segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Minha mensagem de fim de ano: Vamos desfolhar nesse Natal?

(Crédito da Imagem: Site O Globo)

Estamos no finalzinho de mais uma jornada que se chamou 2010.

Para todos nós foi um ano especial. Não porque foi um ano apenas de vitórias, pois qualquer conquista é uma simbiose de perdas e ganhos, mas porque subimos mais alguns degraus, mesmo sentando, cansados, ora ou outra; fincamos mais algumas bandeiras; realizamos mais alguns sonhos; e alcançamos em paz essa linha de chegada.

Como é comum na vida, tive minhas ondas, que me levaram ao topo da felicidade e me derrubaram na areia da tristeza. Mas hoje, sobrevivendo aos caixotes que a vida me trouxe e outros tantos que eu mesma criei pra mim, suspiro e sorrio, satisfeita, agradecendo:

A Deus, pela proteção de sempre, deixando que meu caminho seja menos árduo;
Aos meus filhos, por serem essa luz que iluminam todos os meus dias;
Ao meu marido, por ser esse amor de 18 anos que ainda é chama e me alimenta os sonhos;
À minha família e todos os meus amigos, pelas palavras, pelos abraços, pelos beijos, pelo carinho, pelo amor, pela presença não necessariamente física, mas sempre alcançando meu coração.

Estamos às vésperas de mais uma renovação. Olho 2011 e peço duas caixas: a das experiências e a dos desejos.

Que a caixa das experiências guarde tudo o que vivemos, de bom ou ruim, para que possamos enxergar essa vida com olhos de criança, a criança que chora, mas é capaz de secar as lágrimas com um sorriso, por enxergar a brincadeira numa embalagem vazia que lhe surge de repente; para que possamos enxergar essa vida com olhos de adulto, maduros, que são capazes de aprender com os erros e se inspirar com os acertos; para que possamos enxergar essa vida com o olhar de quem acredita na magia do Natal.

Que a caixa dos desejos seja imensa e não tenha medidas e já traga em seu fundo o desejo do que é combustível para novas jornadas: paz, saúde, amor e amizade.

Como árvores vivas que somos, que possamos desfolhar nesse final de ano, colorindo nosso caminho, para florir novamente, e alimentar aos que nos cercam com os frutos mais preciosos que somos capaz de produzir: o amor.

Um Feliz Natal para todos, um Ano Novo mágico, de todas as cores, do branco da paz, do verde da esperança, do vermelho da paixão, do laranja da alegria, do amarelo da riqueza e do azul da maturidade.

Recebam aquele meu abraço que muitos conhecem, que diz mais do que todas as letras. E aquele meu beijo cheio de ternura e saudade.

Que 2011 seja um ano de luz e doação e que todos os nossos laços se apertem, se unam, se encham de mais amor.

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Entro em recesso até final de janeiro. Nesse meio de caminho, em alguns momentos estarei por perto, em outros estarei viajando. Vou tirar esses dias para escrever, brincar, descansar e construir minhas caixas.

Sei que o Canastra de Contos ficou um pouco abandonado em 2010, mas vou corrigir essa falha gravíssima em 2011. Estou com várias ideias não só para o blog como para o Sobrecapa e os atualizarei com mais frequência.


Por isso, minha ausência no blog e nas redes sociais será mais constante até fevereiro. Mas estarei sempre por perto e os amigos sabem onde me encontrar.


Um beijo da
Ana Cristina Melo





quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Minha entrevista no Programa Livros na Mesa

Hoje foi ao ar minha entrevista para o Programa Livros na Mesa, com Suzana Vargas, exibido no canal TVC (canal 6 da Net).

Era para eu ter divulgado antes, mas essa guerra que virou o Rio de Janeiro me tirou do prumo.

Mas para quem não ficou sabendo, dá para assistir a reprise no domingo, às 21h30.

A entrevista foi para o Programa Livros na Mesa que é o terceiro bloco dentro do Programa Debate Brasil.

Mas em breve vou tentar o vídeo também para divulgar aqui.

Enquanto isso, vocês podem curtir três das quatro entrevistas que dei para rádios daqui e do Ceará:

- Entrevista ao vivo para Mônica Christi, no Programa Mulher Brasileira, da Rádio Rio de Janeiro. Acesse o áudio da primeira parte e da segunda parte. Exibido em Junho.

- Entrevista para Lilian, no Programa Autores e Ideias, da Rádio Assembléia FM 96,7 (Fortaleza - CE). Acesse o áudio aqui. Exibido em julho.

- Entrevista ao vivo para Alessandra Eckstein, no Programa Estação Cultura, da Rádio MEC AM - Rio. Acesse o áudio aqui. Exibido em novembro.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Lobato é politicamente incorreto?


Uma nova semana se inicia, um novo mês, mas ainda são presentes as principais notícias que nos tomaram no final de outubro: a corrida presidencial e o parecer do Conselho Nacional de Educação contra o livro "Caçadas de Pedrinho" (de Monteiro Lobato), recomendando que o mesmo não seja distribuído a escolas públicas ou, se for, que seja acompanhado de um aviso alertando se tratar de obra racista. (Veja matéria no Estadão - http://blogs.estadao.com.br/marcos-guterman/quem-tem-medo-de-pedrinho )

E vejo que literatura e política estão cada vez mais entremeados.

Vamos lá. Monteiro Lobato escreveu Reinações de Narizinho em 1931 e Caçadas de Pedrinho em 1933, quarenta e cinco anos após a abolição da escravatura. A liberdade não lhes forneceu ascensão social, lhes forneceu o direito de ir-e-vir, o direito de ser humano, acima e antes de tudo. O direito de trabalhar onde fosse respeitado.

No livro Caçadas de Pedrinho, tia Nastácia se declara uma negra de 70 anos, o que nos leva a concluir que, certamente, ela foi escrava, pois a lei do Ventre Livre é de 1871.

Isso nos traz um contexto de época, o que justifica sem muito esforço a posição de Nastácia como agregada da casa. Mas essa agregada que trabalha, que cozinha, é apresentada por Lobato como se fosse uma pessoa da família. Não é a Negra Nastácia, é a Tia Nastácia. É a "negra de estimação que carregou Lúcia em pequena", como o próprio Lobato apresenta no primeiro capítulo de Reinações de Narizinho.

A "bá" que se torna parte da família, que traz a visão do povo, cheio de sabedoria. A sabedoria que está no conhecimento da vida e nas prendas que carrega, pois não podemos esquecer que Emília e Visconde saíram de suas mãos. Em Reinações de Narizinho, Lobato narra a "filosofia" de Narizinho, mostrando essa sabedoria: "As ideias de vovó e Tia Nastácia a respeito de tudo são tão sabidas que a gente já as adivinha antes que elas abram a boca".



Tia Nastácia é respeitada, amada e reconhecida não só pelas crianças como por Dona Benta. E podemos nos perguntar quantos negros nos anos 30 eram assim tratados.

E então, de repente, quase 80 anos depois dessa obra ser publicada, questionam o racismo que existe nela. Será racismo apresentar uma personagem que, sendo parte de um grupo tão à margem da sociedade da época, é apresentada como importante, como uma pessoa digna de respeito? Isso sem contar o lado lúdico e mágico, no qual eu não posso conceber o mundo sem a Emília, que nasceu das mãos de Nastácia.

Na história, durante as crises de perigo, a preocupação das crianças não se limita à avó, mas também à Tia Nastácia. E não vejo algumas passagens mais do que o tratamento cuidadoso com aqueles que de maior simplicidade cultural, mas de grandiosidade humana.

Veja um trecho de Caçadas de Pedrinho:

"Aí é que foi a dificuldade. A pobre negra era ainda mais desajeitada do que Rabicó e Dona Benta somados. Quando, depois de inúmeras tentativas, ia se tenteando sobre as pernas de pau, perdeu de súbito o equilíbrio e veio ao chão, num berro. Felizmente caiu sobre um varal de roupa e não se machucou."

Mas é claro que foram pegar um outro trecho para provar o racismo da obra. Um trecho em que Lobato diz "Sim, era o único jeito - e Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou, que nem uma macaca de carvão, pelo mastro de São Pedro acima, com tal agilidade que parecia nunca ter feito outra coisa na vida senão trepar em mastros".

O que é uma macaca de carvão? Não sei dizer. Nem consigo alcançar se isso foi um tratamento preconceituoso. E se tiver sido um momento em que Lobato reforçou a cor de Tia Nastácia, no seu íntimo, em toda sua obra, ele mostra que a cor ou qualquer outra diferença não impede o amor entre as pessoas. Afinal, no Sítio temos uma boneca casando com um porco, uma menina casando com um peixe, um sabugo de milho que se torna um gênio, e por aí vai.

E como ele mesmo diz ao final do livro, Tia Nastácia é gente e gente que merece respeito:

"Dona Benta deu um suspiro de alívio e voltou ao terreiro. Queria continuar o seu passeio no carrinho. Mas não pôde. Tia Nastácia já estava escarrapachada dentro dele.
- Tenha paciência - dizia a boa criatura. - Agora chegou minha vez. Negro também é gente, Sinhá..."

Será que não é isso que Lobato quis passar? Que se deve respeitar o outro, seja ele qual for. Dar-lhes direitos iguais.

Como leitora, como escritora, me pergunto como é possível querer julgar uma obra dessas, no contexto daquela época, pela visão de hoje.

Acho que tem se falado muito de politicamente correto, de racismo; não vejo como trocando o termo "negro" por "afrodescendente" pode resolver os problemas da nossa sociedade. Politicamente, pensa-se em soluções que apenas maquiam os problemas.

Pois eu acho que as soluções deviam se preocupar com a educação, com o sentido de cidadania, de respeito ao próximo. Não só para as crianças como para os pais. Se tivermos maior essa noção, resolve-se não só o desrespeito às etnias ou aos deficientes ou ao meio ambiente, resolve-se o desrespeito à vida como o bem mais precioso.

Será que todas as pessoas que apontam racismo na obra de Lobato ensinam aos seus filhos, aos seus netos, a respeitar o próximo?

Será que essas pessoas, ao dirigirem, ligam uma seta para mudar de faixa, não jogam seus carros na frente de outros motoristas, ou andam três quarteirões para entrar na mão certa, em vez de fazer uma contramão?

Será que essas pessoas ao saírem com seus cachorrinhos, não deixam que eles façam sujeiras na porta dos outros, ou urinem nos carros alheios?

