sábado, 28 de junho de 2008

Indicação de Leitura: Tudo que eu queria te dizer



Tudo que eu queria te dizer
Martha Medeiros
Objetiva

Conheci a prosa de Martha Medeiros lendo Divã (2002). E volto a ter o prazer da leitura com "Tudo que eu queria te dizer", uma coleção de cartas-contos, impregnadas de urgência, de uma inquietação que leva as personagens a não adiar a necessidade de dizer, de dizer tudo, de se abrir, de se revelar com suas angústias, dores, frustrações.

É uma avalanche de confissões, de provocações, de verdades e acerto de contas, sem a preocupação com o destinatário, que está lendo cada linha. Destinatário e leitor que somos nós, que nos colocamos dos dois lados, que imaginamos a reação de quem receberia cada carta. Aliás, está aí a força de cada personagem, em poder se entregar, se revelar, sem ser interrompido, sem ter que cumprir um roteiro não previsto por suas ansiedades.

Cada conto-carta nos leva a uma necessidade diferente de reflexão, e mal nos recompomos de uma, já nos vemos entregues a outra igualmente devastadora. São cartas de filhas, mães, artistas, pessoas comuns e diferentes, mas tão iguais nos sentimentos que cada um de nós carrega.

Todas as cartas são igualmente fantásticas. Mas algumas me deixaram marcas. Marcas, pois atingem o coração. Como não sentir a dor de André que escreve à mãe de seu amigo, morto num acidente de carro, no qual ele, André, estava ao volante; ou não sentir a solidão de Clô, ao descrever ao marido morto seu processo de envelhecimento, e a esgarçada relação com a filha; ou de Taís, que ao ver a festa de aniversário da filha sem nenhum convidado, escreve à mãe, num misto de desabafo e acerto de contas; ou ainda de Catarina, escrevendo aos pais, e revelando todas as dificuldades, mas principalmente sua sensação de liberdade, ao realizar seu sonho. Nocaute na carta de Dinorá à irmã, exigindo apoio para cuidar da mãe, que está desestruturando sua vida e seu casamento. Existe, ainda, a carta do pai que vai buscar uma mulher que psicografa cartas, para entender porque o filho se suicidou. Quase no final, acompanhamos Maria Tereza, explicando sua sensação de desorientação ao descobrir-se filha adotiva, ao mesmo tempo, em que precisa reafirmar seu amor pela mãe.

São cartas maravilhosas, com uma poética escondida nas ligas invisíveis de cada frase. Um livro para sairmos mais leves, que nos apresenta todas as violências de nossos sentimentos, mas sem que a tinta nos sobrecarregue.

Leiam, e depois se quiserem, escrevam também suas cartas, nem que seja para ficar na gaveta, como fez a última personagem.

Conto "Um pequeno anjo"

Um pequeno anjo
Ana Cristina Melo

“Qual o nome da criança?”, perguntei por hábito profissional. “Ainda não tem. Você pode escolher”, respondeu-me a mulher. Só então percebi melhor sua aparência. Não era muito alta, pele clara, cabelos loiros com a raiz castanha há muito exposta, presos num rabo não muito caprichado. O vestido largo, típico de grávida, não estava sujo, mas demonstrava pobreza. Percebi uma certa angústia, movimentos arrastados e um olhar estranho, que me avaliava.

O bebê no seu colo estava enrolado num pano creme, em nada igual às mantas bordadas e enfeitadas dos recém-nascidos. Levantei e me debrucei sobre o balcão, como faziam todos os que passavam por ali, ansiosos por invadir a privacidade da minha mesa. “É menina?”, perguntei com a intuição obtida pela única fita rosa que discretamente enfeitava aquela coberta. “É”, respondeu-me sem emoção. Abaixei o pano que cobria o rosto do bebê. Dormia tranquilamente. O desejo antigo da paternidade me voltava, em lembranças do que uma gargalhada desses pequenos pode nos provocar. Fitei a pele delicada, o rosto alvo e de traços perfeitos. Não pude resistir à inveja: desejei que fosse minha.

Aquela sexta-feira, vinte e dois de agosto de mil novecentos e noventa e sete, deveria ter sido um dia como outro qualquer: certidões de nascimento, de óbito, autenticações, firmas reconhecidas, procurações e tantos outros serviços cartorários mais e menos frequentes.

