Essa foi uma semana igual e diferente.
Igual pois terminava minhas pequenas férias de dez dias, e me encontrava na mesma correria, a mesma falta de tempo ou, começo a me convencer cada vez mais, meu excesso de atividades.
Percebi essa semana como estamos vivendo e nos sufocando em meio a tantas informações, a tantas fontes de informações. Se pensarmos direito, a necessidade de obter a informação em tempo real não pode fazer bem. Passo um dia sem entrar no Facebook e, ao entrar, me deparo com mais de 300 mensagens postadas. Vejo minha caixa de e-mails, tem mais de 500 mensagens não lidas. Olho minha lista do "a fazer", e tem tarefas atrasadas há mais de um mês.
Impossível acompanhar tudo, curtir tudo, comentar tudo. Há semanas não consigo acompanhar os blogs dos amigos. E, no meio do meu sentimento de culpa, concluo algo muito simples, mas que às vezes passa desapercebido: somos um só. E temos que ser um só para viver feliz.
Como se houvesse uma sintonia na natureza, para nos mostrar caminhos, dirigia para um encontro com amigos escritores, quando ouvi na JB FM que cientistas dizem que estamos sofrendo mutações por excesso de informações. Procurei depois algo a respeito e encontrei exatamente a matéria no O Globo dizendo que "Excesso de informações provocado pelo avanço da tecnologia altera capacidade de concentração".
A reportagem diz que "a tecnologia está remodelando nosso cérebro". E cada vez mais acredito nisso. Sempre fui multitarefa e me sentia confortável com isso. Mas estou começando a achar que é hora de tirar o pé do freio. Preciso me dar o direito de viver mais e com mais qualidade poucas coisas do que viver todas no modo automático.
Sempre curti muito as postagens do Canastra, mas me vi, de repente, angustiada por não conseguir postar com frequência. E não é esse o objetivo. O Canastra é para ser curtido, não para ser cumprido. Por isso, não estranhem se as postagens se espaçarem ou aparecerem como pequenas mensagens. Às vezes deixava de postar, pois não conseguia escrever tudo o que gostaria sobre o assunto. Mas se não é possível falar muito, que possamos falar o suficiente ou o essencial.
Aí começou a diferença dessa semana, perceber que nossas vidas estão diferentes e precisamos repensá-las para trazer mais qualidade.
A diferença seguiu também com as oportunidades que vivi.
Na terça-feira (dia 15), concedi uma entrevista à comunicadora Mônicka Christi, no Programa Mulher Brasileira, na Rádio Rio de Janeiro. Foi uma entrevista ao vivo, por telefone, que durou cerca de 15 minutos. Uma experiência diferente, maravilhosa, posso dizer. Um momento em que vi o quanto é especial poder falar do meu livro, do meu amor pela literatura, do quanto isso me faz bem. Do quanto preciso falar mais disso no meu próprio texto. Do quanto tenho escrito tão pouco e do quanto é essencial que eu possa escrever.
Gastei toda a terça-feira tentando publicá-la na rede para dividir com vocês, mas consegui. Um esforço que valeu a pena. A primeira parte pode ser ouvida no youtube no endereço http://www.youtube.com/watch?v=TvN8ewELdvM e a segunda parte no endereço http://www.youtube.com/watch?v=9fbt0YyYBWo.
Na quinta-feira (dia 17), vivi outro momento especial, no 12º Salão do Livro Infanto-Juvenil, ao ouvir Lygia Bojunga. Sou uma apaixonada pela obra dela, pela paixão que ela transborda em cada texto, pelo cuidado em criar essa ponte com os leitores. É como ela mesmo disse: Lygia é uma artesã das palavras. Uma mulher de fibra, uma escritora delicada, sensível, generosa e extremamente talentosa.
É maravilhoso podermos nos dar esses presentes, podermos viver cada um desses momentos e aproveitar deles o que há de melhor. Ouvir Lygia falar de sua vida, de sua relação com os livros, me identificar com tantas coisas que ela falou, foi muito especial e importante para mim.
Na noite de quinta-feira (dia 17), briguei com o sono para assistir à estreia do programa Brasileiros, idealizado pelo amigo Edney Silvestre. Ele viajou com Neide Duarte e Marcelo Canellas registrando histórias de solidariedade e superação dos cidadãos de nosso país. O objetivo do programa é mostrar pessoas comuns que fazem a diferença, buscando transformar a realidade dos que os cercam. Cada semana, o programa será apresentado por um deles.
A estreia deixou clara a qualidade do programa. Um programa de extrema sensibilidade, com uma linguagem de bate-papo, que nos leva à reflexão e à percepção de que muito existe no nosso país para ser conhecido e há pessoas muito especiais, com valores que superam o comum, o confortável, que buscam uma vida plena não só para si, como para os outros.