Será que essas pessoas ao terminar de comer uma bala, guardam o papel até a próxima lixeira ou deixam o lixo como rastro de suas atitudes?

Será que essas pessoas evitam fumarem perto de outras ou lançam suas guimbas, ainda acesas, ainda luminosas de seu tipo de pensamento, em qualquer lugar da rua?

Isso me preocupa muito mais. Isso me incomoda muito mais. São pequenas atitudes assim que trazem o racismo contra a vida, contra o semelhante. Há mais de cem anos não temos mais a escravidão, mas a falta de cidadania corrói todas as classes sociais, e faz com que a vida seja reduzida a muito pouco.

Acho que devemos pensar nisso, quando elencarmos o termo "politicamente correto".

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Dicas e sorteios

Nos últimos dias, tenho várias dicas para dividir com vocês.

Para quem estiver no Rio de Janeiro, alguns eventos imperdíveis:

O primeiro é a Primavera dos Livros que acontecerá de 21 de outubro a 24 de outubro, nos Jardins do Museu da República, na Rua do Catete, 153, em frente à estação Catete do Metrô.
A entrada é gratuita e os livros serão vendidos com descontos de até 40%.

Eu estarei lá, no estande da minha editora, no sábado. Quem quiser comprar o Caixa de Desejos e ainda pegar um autógrafo, é só aparecer. Chegarei por volta das 10h.

No dia 21, o horário é das 18h às 22h. De 22 a 24, de 10h às 22h.

A programação dos eventos está em http://www.libre.org.br/primavera_livros.asp.

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O segundo é o evento "Eu, o leitor" que acontecerá de 26 a 30 de outubro, na Centro Cultural da Justiça Federal. Mas as inscrições vão até o dia 22, e custa apenas R$ 20. Em cada dia, de terça à sábado, haverá uma fala-exposição sobre cada um dos cinco genêros (poesia, conto, romance, crônica e peça teatral), por uma pessoa ligada especificamente a cada um desses gêneros, seguido depois de conversa, troca de ideias e debate com a plateia.


O projeto é destinado a todos os leitores, principalmente aos esporádicos ou relutantes, maiores de 16 anos. O formato, com uso de linguagem teatral e recursos visuais, em espetáculos de 1h30 de duração, promete desmistificar a leitura e o livro.


Veja detalhes na programação na divulgação do Publishnews: http://www.publishnews.com.br/telas/noticias/detalhes.aspx?id=60419

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O terceiro é o lançamento da edição comemorativa de "Pra onde vão os dias que passam?", de Anna Claudia Ramos.

É um lançamento especial, pois celebra os 18 anos de carreira de Anna Claudia, que já publicou dezenas de livros infantis e juvenis. A Editora Escrita Fina está reeditando seu primeiro livro numa edição comemorativa, com depoimentos de quem participou da 1ª edição e resenhas que saíram na época.

Será dia 25 de outubro, às 19h, na Blooks Livraria (Praia de Botafogo, 316 - RJ)

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Agora, algumas dicas legais:

Que tal criar uma biografia para um anônimo?

Pois é, a amiga e escritora Jô Duarte se especializou em criar biografias para anônimos. Em vez de celebridades, ela conta a vida de pessoas comuns que queiram guardar uma bela lembrança e presentear os familiares.

O projeto chamado de Memorabília pode ser conferido no site http://www.memorabilia.art.br/  e na matéria que saiu no G1 (http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2010/10/escritora-cria-biografias-de-anonimos.html).

Quer ganhar exemplares do meu livro Caixa de Desejos?

Há duas oportunidades na rede.

A primeira é no site O Bule. Vale até o dia 22 de outubro e as regras estão no link: http://o-bule.blogspot.com/2010/10/caixa-de-desejos-de-ana-cristina-melo.html.

A segunda é no meu site Sobrecapa. Também só até dia 22 de outubro. Mas o sorteio é múltiplo, com vários livros da Editora Usina de Letras / Vermelho Marinho. Confira as regras no link: http://sobrecapa.wordpress.com/promocoes/promocao-especial-outubro-mes-da-leitura/

Além do meu livro serão sorteados os livros:
- Kôra: pressentimento do dragão (de Ana Flávia Abreu)
- A Última Entrevista de Saramago (de José Rodrigues dos Santos)
- Seu Adolpho (de Felipe Pena)
- Raízes e Asas (de Ronaldo Luiz Souza)
- Sentimentos e Emoções (de José Araújo) 
- John Lennon esteve aqui ontem à noite, again! (de Zezo)
- Teia Negra (de Julio Rocha)
- Ninguém quer comer meu ovo (de Barbara Tomaz, Tomaz Adour e Tatiana Berlim)

domingo, 10 de outubro de 2010

Nobel, prêmios e reconhecimentos

Essa semana o mundo literário se agitou mais do que o normal, com a divulgação do Prêmio Nobel de Literatura. Depois de algum tempo, enfim respiramos aliviados, satisfeitos, com a indicação da Academia Sueca.

Desde quinta-feira a América Latina tem um novo Nobel: Mario Vargas Llosa. E é muito boa a sensação de ver um autor por quem temos admiração sendo reconhecido com um prêmio desse quilate. Foi o que aconteceu comigo.

Em 1982, quando García Márquez ganhou o Nobel, eu ainda não o conhecia, eu ainda não conhecia sua literatura.

Mas agora é diferente, eu já li Vargas Llosa, eu o incluí entre meus autores prediletos muito antes de ele receber o Nobel. E é como se nós, leitores, fizéssemos parte do prêmio, da comemoração, da história desse autor.

Mas em meio à euforia desse prêmio, me pergunto quantos leitores tiveram a mesma sensação. Pergunto-me quantos conhecem Mario Vargas Llosa. Será que os mesmos leitores de "A Cabana" conhecem Vargas Llosa? Será que eles conhecem que essa vitória foi a vitória da narrativa, de um contador de histórias muito especial, foi a vitória da literatura.

E me entristece não poder comemorar essa vitória com o homem ou a mulher com quem cruzo na esquina, no metrô ou no trabalho.

Talvez eles ainda não sejam capazes de comemorar, mas já sejam capazes de "ouvir falar".

Hoje, constato um tanto entristecida que há duas formas de um escritor chegar ao leitor comum, ao leitor despretensioso:

- a 1ª é nascer um best-seller;
- a 2ª é ganhar um prêmio de grande importância

E nossa literatura merece muito mais do que isso. Precisamos começar o reconhecimento no momento que o livro sai da gráfica, que chega às livrarias. Um escritor leva muito tempo trabalhando num texto, para vê-lo nascer e se apagar logo após a noite de lançamentos.

Espero o dia em que o reconhecimento de um escritor e de sua obra tenha início a cada publicação, e não só quando ele receba um grande prêmio.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Não perca o Leitura em Debate do próximo dia 30


Mais uma edição do Programa Leitura em Debate, mediado por Anna Claudia Ramos e realizado mensalmente na Fundação Biblioteca Nacional, acontecerá no próximo dia 30 de setembro, a partir das 16h.

Dessa vez o tema é "Música e Literatura", com a participação de Paulo Bi (cantor, compositor e educador) e Zé Zuca (cantor, compositor, autor e radialista).

Apareçam lá para curtir e prestigiar!

Eu vou!

sábado, 18 de setembro de 2010

Recado de Borges por Rodrigo Gurgel

O crítico literário Rodrigo Gurgel publicou em seu blog, em 3/09, um ótimo trecho da entrevista de Borges, na qual ele deixa um recado aos críticos e escritores herméticos.

Vale conferir.

Link: http://rodrigogurgel.blogspot.com/2010/09/recado-de-borges-aos-criticos-e.html

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Final de semana com Ana Cristina Melo e Caixa de Desejos


Está no Rio? Então tem duas oportunidades de me conhecer e me ouvir falar do livro “Caixa de Desejos”.

No Sábado (dia 18), às 11h, estarei na Pinakotheke Cultural, lendo trechos de Caixa de Desejos e batendo papo com os leitores a respeito do livro. Ótima oportunidade para os jovens e adultos conhecerem melhor minha caixa mágica.


Depois, no Domingo (dia 19), os participantes do Skoob (www.skoob.com.br), a rede social brasileira para leitores, vão se reunir, das 15h às 18h, na Livraria DaConde (Rua Conde de Bernadotte, 26/lj 125 – Leblon – Rio de Janeiro).

Esse será o primeiro encontro temático do site trazendo os Novos Autores Brasileiros. A organizadora Janda Montenegro, autora do livro Antes do 174, vai promover um bate papo comigo, Ana Cristina Rodrigues, Estevão Ribeiro, Luis Eduardo Matta, entre outros. A ideia é falarmos sobre nossos processos criativos e os caminhos para inserção no mercado brasileiro.

domingo, 5 de setembro de 2010

Best-seller: a história de um gênero e artigo "No reino dos best-sellers"




Na última sexta-feira, minha querida amiga e jornalista Halime Musser lançou seu livro "Best-seller: a história de um gênero" (Ed. Usina de Letras), uma obra inovadora a respeito desses livros que de tão peculiares, quase se tornam um gênero próprio. Halime realizou uma pesquisa ampla e profunda sobre o tema, destrinchando o que está por trás dos famosos e vendáveis best-sellers.

Foram escolhidos quatro romances do autor norte-americano Sidney Sheldon, considerado ícone entre os escritores de best-sellers, para iniciar uma discussão recorrente acerca do tema: o que os best-sellers significam para a Literatura e para o mercado editorial? Com base em vários fatores, Halime apresenta caminhos para se entender por que esses livros não podem ser classificados com “subliteratura".

Há no livro ainda uma entrevista inédita com a autora Tilly Bagshawe, de A Senhora do Jogo, sequência de O Reverso da Medalha, de Sidney Sheldon.

Numa bela coincidência, num gancho de mesmo tema, ontem saiu um ótimo artigo no Estadão de São Paulo, intitulado "No reino dos best-sellers".

A. P. Quartim de Moraes, que assina o texto, começa apontando o que há muito tempo eu falo e debato: a lista de mais vendidos é dominada pelos estrangeiros.

Mas não é só nessa constatação que Quartim faz coro com o que penso, mas com a ideia de que "Não tem como evoluir uma literatura que não é publicada", o que acontece com a literatura brasileira.

Vivemos uma era em que se diz que a literatura nacional não vende, mas isso é quase como a propaganda do biscoito "vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?". Se não há divulgação e investimento na literatura nacional, é difícil que ela faça o milagre por si só.