Não é hábito trabalharmos em todos os lugares de uma só vez. De tempos em tempos, revezamos em cada setor. O que menos me agrada é o de certidões de óbito. Depois desses trinta anos de ofício, iniciados no primeiro mês da minha maioridade, já sonho com a aposentadoria. Há muito concluí que para trabalhar ali o sujeito precisa ser muito frio. Você está lidando com a emoção das pessoas. Tudo muito à flor da pele. Os mais comuns são os despachantes, enviados pelas funerárias. Alguns com perfil de urubu. No mais, já presenciei filha que, entre lágrimas, soluçava a cada informação que eu pedia. “Deixou bens?”, “Só a ca-si-nha que mo-ra-va”, “Fez testamento?”, “Não. A-cho que nnnnão!”. Também já me assustei com a felicidade de um homem que me informava sobre o óbito da esposa. Tantos outros indecifráveis, frios, indiferentes, calejados talvez. Muitos precisam sustentar a base da família que ameaça ruir. O caso mais esdrúxulo que testemunhei foi o de uma mulher um tanto maltratada, mas que por baixo das roupas sem atrativos ainda estava inteirona. Dona Irene, nunca me esqueci do nome. Essa, quando perguntei “Deixou filhos?”, respondeu sem hesitação: “Meus, são três. Agora, das piranhas que ele frequentava, como vou saber? Acho até que vai faltar alça no caixão do infeliz pra tanta viúva”.

O melhor lugar do cartório era onde eu estava quando Joana surgiu com o bebê. Ali normalmente eu convivia com homens apenas felizes, outros radiantes, desesperados ou completamente apáticos. Muitos desandavam a mostrar foto do filho, orgulhosos de suas crias. Outros pareciam entregues a uma droga pesada e achavam graça até de uma mera pergunta “Trouxe a DN?”. “Engraçado o nome dessa, cara, mas não conheço. Vim sozinho”. “Senhor, a Declaração de Nascido Vivo?”. Mulheres que pariam em casa chegavam com vizinhas para servir de testemunhas. Outras descarregavam um saco de reclamações dos ordinários que não queriam assumir seus filhos.

Joana veio diferente. Não sorriu, não reclamou da falta do pai da criança, apenas pediu que eu escolhesse o nome do seu bebê. Aleguei que não podia, mas ela insistiu. Achando que não faria mal, disse apenas: “Ela tem o jeitinho de Angela”. “Pois, então, pode colocar aí, Angela dos Santos, filha apenas de Joana dos Santos”. Surpreso, sem argumento, peguei a DN, que indicava o nascimento dois dias antes no Hospital de Bonsucesso. Para que pudesse ser registrada ali, precisava ter nascido ou morar na região. Provavelmente a mãe também morava por perto. Pensei logo em alguma favela das muitas que existiam no bairro. Entreguei-lhe o registro com a sensação de que Angela iria trilhar o mesmo caminho da mãe. Ela pegou o papel e se retirou. Não houve pagamento nem agradecimento. Apenas saiu.

Pensei em Joana e Angela quase o dia todo. Aquele bebê me fez lembrar do nascimento de meu irmão caçula, já órfão de pai, e que encontrou em mim, quinze anos mais velho, a referência masculina. Quando me casei, mamãe decidiu se mudar para o interior, próximo à irmã. “É um lugar melhor pra eu criar o Paulinho!”. Quando me separei, comecei a perceber a solidão rondando minha rotina.

Findo o expediente, estava distraído, esperando meu ônibus, quando senti alguém se aproximar. A mesma voz me abordou. “Fica com ela”. Olhei para o lado e Joana segurava Angela nos braços, da mesma forma que pela manhã. Nenhuma das duas havia trocado de roupa. A diferença estava no olhar vivo e bem aberto da menina, recém-colocada no mundo. “Não entendi”, retruquei. “Fica com ela. Por favor”. Joana me estendia os braços com a menina como se fosse um mendigo suplicando um prato de comida.