Para quem não viu, ainda dá tempo. Houve uma matéria no Vídeo-Show com Edney Silvestre, Neide Duarte e Marcelo Canellas em que eles falaram um pouco do programa. Dá para assistir o vídeo no G1. Mas o programa de estreia, com Edney Silvestre, falando de Flávio Sampaio, um bailarino que venceu o preconceito e a dor, se tornou um bailarino do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, reconhecido mundialmente e que abandonou todas as suas grandes conquistas para fazer a diferença, pode ser visto também no site do G1. Não foi só a história de Flávio que me impressionou, mas o depoimento de seus alunos e as histórias deles. Vale a pena.
Para facilitar, os links do programa (dividido em duas partes):
- Bailarino abre escola de dança no Ceará
- Alunos superam dificuldades para aprender a dançar no Ceará
E, ontem, sexta-feira (dia 18), acordei de madrugada com minha filhota se sentindo mal. Já está tudo bem, mas estive off durante a manhã, até que num consultório médico, acessei o FB pelo celular e descobri que havíamos perdido o grande escritor José Saramago. Ele se foi aos 87 anos. Lembrei-me logo da sensação que tive, ao assisti-lo numa entrevista que o Edney Silvestre fez com ele em 2007. Do quanto passei a enxergá-lo de uma forma mais humana, mesmo com todas as polêmicas com as quais ele se envolveu, por sua luta tão ferrenha contra as religiões. Como católica, não estranho o fato da Igreja lamentar sua morte. Pois somos todos inteligentes em reconhecer o que há de melhor num grande homem, independente de suas convicções.
Pensar em Saramago para mim, é mais do que pensar em sua obra, é lembrar de sua frase quando ganhou o Prêmio Nobel em 1998: "O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever". Um homem que declarou que nem o Nobel foi mais importante do que a relação que ele teve com sua infância e sua família. Alguém que diz "como teria sido minha vida até aqui, aos 84 anos, se eu não tivesse conhecido essa mulher", quando fala de seu grande amor por Pilar, sua esposa trinta anos mais nova, com quem viveu por 24 anos, nos mostra mais do que apenas polêmicas.
Para quem não teve a oportunidade de assistir em 2007 ou a reprise que foi feita ontem, em edição especial no Espaço Aberto Literatura, é só conferir o vídeo no G1.
Para fechar, deixo outra declaração dele, nessa entrevista, que muito mexeu comigo:
"Se eu pudesse repetir minha infância, a repetiria exatamente como foi, com a pobreza, com o frio, pouca comida, com as moscas e os porcos, tudo aquilo."
Para saber um pouco mais, deem uma lida nos links a partir de uma das matérias feitas sobre ele e publicada no G1.
Termino aqui meu post, longo, muito looooongo, mas talvez do tamanho dos meus pensamentos nessa semana que termina. Abro o caderno Ideias do JB e, feliz, vejo que ele volta a ocupar todas as páginas, sem dividir seu espaço com o Carro & Etc.
Uma esperança para o espaço que nossa literatura necessita? Quem sabe.
Despeço-me, me preparando para voltar a ser mais criança, a sonhar mais longe, com o filme Toy Story 3, que assistirei daqui a pouco com a família.
Um ótimo sábado para vocês.
4 comentários:
Oi Ana!
Obrigada por dividir sua semana conosco. O igual se tornou diferente depois de todos os seus links.
Beijos!
Obrigada, Fatima.
É uma delícia saber que você sempre está por perto.
Aliás, voltei agora do Toy Story 3. Sou realmente uma sentimental, mas em uma das cenas, consegui ir às lágrimas. rsrs
Beijão,
Ana
P.S. Amei a foto nova do perfil. Você está mais linda ainda.
Ana,
Bom, já estava acompanhando a sua semana... rs
Mas sabe que a reflexões que vc fez sobre o excesso de informação é algo sério mesmo. Eu aprendi a "filtrar" tudo. De tv ao que leio.Noticias, dou uma passadela pelos jornais online mas geralmente ler mesmo só leio o que me faz bem, me deixa bem. Além do excesso de informação, noticias ruins muitas vezes nos consomem uma energia...Procuro me informar,mas saí da roda do querer saber de tudo.
Comentei tanto acerca dos asssuntos no FB que só tenho a deixar registrado aqui, que um dos pontos altos da minha semana foi ter lido seu livro. Obrigada pelo presentão.
Beijos mil!
Oi, Chris!
Que legal te ver por aqui também.
Pois é, deixei de comprar jornal impresso, também só acompanho o on-line e evito notícias ruins. Tem algumas que me deixam nervosa.
Tenho que começar a fazer a mesma coisa com as movimentações literárias. Nem dá para acompanhar tudo, nem dá para comparecer a tudo.
Mas a melhor parte da sua mensagem foi saber que meu livro foi tão bem recebido assim por você. Nossa, que alegria!
Obrigada, de coração.
Beijão,
Ana
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