E se levarmos em conta o alto investimento do mercado editorial para conseguir comercializar uma dessas obras que dominam a lista de mais vendidos do New York Times, vemos que não é falta de dinheiro que está impedindo esse acerto interno.

Há muitos autores nacionais que se tornariam facilmente best-sellers de vendas, passando sua literatura muito longe das "facilidades" que são associadas aos best-sellers top de listas.

Mas é preciso investimento. É preciso acreditar que mais espaço na mídia para a literatura nacional gera, por consequência, mais vendas, pois há muito público interessado em ler. Se não fosse assim, a lista de mais vendidos não se bastaria nem com os estrangeiros.

O artigo do Quartim de Moraes pode ser lido, na íntegra, no site do Estadão (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100904/not_imp605205,0.php).

Abaixo reproduzo alguns trechos que merecem atenção:

"Quando nos deparamos com a presença dominante e quase exclusiva de autores estrangeiros nas listas de romances mais vendidos no País, somos levados a uma de duas conclusões: o nosso big business editorial está negligenciando os autores nacionais ou estes estão desaparecendo/trabalhando mal. Pode-se descartar a segunda hipótese sem medo de errar."

"A verdade é que literatura brasileira vende pouco porque as grandes editoras, que ditam os rumos do mercado, não estão dispostas hoje, salvo as honrosas as exceções de praxe - e, mesmo assim, vamos com calma! -, a botar dinheiro nela. Ninguém parece atentar para o fato de que conteúdos genuinamente brasileiros vendem, e muito bem, no mundo inteiro, quando se trata de teledramaturgia, porque as nossas emissoras de televisão há 50 anos investem pesado nas novelas e acabaram criando um padrão internacional de excelência."


"Então, se o segredo é o dinheiro, por que não botá-lo com a mesma generosidade na criação literária brasileira? E apoiar a produção literária nacional não significa apenas editar eventualmente uma obra com tiragem de 2 mil exemplares e abandoná-la à própria sorte."


"Os publishers brasileiros precisam olhar para o futuro e pensar também na responsabilidade social e cultural que o seu negócio implica."

sábado, 4 de setembro de 2010

Ribamar, de José Castello



José Castello lançou essa semana seu romance intitulado Ribamar. Eu que estou tendo a oportunidade preciosa de ouvi-lo mensalmente numa oficina que temos na Estação das Letras, estive no lançamento que aconteceu na última quinta. Recebi seu autógrafo e seu carinho, em agradecimento a nossa presença.

Enquanto esperava uma amiga que estava na fila de autógrafos, comecei ali mesmo a ler seu livro. E de repente me vi arrebatada. Um primeiro capítulo que não nos poupa, que nos mostra o que será o romance, a profundidade com que Castello resgatou suas memórias e a relação com o pai.

Kafka, com sua Carta ao pai, dá-lhe o caminho, mas é pouco, é pequeno, diante do que Castello conseguiu por sua própria sensibilidade.

Ainda não terminei o romance, que nos apresenta fragmentos desse resgate em capítulos curtos. Capítulos que nos deixam revirados e, ao mesmo tempo, ansiosos para continuar sendo atingido do jeito que ele faz.

Um romance maravlhoso, sem dúvida, que esse final de semana mesmo divulgarei no Sobrecapa (http://www.sobrecapa.com.br/). Mas enquanto isso, deixo aqui minha dica. Leiam "Ribamar" de José Castello.

Abaixo, o texto que o autor publicou em seu blog Literatura na Poltrona (http://oglobo.globo.com/blogs/literatura/), falando sobre a concepção do livro.

Leia também a matéria que saiu no Prosa e Verso que dá outros detalhes sobre o livro.

Um convite ao leitor


Autografo nessa quinta-feira, 2 de setembro, no Rio de Janeiro, meu novo livro, Ribamar (Bertrand Brasil). Nele trabalhei durante quatro anos. Embora não seja uma biografia, ou um livro de memórias, mas um romance, tem como figura central meu pai, José Ribamar, falecido em 1982.

Nunca foi tão dificil escrever um livro. Estive várias vezes a ponto de desistir, sofri o diabo, pois não é fácil reencontrar um pai morto. Amigos muito queridos, como Acyr Maya, Flávio Stein, Maria Hena Lemgruber e Paulo Bentancur, me ampararam nos momentos mais difíceis. Conversas decisivas com Romildo do Rego Barros e Antonio Godino Cabas me ajudaram a não me desviar de meu caminho.

Dois primos distantes, mas queridos, Alcenor Candeira Filho e Carlos José Castelo Branco Candeira, me escoltaram durante a viagem que fiz a Parnaíba, Piauí, cidade a que meu pai chegou ainda de fraldas e de onde só saiu para descer para o Rio de Janeiro, estudar Direito e se casar.

Não teria terminado o livro sem a presença afetuosa e leal de Carmen Da Poian, minha primeira leitora. De modo desordenado, mas vigoroso, ela acompanhou a produção de cada um dos 98 capítulos e suas palavras de consolo me impediram de desistir. Com sua infinita paciência, a editora Rosemary Alves me ajudou, também, a conservar a coragem.

Não sei bem o que é esse livro, que escrevi às cegas, guiado mais por impulsos, sonhos, intuições e pela presença sempre desestabilizadora do acaso. Uma frase de André Gide, que depois usei como epígrafe, me guiou. Diz: "Tudo o que vejo, tudo o que fico sabendo, tudo o que me advém há alguns meses, gostaria de fazer entrar no romance".

Segui à risca os conselhos de Gide e transformei meu romance em uma reportagem interior. Nas páginas de Ribamar, ficou, em consequência, uma parte importante de mim. Sei que, agora que o romance está pronto, ele já não me pertence, mas aos seitores que dele se apossarem.

Eu o autografo na noite de hoje, quinta-feira 2, a partir das 19h00, na Livraria DaConde, na rua Conde de Bernadotte, 26, lojo 125, no Leblon.

sábado, 21 de agosto de 2010

Especial Joaquim Nabuco

Grande dica do escritor e amigo JP Veiga:

O Jornal do Commércio publicou um especial dedicado a Joaquim Nabuco, cujo centenário de morte se completa em 2010.

Uma boa leitura, sem dúvida.

O link para acessar: http://www2.uol.com.br/JC/sites/especial_joaquimnabuco/html/html3/index.html

Foto Histórica (e suas histórias) no Brasil

O amigo Guina Ramos foi um dos vencedores do Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia - 2010.

O objetivo do seu projeto é identificar, na História do Brasil, fotografias que foram (ou ainda são) chamadas de “históricas” e montar, a partir da pesquisa, um livro.

O projeto partiu da dissertação de Mestrado do autor (A história bem na foto: fotojornalistas e a consciência da história) do Programa de Pós-Graduação em História Comparada – PPGHC/IFCS/UFRJ, apresentada em Julho de 2008.

Dando início ao projeto, ele criou o blog A Foto História (e suas histórias) no Brasil, no qual é possível conhecer a proposta e acompanhar a pesquisa.

Não só é um belo trabalho, como ótima fonte de pesquisas para os escritores.

Então, visitem http://www.afotohistoricanobrasil.blogspot.com/ e prestigiem.

sábado, 14 de agosto de 2010

Estou chegando na Bienal


Nem vou pedir desculpas pelo sumiço, pois já está ficando sem graça. rsrs

Mas espero que o tempo fique menos enlouquecido a partir da semana que vem e eu possa voltar a postar regularmente aqui no Canastra. Estou sentindo uma baita falta.

Agora, o foco é a Bienal. Amanhã estarei lá numa agenda maravilhosa. Quem estiver por SP, passe para falar comigo, tirar uma foto, pegar um autógrafo, curtir. Quem não estiver, é só espalhar a notícia.

Minha agenda:

Dia 15 de agosto (domingo), às 11h, estarei autografando o livro “Caixa de Desejos”, como membro da AEILIJ, no estande coletivo da Câmara Brasileira do Livro (Rua N42 e O43), junto com o autor Luis Eduardo Matta. Teremos um bate-papo sobre literatura juvenil e a paixão pelos livros.


Dia 15 de agosto (domingo), às 14h, no estande da Editora Usina de Letras (K56), autografando meu livro “Caixa de Desejos”.

Dia 15 de agosto (domingo), às 20h, no estande da Editora Usina de Letras (K56), autografando o livro “Humor Vermelho 2″, do qual faço parte com o conto “A Traição”.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Lançamento de Humor Vermelho 2


Olá, queridos! Primeiro, desculpem o sumiço. Mas alguém tem frasco de tempo extra para vender? Não me falta o que falar, me falta tempo para chegar aqui.

E para completar estive envolvida com tarefas extras como aulas e a revisão dos meus livros (técnico e de ficção). Assim, acabo vindo aos 45 do segundo tempo (bem de acordo com o tema do meu conto) para convidá-los para o lançamento do Humor Vermelho 2, que será HOJE! Tá, sei que está em cima, mas sempre dá tempo, não é (pelo menos para quem está no Rio)? Principalmente, pois o livro tem um conto meu. Quem não me conhece pessoalmente, é uma ótima oportunidade. rsrs

O livro vem com uma proposta especial: arrancar boas risadas de seus leitores. De vez em quando é bom ler algo com o intuito só de relaxar, rir e aliviar a tensão. E a parte mais legal é que tem um conto meu lá.


É hoje, na Livraria Travessa do Shopping Leblon, a partir das 19h. (Cliquem no convite para ver os detalhes)
 
Abaixo o release para vocês conhecerem um pouquinho mais do livro e saber quem está na turma de autores.
 
HUMOR VERMELHO 2 : ELES VOLTARAM, PIORES DO QUE NUNCA!

É LANÇADO O SEGUNDO VOLUME DA SÉRIE MAIS ORIGINAL DE HUMOR DO BRASIL.

Já imaginou os seus avós comemorando bodas de ouro num motel? E quando te dá aquela dor de barriga a dezesseis estações de casa? O que fazer quando um assaltante entra numa clínica de depilação e você está numa posição comprometedora?

Rir é sempre o melhor remédio, por isso o livro Humor Vermelho está de volta. O segundo volume promete arrancar gargalhadas dos leitores e vem com novidades, pra começar treze novos autores:

“O Humor Vermelho faz muito sucesso justamente porque é original. São textos surpreendentes e politicamente incorretos. Agora estamos dando oportunidade para 13 autores estrearem na série, e tenho certeza de que o povo vai rir ainda mais!” – diz Barbara Cassará, coordenadora desse segundo volume.

Outra novidade fica por conta de três histórias proibidas para maiores de 60.

