  • 18/01, 19/01, 21/01 e 22/01: Escrita Criativa - desbloqueando sua capacidade de escrever, com Silvia Carvão
  • 23/01 (sábado): Laboratório de Vivência Literária, com Luiz Ruffato
  • de 25/01 a 29/01: Introdução aos gêneros literários, com Suzana Vargas
  • de 25/01 a 28/01: Como escrever um projeto cultural, com Maria Alice S. Lima
  • 26/01, 27/01 e 28/01: Conto: o que é e como se faz, com Cíntia Moscovich
  • 30/01 (sábado): O escritor e o Mercado Editorial, com Maria Amélia Mello
  • 04/02, 05/02 e 06/02: Oficina de Haicai, com Eunice Arruda
  • 04/02, 11/02 e 25/02: Oficina da Crônica - Workshop, com Felipe Pena

Para conferir detalhes dos cursos, basta clicar no site da Estação - http://www.estacaodasletras.com.br/.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Entrevistas e a melhor literatura

Semanalmente, Edney Silvestre nos oferece a melhor literatura nas entrevistas que comanda no Espaço Aberto Literatura.

E para quem não consegue assistir pela Globo News, tem nova oportunidade pelos vídeos disponibilizados no site G1.

E as últimas entrevistas que revi hoje me trouxe de tudo um pouco: poesia da melhor qualidade, discussões sobre livros eletrônicos e até um autor consagrado que herdou do pai a informalidade com que conta suas histórias.

Então, curtam comigo.

- Entrevista com José Luis Peixoto, exibida em 18/12/2009

Poeta, romancista, dramaturgo e ensaísta, o escritor português José Luis Peixoto teve seu livro "Cemitério de Pianos" entre os melhores livros do ano, selecionados pelo Prêmio Portugal Telecom. Mais do que isso, Peixoto é conhecido como um dos maiores poetas jovens de Portugal.

Nessa entrevista, ele fala de sua infância, de seu primeiro contato com os livros, de sua literatura e nos presenteia ao final com um poema que é um dos mais lindos que ouvi e li nos últimos tempos, e aqui transcrevo para que vocês apreciem esse autor que me foi revelado por Edney.

Na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs e eu,
depois, a minha irmã mais velha casou-se.
Depois, a minha irmã mais nova casou-se.
Depois, o meu pai morreu.
Hoje, na hora de pôr a mesa, somos cinco,

menos a minha irmã mais velha que está na casa dela,
menos a minha irmã mais nova que está na casa dela,

menos o meu pai, menos a minha mãe viúva.
Cada um deles é um lugar vazio nesta mesa onde como sozinho.

Mas irão estar sempre aqui.
Na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
Enquanto um de nós estiver vivo, seremos sempre cinco.

- Entrevista/debate sobre livro eletrônico, com Marcelo Moutinho e Luciana Villas-Boas, exibida em 01/01/2010

Marcelo, Luciana e Edney falam sobre o livro eletrônico, a versão brasileira - Cooler - e o futuro do livro, em papel x eletrônico.

Eu, particularmente, não consigo me ver longe do ato de folhear, anotar nas margens, de emoção mesmo com o livro em papel.

Vale a pena assistir e cada um formular a própria opinião.

- Entrevista com Luis Fernando Veríssimo, exibida em 25/12/2009

Luis Fernando fala de seu último lançamento - o romance Os espiões, da sua relação com a música, do pouco tempo que tem para escrever e do surgimento das personagens e suas histórias.

Percebi que não sou só eu, pobre mortal, que uso dos pequenos segundos do dia para compor minhas histórias.

Confiram!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Um feliz 2010 para todos, com muita leitura

Estive um pouco, tá vou ser mais sincera, estive muito enrolada no final de 2009, o que gerou um certo desleixo em relação ao meu blog querido. Mas se tem uma promessa que fiz de virada de ano foi não deixar mais a peteca cair.

Esse cantinho é meu refúgio, é meu mundo paralelo em que posso viver e respirar a literatura, então vou tentar não deixá-lo tão abandonado novamente.

E para todos os meus queridos leitores do Canastra, meu desejo de um 2010 de muita luz, paz, saúde e amor. Acho que com esses ingredientes dá para se alcançar a felicidade. E para salpicar um tempero especial, muita leitura também.

Começando bem o ano, vou completar nosso primeiro post, do primeiro dia do ano, dividindo com vocês minhas leituras de hoje.

Beijos no coração de todos.

- No Digestivo Cultural foram publicadas algumas listas de leituras marcantes.

A primeira é do querido Luis Eduardo Matta, que nos oferece um resumo de algumas obras. Sempre uma boa referência para quem não leu. Confira no artigo "Algumas leituras marcantes de 2009". Meu aval nessa lista para as obras de Ian McEwan e Livia Garcia-Roza. As outras ainda não li, mas já coloquei na minha lista.

A segunda é do Marcelo Spalding e traz os dez livros mais interessantes da década (?), mesmo que nossa década não tenha terminado, mas vamos considerar o período determinado por ele, de 2000 a 2009. Confira no artigo "O melhor da década na literatura brasileira: prosa". Aqui meu aval para a obra de Cíntia Moscovich. Li "Leite derramado" e gostei, mas sem grande empolgação, então não posso concordar que ele ocupe esse lugar de destaque nos últimos dez anos. Apesar de não ter terminado o livro de Ana Maria Gonçalves, o pouco que li dele me deixa à vontade para dizer que provavelmente ela mereça esse lugar de destaque.

- No Estadão, algumas notícias literárias:

Harry Potter foi eleito, pelo site estadao.com.br, o livro da década. Aqui também tenho que concordar, se considerarmos o panorama mundial. J.K.Rowling fez algo praticamente impossível de se conceber: transformou crianças e adolescentes em leitores ávidos de livros de centenas de páginas, não se limitando a prendê-los por sete anos, mas também contando uma história cheia de intertextualidade, com qualidade, que encantou também os adultos.

Paul Auster já anunciou seu próximo romance. Chama-se Sunset Park e será publicado nos EUA em novembro de 2010. Uma obra que se passa nos tempos atuais, em Nova York, valendo-se de múltiplos narradores.