“Nós adoramos, mas as nossas mães leram, e elas detestaram! É humor da nossa geração” – complementa.

O que diferencia o Humor Vermelho 2 é a mistura de estilos de seus autores. Na lista se encontram roteiristas do Zorra Total, Grande Família, Telecine, Multishow, GNT, escritores, blogueiros, teatrólogos, atores e jornalistas - todos tem carta branca para escreverem sobre o que quiserem. É impossível o leitor não se identificar com as situações embaraçosas e inesperadas. Algumas são pura ficção, outras inspiradas em fatos reais.

O lançamento da obra, com o selo Vermelho Marinho será no dia 04 de Agosto (quarta-feira), às 19h, na Livraria Travessa do Leblon.

O único efeito colateral do livro é não parar de rir.

Título: Humor Vermelho – volume 2
Preço: R$ 20,00

Lista dos Autores do Humor Vermelho 2:

1. Moisés Liporage - Com o pé na cova - escritor e roteirista (Telecine/ Multishow)
2. Ana Cristina Melo – A Traição – escritora e editora (sites Sobrecapa/ Ficção de Gaveta)
3. Alexandre Raupp – Sangue – roteirista (Por Um Fio/GNT)
4. Paula Gicovate – Pelo Menos – roteirista, escritora e mulherzinha (blog Umbigo de Paula)
5. Henrique Rodrigues – Fator tarja preta - escritor e doutorando em Literatura
6. Natasha Stein – A cor do preconceito – jornalista e assessora de imprensa
7. Alexandre Plosk – Cabeça Quente – escritor e roteirista do “Estrelas”
8. Barbara Cassará – Otacílio & Josefa – escritora e editora
9. Adriana Maia – A morte lhe cai bem – roteirista (Moviebox Telecine)
10. Andréa Codorniz – Alice quase no País das Maravilhas – Psicóloga, escritora, asneiróloga (blog Exorcize Sua Alma Gorda)
11. Julio Rocha – A lenda de Udalá – escritor, ficcionista e roteirista de Teatro
12. Marcia Mendel – Comunicando-se – jornalista e roteirista de teatro
13. Alexandre Martins – Mocreias – escritor (blog Um Cara Normal)
14. Wladimir Weltman – Chorando com Sade – roteirista (Zorra Total / Globo)
15. Fábio Fernandes – Amnésia 4 – jornalista (Pasquim, Globo) & professor (Comunicação)
16. Tati Berlim – Enquanto isso no paraíso... – produtora de TV e jornalista
17. Marco Santos – Missão: tirar o charuto do beiço – ator e escritor
18. Maurício Zagari – TUM – jornalista, crítico cinema JB
19. Bruno Weikersheimer – O dia em que papai morreu novamente – roteirista (TV XUXA)
20. Nelson Caldas Filho – A Yogue – Roteirista e diretor de cinema e TV (Grande Família/ Sob nova direção)
21. Zezo (José Feliciano Delfino) – A.M.A. – Roteirista, piadista (Band/Globo) e escritor
22. Tomaz Adour – Amélia Liberada – editor e escritor

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Carta pública da AEILIJ ao Ministro da Cultura

A AEILIJ está divulgando a carta aberta que enviou ao Excelentíssimo Senhor Ministro da Cultura Juca Ferreira posicionando-se a propósito do Anteprojeto de Lei que regula os direitos autorais e que se encontra em consulta pública.

Nó, autores de LIJ, entendemos que alguns pontos precisam ser revistos, pois ferem diretamente toda a cadeia produtiva do livro.

Nos ajudem a divulgar. A carta pode ser acessada no site da AEILIJ.











Rio de Janeiro, 18 de Julho de 2010

Ao

Excelentíssimo Senhor Ministro da Cultura Juca Ferreira

Esplanada dos Ministérios, Bloco B, Brasília - DF, CEP 70068-900

Re.: Anteprojeto de lei que altera a Lei Federal 9.610/98 apresentado pelo Ministério da Cultura para consulta pública em 14/06/2010

A AEILIJ - Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil, entidade que representa os autores de texto e imagem que atuam no segmento de literatura infantil e juvenil vem, por meio deste documento, posicionar-se a propósito do Anteprojeto de Lei que se encontra em consulta pública e que objetiva alterar a Lei 9.610/98, que regula os direitos autorais.

Entendemos que algumas das propostas apresentadas pelo Anteprojeto, ao invés de estimular a produção de bens culturais, podem trazer sérios prejuízos à cultura brasileira e à subsistência da produção intelectual, assim como aos segmentos de mercado a ela relacionados e suas respectivas cadeias produtivas, visto que alguns dos acréscimos propostos são danosos ao exercício profissional dos criadores de obras artísticas, científicas e literárias.

Mais ainda: alguns acréscimos, visando especificar e legalizar determinadas práticas, como as apresentadas no Artigo 46, principalmente em seu parágrafo único, fornecerão, na prática, subsídio legal para a reprodução e disponibilização não autorizadas de obras integrais protegidas, sem que os titulares do direito autoral tenham uma justa contrapartida.

Algumas propostas ferem gravemente os direitos de exploração da obra por seus autores e editores, autorizando a reprodução e distribuição ao público, na íntegra, de obras protegidas utilizando-se de expressões muito amplas, capazes de abranger, praticamente, todo e qualquer tipo de utilização, sem excluir a possibilidade de exploração econômica por terceiros, ("para fins educacionais, didáticos, informativos, de pesquisa") e subjetivas ("sem prejudicar a exploração normal da obra e nem causar prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores").

Estes dispositivos ferem os direitos do autor que a lei deveria defender e contrariam aquilo que é garantido pela Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 5, inciso XXVII:

"aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar."

Ainda que reconheçamos pontos positivos, como a inclusão de um capítulo tratando especificamente da reprografia (Capítulo IX, que ainda carece de reparos), o fato é que estes possíveis avanços são neutralizados por outros dispositivos, como o já citado parágrafo único do Artigo 46. Surpreende-nos também que sejam incluídos dispositivos que reduzem as penalidades de possíveis infratores e outros que passam a penalizar os detentores de Direitos Autorais, invertendo o propósito da lei. Outro motivo de estranheza é que, apesar de o surgimento de novas tecnologias de reprodução e disseminação de obras autorais ser uma das principais alegações para as mudanças na atual Lei de Direitos Autorais, vários dos dispositivos passam ao largo destas mesmas inovações, não considerando, por exemplo, o livro eletrônico, a remuneração por download ou a impressão por demanda.

Os associados da AEI-LIJ acreditam que os livros de literatura infanto-juvenis são obras culturais indispensáveis à formação do leitor e do cidadão, e contribuem para o desenvolvimento nacional. Para garantir e expandir a produção deste gênero de obras literárias deve ser assegurado a autores e editores o retorno financeiro necessário à subsistência. Práticas como as cópias ou uso não autorizado de obras literárias (incluindo suas ilustrações), mesmo que parcialmente, sem a justa e necessária contrapartida a seus autores configuram ato danoso à produção literária. A Lei de Direitos Autorais deve ter o compromisso de garantir que autores, empresas e profissionais da área tenham o direito de sobreviver de seu trabalho. Isto deve ser proporcionado por meio da formulação de leis que sejam claras e eficientes na manutenção do direito à comercialização a preços justos e acessíveis à sociedade, ou mesmo de seu livre acesso, desde que garantida a remuneração necessária de seus autores. Sem este compromisso, a produção literária no Brasil corre o sério risco de sofrer uma perda irremediável de qualidade.

Tal como se apresenta, o Anteprojeto provocará desestímulo à produção intelectual, artística e literária no país, motivo pelo qual consideramos necessário buscar maior equilíbrio entre os direitos de quem produz e os de quem se beneficia desta produção, o que, certamente, ainda não foi alcançado no atual Anteprojeto.

Sem mais para o momento, agradecemos a atenção.

Cordialmente,

Anna Claudia Ramos              Maurício Veneza
     Presidente                              Vice-presidente

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Para marcar na agenda

As novidades se acumularam pela semana. Queria ter postado uma a uma, por dia, mas faltaram ponteiros no relógio. Com isso, ele se descontrolou e deu uma acelerada. :)

Então, vou agrupar aqui alguns eventos para vocês marcarem na agenda.



Dia 2 de agosto, às 17 horas, acontecerá a abertura da IX Jornadas Andinas de Literatura Latino Americana, JALLA Brasil 2010. Um evento com palestrantes de vários países e grande grade.

Fará parte deste evento a querida amiga e escritora Lucia Bettencourt.

E ainda com a presença da amiga Lucia Bettencourt e vários outros grandes autores, tem novidades digitais por aí. A Revista Eletrônica Histórias Possíveis (http://historiaspossiveis.wordpress.com/) de contos agora será lançada como livro digital (eBook) pela KindleBookBr. Custa R$ 18.



E para quem estiver no Rio, ainda dá tempo de aproveitar os cursos de férias da Estação das Letras. Amanhã e sábado haverá a Oficina "A Estrutura do Romance", com João Silvério Trevisan.


domingo, 18 de julho de 2010

Sobrecapa faz 1 ano com a Promoção "Mundos de Eufrásia" de Claudia Lage



Amanhã o meu site Sobrecapa completa 1 ano. Ele nasceu assim, num domingo, discreto, com a divulgação do lançamento do romance Mundos de Eufrásia, de Claudia Lage. Não para divulgar apenas uma data solta de um lançamneto, mas para dar um espaço mais amplo aos escritores e ao que eles estão trazendo ao mercado. Afinal, foram meses de trabalho. No caso da Claudia, seis anos.

E é mais do que isso que o Sobrecapa tenta fazer: aproximar leitores e escritores. Estamos acostumados demais a abrir jornais e revistas e encontrar resenhas de escritores estrangeiros. Vamos valorizar os tesouros que estão ao nosso lado.


E ele não podia ter começado melhor, pois o romance Mundos de Eufrásia é finalista do Prêmio São Paulo de Literatura.
 
E para comemorar o aniversário, eu que já tenho uma super parceria com o site da Paula Cajaty, consegui uma parceria especial com a Editora Record. Essa 


Então aproveitem a promoção que estamos fazendo, sorteando 5 (cinco) exemplares do romance "Mundos de Eufrásia", de Claudia Lage.
 
Para conhecer mais sobre o livro, leia a divulgação que fizemos no Sobrecapa e a resenha de Cristiane Brasileiro, publicada no Prosa & Verso (O Globo).


Para participar da promoção, envie por e-mail, até 23 de julho (sexta),

seu nome e cidade, para sobrecapa@anacristinamelo.com.br,

colocando no campo assunto “Promoção Mundos de Eufrásia”.

Cinco exemplares serão sorteados entre os leitores que participarem da promoção.

No dia 24 de julho divulgaremos os números com os quais cada participante concorrerá no sorteio da Loteria Federal da Caixa Econômica do próprio dia 24/07. O resultado será divulgado até o dia 25 de julho.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Clipping da semana

Tem umas matérias que li que deu logo vontade de compartilhar com vocês. Não vai dar para comentá-las como gostaria, mas pelo menos fica registrado o clipping.

Fonte: PublishNews (08/07/2010)

“Compre um livro, salve uma livraria”
Editora resolve receber originais, mas desde que os aspirantes a escritor provem que compraram um livro

O mercado editorial está agitado com o recente anúncio da Tin House, uma repeitada editora indenpendente, que vai começar a receber originais não solicitados – coisa rara nos dias de hoje. Entretanto, tem uma pegadinha aí. Cada envio deve ser acompanhado de um recibo de livro. “Compre um livro, salve uma livraria” é o slogan. No artigo publicado no The Huffington Post, Melanie Benjamin, pseudônimo da escritora Melanie Houser, diz que o que mais a agrada é a implicação de que se você quiser ser publicado, você precisa estar lendo, e esta é uma maneira não tão sutil de uma editora saber se um aspirante a autor está fazendo isso ou não. E ela continua: Eu amo quando autores me pedem conselhos. Mas a primeira coisa que faço é perguntar “Qual foi o último livro que você leu?” Você ficaria surpreso com a quantidade de olhares para o nada e coçadas na cabeça que eu recebo como resposta. Você ficaria supreso com a quantidade de gente que responde O sol é para todos ou O grande Gatsby, ou algo do gênero - que eles leram no último ano do colégio e que foi publicado há mais de 50 anos. Você ficaria surpreso, em outras palavras, como alguém que quer publicar um livro na realidade não leu nenhum... em muito tampo. Para continuar lendo (em inglês), clique aqui.

Fonte: PublishNews (12/07/2010)

TV Record vai fazer Machado de Assis viajar no tempo
Docudrama deve ir ao ar no segundo semestre

Folha de S. Paulo - 12/07/2010 - Clarice Cardoso


Depois de levar ao ar adaptações de histórias de Machado de Assis, como Os óculos de Pedro Antão (2008) e Uns braços (2009), a Record prepara um docudrama que dá um curioso superpoder ao autor de Dom Casmurro: o de viajar no tempo, informa a coluna Outro Canal. Na trama, que está sendo coproduzida mais uma vez pela Contém Conteúdo, o escritor será transportado para o ano de 2010. Nos dias atuais, ele será recebido com ceticismo na ABL, onde será sabatinado pelos colegas imortais, que desconfiam se tratar de um impostor. Passagens da vida de Machado serão então dramatizadas de acordo com as respostas corretas que ele der a respeito de si mesmo e da própria biografia. O telefilme está previsto para ir ao ar no segundo semestre deste ano e será gravado no Rio de Janeiro.
 
Livros numerados

Foi difícil, mas a recém-criada Faces encontrou uma gráfica que topasse a numeração e uma distribuidora que fizesse o controle do destino de cada lote

O Globo - 10/07/2010 - Mànya Millen e Miguel Conde
A recém-criada editora Faces resolveu quebrar um tabu do mercado editorial e numerar cada exemplar dos seus lançamentos. Velha reivindicação de autores brasileiros, por impedir que as editoras façam novas tiragens sem comunicálos (e portanto sem recolher os direitos autorais), a numeração costuma ser descartada pelas empresas nacionais como inviável devido ao tempo e investimento necessários, informa a coluna No Prelo. Dona da Faces, a empresária Bia Willcox diz que foi difícil encontrar uma gráfica que topasse a numeração e uma distribuidora que fizesse o controle do destino de cada lote. O primeiro título da editora será o romance Pandemonium, de Zeca Fonseca, que vai para as livrarias em agosto com orelha de Tony Bellotto, quarta capa de Zélia Duncan e tiragem de 2 mil exemplares. Todos numerados.
 
Marília Pêra adapta contos de padre Fábio de Melo

Peça será montada pela atriz em parceria com Ana Botafogo


O Globo - 11/07/2010 - Joaquim Ferreira dos Santos

Marília Pêra adapta contos dos livros Mulheres cheias de graça e Mulheres de aço e flores, do padre Fábio de Melo, para peça que montará com Ana Botafogo, conta a coluna Gente Boa. “Elas são católicas”, diz Marília, “mas os textos falam dos desejos e anseios dessas mulheres, e isso interessa a todas as outras”.
 
Jô contra o acordo ortográfico

Durante o programa, apresentador assina manifesto liderado por Ernani Pimentel

Folha de S. Paulo - 09/07/2010 - Clarice Cardoso
Jô Soares aproveitou a gravação do "Programa do Jô" para assinar um manifesto contra a nova ortografia, comenta a coluna Outro Canal. O objetivo do movimento, liderado pelo professor Ernani Pimentel, é o de rever equívocos criados pelo novo acordo ortográfico.
 
Fonte: PublishNews (13/07/2010)


A decisão pela leitura crítica

Marisa Moura dá dicas para quem decide tomar a dianteira e contratar os serviços de um leitor crítico ou parecerista antes de enviar sua obra para alguma editora

Ao ouvir depoimentos de autores sobre a criação de seus textos, perceberemos que a maioria recorre à opinião alheia sobre sua mais recente obra. Logo após o (primeiro) ponto final, isto é, da primeira vez que se considera o texto pronto, parece existir uma urgência em descobrir se a história realmente vale ser contada — ou melhor, se vale ser publicada.


Mas quem os autores consagrados escolhem para ser seu leitor crítico? Isso varia de caso para caso; pode ser um colega, um especialista em literatura, um editor em quem eles confiam ou também seu agente literário. Enfim, “o escolhido” deve ser, basicamente, um leitor voraz e, além disso, que reconheça que, como Walter Benjamin afirmou no artigo O Narrador, que “a experiência que passa de pessoa a pessoa é a fonte a que recorreram todos os narradores”.

A Página da Cultura já escutou inúmeras revelações de autores brasileiros — e leu depoimentos de outros tantos estrangeiros — dizendo que só depois de saber da opinião de seu “leitor de confiança”, aquele que é uma espécie de representante de todos os outros que virão, é que eles enviam o texto para seu agente ou editor.

Porém, não é só o autor que busca uma opinião ou um parecer crítico sobre o texto, as editoras também possuem uma equipe (interna ou externa) de pareceristas para analisarem todos os livros que irão publicar. Desde as obras literárias até as técnicas, todos os textos passam por essa análise, e os aspectos avaliados são muitos: qualidade do texto, estrutura da obra, veracidade de informações, viabilidade econômica de publicação, interesse do mercado pelo assunto etc. As editoras pagam por esse serviço.

Em alguns casos, erros — mesmo que simples — nas primeiras páginas do texto original impedem que este chegue às mãos de um parecerista. E o autor acaba perdendo uma boa oportunidade, pois o parecerista é quem destacaria todos os aspectos positivos e negativos da obra, de acordo com a linha editorial das publicações da editora. Por isso, muitas vezes, compensa realizar uma leitura crítica prévia de seu livro.

Claro, que muitas dessas primeiras leituras já fizeram julgamentos equivocados, por exemplo, o editor que negou a obra Madame Bovary, por entender que Gustave Flaubert não era um escritor. Muitas outras histórias semelhantes são relatadas em Rotten reviews and rejections – A history of insult, a solace to writers, publicado pela WW Norton. Outro caso recente foi o da escritora JK Rowling, em que o livro Harry Potter e a pedra filosofal teve oito respostas negativas antes de ser publicado pela Bloomsbury, na Inglaterra.

Assim, caso você decida tomar a dianteira e contratar os serviços de um leitor crítico ou parecerista antes de enviar sua obra para alguma editora, saiba o que é preciso considerar:

Contrate o serviço de uma empresa de editoria ou de um profissional experiente, que seja referência no gênero que você escreve. Escolha um leitor crítico que não só conheça muito sobre o tipo de texto que você produz, mas que também entenda como ele é aceito no mercado.

Informe-se sobre a distinção entre a leitura crítica (parecer crítico), preparação e revisão de texto. Sabendo o que significa cada serviço, você poderá entender qual deles você realmente necessita e contratar aquele que corresponderá aos seus anseios.

Trabalhe muito no texto para que sua obra seja destacada como um produto excelente, mesmo antes de tentar um agente literário. Pois, se deseja se incluir no grupo de autores agenciados, saiba que há muitos outros autores tentando o mesmo feito que você, e que a primeira impressão de sua obra será determinante para que você seja selecionado entre tantos outros autores.

Os editores americanos, que preferem trabalhar com obras enviadas por agentes literários, criaram a expressão slush pile para designar a imensa quantidade de originais não solicitados que chegam às editoras. No Brasil não é diferente, basta visitar a sala de um editor para ver a quantidade de livros e manuscritos que estão ali, empilhados em um canto, à espera de uma análise rápida, a chamada “leitura diagonal”. Essa é mais uma razão para que você apresente o melhor texto possível a uma editora.

A leitura crítica é realizada por profissionais que conhecem muito os textos que já estão disponíveis no mercado. Fatalmente, ao analisar sua obra, o parecerista desconfiará ou descobrirá se as ideias do seu texto já estão circulando no mercado em outras obras. E é fundamental para o sucesso de sua obra saber se já escreveram sobre o que você está se propondo a escrever.

Viver a experiência de obter uma leitura crítica de sua obra implica, antes de qualquer coisa, em entender claramente que tudo o que o parecerista expõe em seu relatório nada mais é do que aquilo que ele compreendeu e/ou absorveu da obra lida. Assim, antes de contestar a análise recebida ou simplesmente alterar de imediato o texto, reflita sobre esse feedback, lembrando que foram as palavras escritas por você que levou àquela interpretação do leitor crítico.

Marisa Moura, Na coluna Meio de campo, publicada quinzenalmente, sempre às terças-feiras, refletiremos sobre o trabalho do agente literário, um profissional atuante nas negociações de direitos autorais internacionais e nacionais e já presente no mercado editorial brasileiro.

domingo, 11 de julho de 2010

Lucia Bettencourt: em defesa dos contistas

Hoje, sempre correndo, parei e li um belo post da querida amiga e escritora Lucia Bettencourt, em seu blog Nadanonada (http://nadanonada.blogspot.com/).

O post tem o título "Em defesa dos contistas" e fala exatamente dessa visão preconceituosa que se tem com o gênero. Vide os próprios prêmios literários.

Acho que o problema está exatamente nessa palavrinha: preconceito. É preciso entender que literatura não aceita preconceito, nem de sexo, nem de idade, muito menos de gênero. Quem ama o texto, principalmente o texto bem escrito, vai amar ler um livro infantil, um livro juvenil, um livro de poesias, de contos, uma novela ou um romance.

Mas tenho esperanças e acho que mudanças estão a caminho. Veja o exemplo da campanha "Mãe, lê para mim?". Daqui a pouco teremos anúncios de livros na televisão, da mesma forma que anunciam feirão de carros zeros.

Para vocês curtirem também o post da Lucia, dê um pulinho lá no blog dela: http://nadanonada.blogspot.com/2010/07/em-defesa-dos-contistas.html.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Meu sentimento de perda com a morte de Sergio Klein

Por mais conectada que eu tente ficar, é impossível saber de tudo, ler tudo. Sábado foi um dia que dei aula de 8h às 16h. Depois fui para o shopping fazer um programa mãe e pai com filhos. Acessei rapidamente o Facebook, respondi e-mails e o sábado foi embora.

Talvez se fosse uma notícia de primeira página dos principais jornais eu tivesse visto. Mas certamente não foi. E eu não fiquei sabendo, até agora à noite, quando descubro que o escritor infantojuvenil Sérgio Klein, de apenas 46 anos, faleceu no último sábado. O motivo: uma infecção generalizada causada pela bactéria Staphylococcus aureus, que entra no organismo pela pele e é altamente destrutiva.

Mas não é de morte que eu quero falar, deixando minha homenagem a ele. É de vida. É da vida que ele deixou na literatura. Uma literatura vasta, apaixonante, cativante, que eu li quase toda. Li e indiquei ao meu filho, que virou fã dele também. Meu tesouro está dormindo agora, nem sabe do que aconteceu. Só saberá amanhã de manhã, quando esse post já será notícia velha.

Sérgio publicou a série Poderosa com a grande personagem Joana Dalva. Publicou as aventuras de Biel em Tremendo de Coragem e tantas outras. Publicou literatura da forma mais doce, da forma mais amorosa, da forma mais completa. Literatura para os jovens e para os adultos que simplesmente amam ler.

O blog da Editora Fundamento deixa uma mensagem final. E fala que Sérgio era um autor que acreditava no poder transformador das palavras. E eu acredito que ele era assim.

Sérgio, eu não te conheci pessoalmente, eu só conheci o mágico que criou belas histórias e encantou muitas crianças. O sonhador que sonhou um mundo de leitores e transformou esse sonhos em ficção da mais pura.

E é com lágrimas nos olhos, por uma tristeza que não tem nome, que te digo: obrigada pelo que você deixou. Que você esteja numa nuvem bem bonita, encantando os anjos com suas histórias. Fique com Deus.

Última entrevista de Saramago vai virar livro

Grande notícia. A Editora Usina de Letras (http://www.editorausinadeletras.com.br/) que lançou o meu Caixa de Desejos irá lançar em livro a última entrevista de Saramago, concedida pouco antes de sua morte, ao escritor português José Rodrigues dos Santos.

O assunto do livro, que recebe o título de A última entrevista do Saramago, é a literatura.

A notícia saiu hoje no Jornal O Globo.

Meus parabéns ao novo projeto da minha querida Editora, que trata com tanta atenção e cuidado não só os livros que edita como os seus autores.

Mãe, lê para mim?

Li hoje uma matéria no PublishNews e precisei dividir com vocês. A matéria, na íntegra, está em azul, no final do meu texto.

Lá em casa, rotina é uma palavra em desuso. Mas, se para algumas coisas isso complica, para outras é legal, pois sempre podemos reinventar. Eu lembro bem que contava histórias para o meu filho. Mas era sempre uma história inventada. Como eles sempre foram difíceis para dormir, tinha que ir preparando o ambiente para o sono chegar. Então tinha que ser à meia-luz. Assim, não dava para abrir um livro.

Com minha filha segui na mesma linha. Já enroscadinhas uma na outra, eu inventava alguma coisa. Agora, tento fazê-la pegar no sono na cama dela. Para isso, algumas vezes canto, outras abro um livro e conto uma história. Mas não dá para ela acompanhar. Tem que ser ouvindo, de olhinho fechado, para curtir e adormecer. Nas últimas semanas, ela tem pedido para eu criar uma história. Invento um título e daí tenho que desenvolver em cima do título. E ela sempre me pede qual vai ser a história do dia seguinte. E me vejo inventando um título do nada, para depois usar toda a minha imaginação para transformá-lo num relato.

E já teve uma vez que tive que aturar a zoação do meu filho, dizendo que eu estava com preguiça de pensar num final melhor. rsrsrs Amei isso. É a melhor parte, a que liga mãe e filho, na história e na brincadeira. Deixar para eles sempre a sabedoria que história, livro é uma magia especial. Não tem que ter rotina ou ter obrigação. Seja pequeno, adolescente ou adulto. Livro é amor. Literatura é encantamento.

Meu maior orgulho é ver minha filha, que está aprendendo a ler, pegar um livro por sua própria vontade, sentar e ler para mim. Ou meu filho, com seus livros que ele leva para a escola, para usar na hora do intervalo. Ou leva para os nossos passeios, porque está tão bom que não pode parar de ler.

É assim que começa...

Que várias mães leiam para os seus filhos, mas leiam com amor. Leiam história pronta ou inventada. Leiam como quem penteia um cabelo ou dá um banho bem gostoso. Deixem livros espalhados pela casa, como quem deixa brinquedos. Crie a sua biblioteca, para que eles cheguem, peguem, toquem, amassem, incorporem às suas vidas.

Boa leitura para vocês.

Campanha "Mãe, lê para mim?" já está no ar
TV Globo apoia campanha nacional de incentivo a leitura

PublishNews - 06/07/2010 - Redação

Durante todo o mês de julho, a campanha “Mãe, lê pra mim”, do Instituto Pró-livro, será veiculada pela Rede Globo em spots de 30 segundos. Neles, artistas, formadores de opinião e outras pessoas darão seus depoimentos testemunhando como o incentivo à leitura dentro de casa influencia no processo de ler por prazer. O destaque é o ator Tony Ramos, que fala sobre a importância da leitura em sua vida. “A campanha nasceu a partir da análise dos dados da segunda edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, a qual indica que 73% das crianças têm em suas mães a maior influência no hábito da leitura”, comenta Zoara Failla, gerente de projetos do Instituto Pró-Livro. O projeto do vídeo foi concebido durante a Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, em 2009. Durante os dez dias do evento foram recolhidos depoimentos dos visitantes falando sobre quais foram seus principais incentivadores da leitura. Para ampliar a área de abrangência do “Mãe, lê pra mim?”, além de ampla divulgação na mídia, o IPL, com o apoio do Ministério da Cultura e o Plano Nacional do Livro e Leitura, distribuirá os vídeos da campanha em Pontos de Leitura do Programa Mais Cultura do Minc e juntamente com mais de quatro mil obras de literatura infantil e juvenil que beneficiarão 600 famílias. Para conhecer mais sobre a campanha, assista ao vídeo.


domingo, 4 de julho de 2010

Agentes de leitura

Uma matéria que li essa semana me trouxe à reflexão. Primeiro vamos a ela, depois aos meus comentários.


O Ministério da Cultura lançou editais para a seleção e formação de novos agentes de leitura. O público beneficiado será de jovens leitores de comunidades carentes que receberão uma bolsa mensal de R$ 350 para incentivar seus vizinhos a ler.

Os editais começaram a ser publicados em junho e seguem até agosto, descentralizando as inscrições por várias cidades.

O projeto, integrante do Programa Mais Cultura, foi inspirado na experiência do Ceará, criada em 2005 pelo Governo do Estado. Os agentes de leitura são jovens entre 18 e 29 anos, com ensino médio completo, situados, preferencialmente, em um contexto sócio-econômico do programa Bolsa Família, selecionados por meio de uma avaliação escrita (interpretação e produção textual), fluência de leitura e uma entrevista domiciliar.

Cada jovem irá cadastrar um grupo de até 25 famílias de sua comunidade, com as quais vão desenvolver atividades de empréstimos de livros, rodas de leitura, contação de histórias, criação de clubes de leitura e saraus literárias abertos à população.

Leia a matéria completa no blog Mais Cultura.

Pois bem, essa iniciativa de criar agentes de leitura me fez pensar na seguinte questão:

o quanto nós temos feito o papel desses agentes?

Sim, nós lemos muito, sem dúvida, amamos ler, mas o quanto incentivamos essa leitura no próximo?

Falamos dos livros estrangeiros, do quanto eles invadiram as livrarias, as mídias, mas se isso está acontecendo é porque temos leitores que estão atuando como agentes. São leitores comuns que não só leem, mas divulgam o que leem, sem preconceitos. Que comentam com o colega de trabalho, com a amiga, com o vizinho, que carregam seu livro no ônibus, no metrô. A própria mídia ao divulgar sua lista de mais vendidos, com estrangeiros, está atuando como agente de leitura.

E nós? Quando foi a última vez que comentamos um livro que lemos? Quanto da nossa literatura estamos consumindo por mês? Quantas obras brasileiras temos comprado e ofertado como presente?

Esse final de semana consegui rearrumar minha biblioteca. Separei as prateleiras para autores estrangeiros e nacionais. E duas outras especialmente para os infantojuvenis. Fiquei orgulhosa de ver que adquiri muito mais literatura nacional do que estrangeira.

Não só adquiri, como leio e divulgo os autores nacionais. E bastante. Mas vi também que cometo o mesmo pecado de comentar pouco com o colega de trabalho, de preferir outros presentes aos livros, principalmente quando sei que o presenteado não tem hábito de leitura. E não seríamos nós que devíamos dar o primeiro passo?

Para alguém que não tem o hábito de leitura, que tal escolher aquele romance que flui, que instiga, que prende, que faz ter vontade de procurar outras leituras.

Amar os livros é divulgar também. Exatamente do tamanho dos livros gigantes que vão tomar conta de São Paulo, na primeira semana de agosto. Livros com mais de 1,80 de altura que vão chamar a atenção para a Bienal do Livro que começa dia 12 de agosto.

É isso. Não se pode ter vergonha para falar de literatura. Não se pode ter preconceito. O mesmo preconceito que rege outro projeto: o Projeto "Livros de Rua" que na última quarta-feira (dia 30) distribuiu, de graça, mil livros na Central do Brasil (RJ, capital). Quem ia pegar um trem, podia voltar para casa lendo. Foram livros para todos os gostos: romances, obras científicas, auto-ajuda, didáticos, religiosos, infantojuvenis. O único compromisso desse leitor conquistado e fisgado era passá-lo adiante.
 
É isso: passar adiante. Temos que passar esse amor adiante. Lemos um livro, gostamos dele, então vamos falar dele. Vamos indicar. Seja nos nossos blogs, para o colega do trabalho, para o vizinho, para o desconhecido. Principalmente se esse livro for contemporâneo e nacional.
 
Quem vem comigo ser um agente?

Aniversário e promoção do romance "Se eu fechar os olhos agora"

A ideia do meu site Sobrecapa surgiu no ano passado. Nasceu aqui no Canastra de Contos, com as notícias de lançamentos literários que eu divulgava. Pegava nos cadernos literários, ia para o Google, pesquisava nome de editora, gênero e trazia as informações completas.

Aí decidi criar um cantinho só para isso, só para trazer aos leitores o que estava saindo do forno. Os escritores têm um trabalho danado para colocar as ideias no papel, passam meses escrevendo, corrigindo, lapidando. E quando esse texto ganha as páginas impressas, saem do forno para as livrarias, é justo que mereça um destaque à altura, não é?

É isso que o Sobrecapa tenta fazer: dar o espaço que os nossos escritores merecem. E mais do que isso: aproximar leitores e escritores. Estamos acostumados demais a abrir jornais e revistas e encontrar resenhas de escritores estrangeiros. Vamos valorizar os tesouros que estão ao nosso lado.

Dia 19 de julho, o Sobrecapa faz 1 aninho. E para comemorar esse aniversário, eu que já tenho uma super parceria com o site da Paula Cajaty, consegui uma parceria especial com a Editora Record.

Posso dizer que o Sobrecapa é pé-quente ou tem um bom faro para apostar em obras que esbanjam qualidade. Várias obras que se tornaram finalistas dos Prêmios Portugal Telecom e Prêmio São Paulo de Literatura foram divulgados no Sobrecapa.

E para relembrar e aproximar os leitores de algumas delas, sortearemos nas próximas semanas dois desses romances finalistas.



Primeiro sortearemos 5 (cinco) exemplares do romance “Se eu fechar os olhos agora”, de Edney Silvestre.


Para conhecer mais sobre o livro, leia a divulgação que fizemos no Sobrecapa e a resenha da escritora Lúcia Bettencourt, publicada no Caderno Ideias (JB).

Para participar da promoção, envie por e-mail, até 09 de julho (sexta), seu nome e cidade, para sobrecapa@anacristinamelo.com.br, colocando no campo assunto “Promoção Se eu fechar os olhos agora”.

Cinco exemplares serão sorteados entre os leitores que participarem da promoção.


No dia 10 de julho divulgaremos os números com os quais cada participante concorrerá no sorteio da Loteria Federal da Caixa Econômica do próprio dia 10/07. O resultado será divulgado até o dia 11 de julho.

domingo, 27 de junho de 2010

Blogs amigos

Tenho me sentido em falta com os blogs dos amigos. Há semanas que mal consigo atualizar os meus e cuidar do meu livro. Ler outros blogs têm sido impossível. Então, pensei que hoje seria um post interessante falar de alguns desses espaços. Não dá para citar todos, então optei por alguns que publicam artigos literários e/ou crônicas com frequência.

Mas saibam que meus cantinhos preferidos estão todos aí ao lado. Então, fiquem sempre à vontade para olhar, entrar e curtir.

1. Todoprosa, do escritor e jornalista Sérgio Rodrigues

Estávamos há um mês sem os posts diários do escritor e jornalista Sérgio Rodrigues, com seus textos às vezes irônicos, às vezes apenas divertido, às vezes para nos fazer parar e refletir. Isso porque ele estava de mudança.

Agora o blog Todoprosa (http://www.todoprosa.com.br/) está nos domínios da Veja. Ele será atualizado às segundas, quartas e sextas. Mas não pensem que ficaremos sem textos do Sérgio nos outros dias, pois ele estreia também o blog Sobre Palavras (http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras) nos fazendo companhia às terça, quintas, sábados e domingos.

2. Vida breve (http://vidabreve.com/)

Todos conhecem o Jornal Rascunho, não é? Mas não sei se todos conhecem o site de crônicas criado pelo Luis Henrique Pellanda e Rogério Pereira, editores do Rascunho. Eles possuem um time fixo de cronistas e ilustradores (que dão vida gráfica a cada crônica), que publicam diariamente.

Na equipe dos cronistas (de seg a dom, respectivamente): Rogério Pereira, Eliane Brum, Fabrício Carpinejar, Luis Henrique Pellanda, Tatiana Salem Levy, Ana Paula Maia e Humberto Werneck.
No time dos ilustradores (de seg a dom, respectivamente): Tereza Yamashita, Ramon Muniz, Cinthya Verri, Simon Drucroquet, Felipe Rodrigues, Osvalter e Robson Vilalba.

Os textos são ótimos. Antes do lançamento de Caixa de Desejos, eu estava lá toda semana, às vezes com alguns dias de atraso, mas batia meu ponto. Estou sentindo falta, mas aos poucos volto ao normal. Vale a pena curtir diariamente cada crônica.

3. Nadanonada, da escritora Lucia Bettencourt (http://nadanonada.blogspot.com/)

Lucia não tem regras para escrever. Talvez sua única regra seja encantar seus leitores. A leitora aqui virou amiga, admiradora. Já lhe disse algumas vezes que toda vez que ela viaja, eu viajo junto. Pois seus diários de bordo são verdadeiras novelas. Vale a pena ficar de olho nos posts do Nadanonada. São textos de grande delicadeza e que revelam a imagem especial que a Lucia tem do mundo e da vida.

4. A literatura na poltrona, de José Castello (http://oglobo.globo.com/blogs/literatura/)

Para quem tem o costume de ler a coluna de Castello no Prosa e Verso, sabe bem o que vai encontrar em seus textos. Ele não afirma, não determina, ele instiga, cria ligações, nos leva além do texto, a um outro universo onde tudo se liga.

Há alguns meses, Castello nos deu um presente, artigos periódicos, falando de literatura, publicados num blog próprio. É essa a sensação, de estarmos sentados numa poltrona, ouvindo-o falar de literatura. Aliás, para quem não leu seu livro, de mesmo título, aconselho.

5. Site da escritora Paula Cajaty (http://www.paulacajaty.com/)

Semanalmente, a Paula nos oferece sua newsletter com tudo que está acontecendo de eventos literários. Mas Paula também resenha livros, escreve poemas (muito bem!). Por isso, vale sempre passar por lá, se inscrever e ficar de olho no que está sendo publicado.

6. Doidivana, da escritora Ivana Arruda Leite (http://doidivana.wordpress.com/)

Ivana é uma grande ficcionista, que sempre nos encanta em qualquer gênero. Em seu blog, é possível acompanhar suas aventuras literárias, mas também ler um pouco de seus textos, não só os contos, mas algumas crônicas que ela escreveu para a Folha e tem compartilhado conosco.

Vale passar por lá e curtir o mundo literário pela visão da Ivana.

7. Pentimento, do escritor Marcelo Moutinho (http://www.marcelomoutinho.com.br/blog/)

Marcelo é escritor, jornalista e uma pessoa antenadíssima com a cultura. Seus posts são rápidos, mas dão grandes dicas do que está acontecendo na vida cultural da cidade. Vale a pena circular também pelo site.

8. Melhores palavras, da jornalista Anaik Weid (http://melhorespalavras.blogspot.com/)

Anaik tem uma visão toda especial do mercado literário. Não só a visão da jornalista, mas a visão da leitora, de quem vê, se envolve e participa. Seus textos nos instigam. Muito bom, sempre. Vale a pena curtir suas melhores palavras.

9. Site do escritor André Giusti (http://www.andregiusti.com.br/blog/)

Conheci o André Giusti depois de ler seu último livro de contos. Um trabalho maravilhoso. Ganhou uma fã de seus textos, que não encantam apenas nos contos, mas nas crônicas que ele publica em seu site. Vale a pena ler seus textos diários e navegar por todo o site. Uma visão segura e muito bonita do mundo, seja literário ou não.

A quantidade de tarefas e a redução de tempo me afastou da vida social virtual. Mas, para me redimir, deixo aqui essas dicas. Vale a pena.

Para quem ainda tem um tempinho diário, dê uma passada em cada um deles. Leiam os textos, comentem e curtam. E depois visitem minha seção ao lado e vejam outros blogs que estão publicando.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A lucidez de Ziraldo


Como diz a reportagem da EPTV.COM, Ziraldo dispensa apresentações. Posso lembrar ainda hoje da sensação em ler "O Menino Maluquinho". Há tantas lembranças da minha infância que desenham o quadro da minha paixão pela literatura. Certamente, o mais conhecido livro de Ziraldo teve a sua parte.

Nesse final de semana, ele esteve na 10ª edição da Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto. Esteve, falou e marcou, num bate-papo que transitou entre o tema da convivência entre pais, educação e cultura.

Ele acredita que o futuro está nas mãos das crianças de 6 a 7 anos. Olho minha filha de cinco anos e posso dizer "isso é uma verdade". Uma criança nessa idade é um ser completo, que pensa, que raciocina, mas que tem muito a aprender. Mas o interessante é que está sempre aberto a aprender. Não tem medo, não tem preconceitos. Esses são conceitos que vêm muito depois. Quem já conheceu minha pequena se espanta com sua desenvoltura e cara-de-pau, ouso afirmar. Meu filho também era assim na idade dela. Fruto de muita conversa e muito amor. Aí está o ponto delicado: precisamos amar nossas crianças, para que possamos entregar o mundo nas mãos de pessoas emocionalmente equilibradas.

Ziraldo também disse que é melhor escrever para as crianças do que para adultos, pois os escritores de LIJ têm em troca o olhar. Concordo com ele. Há mais disponibilidade, mais entrega dos pequenos e jovens. Quando digo que meu livro é para jovens de 10 a 100 anos, é porque ele só pode ser apreendido completamente por quem esteja com o coração aberto. E um coração em condições de se entregar. É preciso baixar as armas, sonhar e acreditar nos sonhos. As crianças têm esse poder. Os jovens têm esse poder. Os adultos, muitas vezes, esquecem disso.

Destaco o trecho em que a matéria reporta o que ele falou sobre Literatura. Criar é uma bênção. Transformar uma ideia em um livro é um trabalho especial. Sinto-me gratificada em conseguir fazer isso.

“Esses dias eu estava lendo os 100 livros que você precisa ler antes de morrer. Eu fiquei tão triste porque eu teria que viver mais tempo pra poder botar a lista em dia. Claro! Porque descobri que quando se chega aos 65 anos, você é uma pessoa anciã. Então eu sou um ancião”, brincou.

Sobre o fato de as ideias se transformarem em livros fascinantes que há anos embalam várias gerações, Ziraldo afirmou que a criação é fabulosa. “Criar é fantástico, porque depois que faz uma vez, você liga na tomada e tudo o que você vê ou ouve, você pensa: Ih, isso dá livro. É igual a quem faz samba. O cara vê uma folha caindo da árvore e vira música. A gente faz livro pra gente, pra tirar aquela ideia da cabeça e caprichar. E o livro vai fazer sucesso quando ele tem alguma coisa em comum com o leitor. A melhor mensagem, o grande prêmio que eu posso receber é alguém chegar pra mim e dizer: ‘O meu filho dorme abraçado com o seu livro’. Isso me realiza como autor”, afirmou.


Pois é isso mesmo. Nosso maior prêmio é o reconhecimento do leitor. É ouvir que ele se identificou com a história, com os personagens, que nosso livro o levou para outros momentos da vida, resgatou lembranças boas.


Ziraldo acredita ainda que hábito de leitura tem que nascer em casa. Ele diz "Não deixem seus filhos irem para o computador sem passar pelo livro". E aconselha tirar o computador do quarto, colocando-o em algum outro lugar da casa, no qual todo mundo veja.

E para fechar, Ziraldo diz que para criar adolescentes basta compreendê-los. Taí, outra opinião muito lúcida. E eu acrescentaria, basta compreendê-los e olhar para eles. Muitas vezes basta olharmos atentamente, para percebermos que algo está errado.

Para ler a matéria completa, acesse http://eptv.globo.com/lazerecultura/lazerecultura_interna.aspx?303388.

domingo, 20 de junho de 2010

Programa Petrobrás Cultural

Foram liberados novos editais do Programa Petrobrás Cultural.

Entre eles, o que nos interessa e muito: o de Literatura.

sábado, 19 de junho de 2010

Semana de reflexões

Essa foi uma semana igual e diferente.

Igual pois terminava minhas pequenas férias de dez dias, e me encontrava na mesma correria, a mesma falta de tempo ou, começo a me convencer cada vez mais, meu excesso de atividades.

Percebi essa semana como estamos vivendo e nos sufocando em meio a tantas informações, a tantas fontes de informações. Se pensarmos direito, a necessidade de obter a informação em tempo real não pode fazer bem. Passo um dia sem entrar no Facebook e, ao entrar, me deparo com mais de 300 mensagens postadas. Vejo minha caixa de e-mails, tem mais de 500 mensagens não lidas. Olho minha lista do "a fazer", e tem tarefas atrasadas há mais de um mês.

Impossível acompanhar tudo, curtir tudo, comentar tudo. Há semanas não consigo acompanhar os blogs dos amigos. E, no meio do meu sentimento de culpa, concluo algo muito simples, mas que às vezes passa desapercebido: somos um só. E temos que ser um só para viver feliz.

Como se houvesse uma sintonia na natureza, para nos mostrar caminhos, dirigia para um encontro com amigos escritores, quando ouvi na JB FM que cientistas dizem que estamos sofrendo mutações por excesso de informações. Procurei depois algo a respeito e encontrei exatamente a matéria no O Globo dizendo que "Excesso de informações provocado pelo avanço da tecnologia altera capacidade de concentração".

A reportagem diz que "a tecnologia está remodelando nosso cérebro". E cada vez mais acredito nisso. Sempre fui multitarefa e me sentia confortável com isso. Mas estou começando a achar que é hora de tirar o pé do freio. Preciso me dar o direito de viver mais e com mais qualidade poucas coisas do que viver todas no modo automático.

Sempre curti muito as postagens do Canastra, mas me vi, de repente, angustiada por não conseguir postar com frequência. E não é esse o objetivo. O Canastra é para ser curtido, não para ser cumprido. Por isso, não estranhem se as postagens se espaçarem ou aparecerem como pequenas mensagens. Às vezes deixava de postar, pois não conseguia escrever tudo o que gostaria sobre o assunto. Mas se não é possível falar muito, que possamos falar o suficiente ou o essencial.

Aí começou a diferença dessa semana, perceber que nossas vidas estão diferentes e precisamos repensá-las para trazer mais qualidade.

A diferença seguiu também com as oportunidades que vivi.


Na terça-feira (dia 15), concedi uma entrevista à comunicadora Mônicka Christi, no Programa Mulher Brasileira, na Rádio Rio de Janeiro. Foi uma entrevista ao vivo, por telefone, que durou cerca de 15 minutos. Uma experiência diferente, maravilhosa, posso dizer. Um momento em que vi o quanto é especial poder falar do meu livro, do meu amor pela literatura, do quanto isso me faz bem. Do quanto preciso falar mais disso no meu próprio texto. Do quanto tenho escrito tão pouco e do quanto é essencial que eu possa escrever.

Gastei toda a terça-feira tentando publicá-la na rede para dividir com vocês, mas consegui. Um esforço que valeu a pena. A primeira parte pode ser ouvida no youtube no endereço http://www.youtube.com/watch?v=TvN8ewELdvM e a segunda parte no endereço http://www.youtube.com/watch?v=9fbt0YyYBWo.


Na quinta-feira (dia 17), vivi outro momento especial, no 12º Salão do Livro Infanto-Juvenil, ao ouvir Lygia Bojunga. Sou uma apaixonada pela obra dela, pela paixão que ela transborda em cada texto, pelo cuidado em criar essa ponte com os leitores. É como ela mesmo disse: Lygia é uma artesã das palavras. Uma mulher de fibra, uma escritora delicada, sensível, generosa e extremamente talentosa.

É maravilhoso podermos nos dar esses presentes, podermos viver cada um desses momentos e aproveitar deles o que há de melhor. Ouvir Lygia falar de sua vida, de sua relação com os livros, me identificar com tantas coisas que ela falou, foi muito especial e importante para mim.


Na noite de quinta-feira (dia 17), briguei com o sono para assistir à estreia do programa Brasileiros, idealizado pelo amigo Edney Silvestre. Ele viajou com Neide Duarte e Marcelo Canellas registrando histórias de solidariedade e superação dos cidadãos de nosso país. O objetivo do programa é mostrar pessoas comuns que fazem a diferença, buscando transformar a realidade dos que os cercam. Cada semana, o programa será apresentado por um deles.

A estreia deixou clara a qualidade do programa. Um programa de extrema sensibilidade, com uma linguagem de bate-papo, que nos leva à reflexão e à percepção de que muito existe no nosso país para ser conhecido e há pessoas muito especiais, com valores que superam o comum, o confortável, que buscam uma vida plena não só para si, como para os outros.

Para quem não viu, ainda dá tempo. Houve uma matéria no Vídeo-Show com Edney Silvestre, Neide Duarte e Marcelo Canellas em que eles falaram um pouco do programa. Dá para assistir o vídeo no G1. Mas o programa de estreia, com Edney Silvestre, falando de Flávio Sampaio, um bailarino que venceu o preconceito e a dor, se tornou um bailarino do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, reconhecido mundialmente e que abandonou todas as suas grandes conquistas para fazer a diferença, pode ser visto também no site do G1. Não foi só a história de Flávio que me impressionou, mas o depoimento de seus alunos e as histórias deles. Vale a pena.

Para facilitar, os links do programa (dividido em duas partes):

- Bailarino abre escola de dança no Ceará
- Alunos superam dificuldades para aprender a dançar no Ceará



E, ontem, sexta-feira (dia 18), acordei de madrugada com minha filhota se sentindo mal. Já está tudo bem, mas estive off durante a manhã, até que num consultório médico, acessei o FB pelo celular e descobri que havíamos perdido o grande escritor José Saramago. Ele se foi aos 87 anos. Lembrei-me logo da sensação que tive, ao assisti-lo numa entrevista que o Edney Silvestre fez com ele em 2007. Do quanto passei a enxergá-lo de uma forma mais humana, mesmo com todas as polêmicas com as quais ele se envolveu, por sua luta tão ferrenha contra as religiões. Como católica, não estranho o fato da Igreja lamentar sua morte. Pois somos todos inteligentes em reconhecer o que há de melhor num grande homem, independente de suas convicções.

Pensar em Saramago para mim, é mais do que pensar em sua obra, é lembrar de sua frase quando ganhou o Prêmio Nobel em 1998: "O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever". Um homem que declarou que nem o Nobel foi mais importante do que a relação que ele teve com sua infância e sua família. Alguém que diz "como teria sido minha vida até aqui, aos 84 anos, se eu não tivesse conhecido essa mulher", quando fala de seu grande amor por Pilar, sua esposa trinta anos mais nova, com quem viveu por 24 anos, nos mostra mais do que apenas polêmicas.

Para quem não teve a oportunidade de assistir em 2007 ou a reprise que foi feita ontem, em edição especial no Espaço Aberto Literatura, é só conferir o vídeo no G1.

Para fechar, deixo outra declaração dele, nessa entrevista, que muito mexeu comigo:

"Se eu pudesse repetir minha infância, a repetiria exatamente como foi, com a pobreza, com o frio, pouca comida, com as moscas e os porcos, tudo aquilo."

Para saber um pouco mais, deem uma lida nos links a partir de uma das matérias feitas sobre ele e publicada no G1.



Termino aqui meu post, longo, muito looooongo, mas talvez do tamanho dos meus pensamentos nessa semana que termina. Abro o caderno Ideias do JB e, feliz, vejo que ele volta a ocupar todas as páginas, sem dividir seu espaço com o Carro & Etc.

Uma esperança para o espaço que nossa literatura necessita? Quem sabe.

Despeço-me, me preparando para voltar a ser mais criança, a sonhar mais longe, com o filme Toy Story 3, que assistirei daqui a pouco com a família.

Um ótimo sábado para vocês.