Sem raciocinar, peguei-a no colo. Ainda vi de relance um esboço de sorriso e talvez uma lágrima discreta. Hipnotizado, fiquei olhando para o seu rostinho. Era linda. A filha que eu sempre desejei e Marisa nunca aceitou ter. Oito anos de casamento. Nasci querendo ser pai. Marisa nasceu querendo ser fútil. Dia passado no shopping e na academia. Noite gasta com cremes e cuidados. Não aceitava que nenhum centímetro de seu corpo esculpido sofresse qualquer dano. Lembro bem do escândalo que foi o dia em que percebeu uma estria aparecendo na coxa. Gastou uma boa fortuna (minha) em tratamento estético. Na cama nos entendíamos bem, mas fora dela era um desastre. Eu procurava uma família; ela, uma fonte de renda e diversão. Acho que custei muito a me separar. Só percebi isso depois que desfrutei da sensação de alívio ao vê-la longe, mesmo tendo que pagar mensalmente pela minha liberdade.

Quando levantei o rosto, recuperado, Joana havia sumido. Nenhum sinal. As pessoas que aguardavam no ponto já não eram as mesmas. Fiquei esperando ali por um bom tempo, na esperança de que ela voltasse. “Ela sabe onde trabalho”, pensei ao desistir de esperar. Deixei-me guiar pelo instinto. Comprei na farmácia um pequeno estoque de produtos para o bebê: mamadeiras, fraldas, creme antiassaduras, leite, chupeta e sabonete. Na loja de departamentos me abasteci de macacões e cueiros. Engraçado foi terem me permitido furar a fila por estar com o bebê no colo. Era tudo tão novo, que aceitei. Ao reparar em todas aquelas compras, percebi o exagero, pois a mãe voltaria, certamente que voltaria. “Tudo bem, darei de presente a ela”, resolvi.

Em casa, ao desenrolá-la, percebi dobrada dentro da manta a Certidão de Nascimento, acompanhada de um bilhete. Angela estava agitada, nada que um banho agarrada ao meu colo, como se eu fosse a mamãe canguru, não lhe desse o sono merecido. Eu havia esquecido de comprar a banheira. A mamadeira, ela tomou dormindo. Começávamos a nos entender muito bem. De volta ao silêncio interrompido apenas pela respiração dela, sentei para ler o bilhete escrito com alguns garranchos e uma urgência aparente. “Traí meu namorado e Angela nasceu. O pai dela morreu. Acho que foi meu namorado que o matou. Não posso ficar com ela. Cuide dela pra mim”. Adormeci sentado, lendo e relendo aquele bilhete, olhando e me apaixonando por minha menininha.

Na segunda-feira, já havia conseguido uma babá, indicada por um amigo, para cuidar de Angela durante o dia. Dalva era muito carinhosa. Mãe de três filhos, já crescidos, tratava da menina como se fosse de uma neta. A competência me custou caro, estava quase no vermelho, mas me sentia extremamente satisfeito.

Joana, só voltei a ver um mês depois, na manchete de um jornal desses tipo torneirinha de tragédia. Sua foto estava estampada com a chamada sensacionalista “morta pelo namorado no morro da Tijuca”. O texto dizia que ela estava escondida, fugindo do namorado, há uns oito meses. Resolveu voltar para casa, achando que ele tivesse esquecido dela. Uma vez informado onde seria o enterro, fui até lá, sorrateiro. Quase ninguém apareceu. Ninguém que demonstrasse a emoção de um familiar. Joana foi sepultada e se tornou apenas um nome na certidão da minha menina.

Ainda trabalhei naquele cartório por quatro anos. Depois consegui transferência para um cartório de Niterói, para onde me mudei. A casa em que moramos é simples, pois os gastos são grandes, mas o quintal é a paixão de Angela, que completa hoje nove anos. Está bonita a danada! A pele clara e o cabelo castanho são iguais aos meus. O nariz é diferente, bem parecido com o da mãe. Conto os minutos pra encerrar o expediente no cartório. Adoro ouvir sua voz ao chegar no portão. Me recebe com uma chuva de beijos. A casa ficou iluminada, coisa de anjo.

Na mesinha de canto tem uma pequena pintura de Joana, que pedi a um artista do centro do Rio para fazer, a partir dos fragmentos de minha lembrança e da foto do jornal. Foi no mesmo dia em que vi Dona Irene (aquela que dividiu a alça do caixão do marido) passeando, sarada e definida, agarrada num garotão de vinte e poucos anos. A cena me divertiu e me fez lembrar da frase de um amigo: “as agruras são mais amargas do que definitivas”. Provei dessa verdade ao me livrar da Marisa, que se casou com um dono de restaurante.

Está tudo perfeito. Estou casado há dois anos com Vera, que se apaixonou por mim após algumas autenticações e outros tantos reconhecimentos de firma. Ela e Dalva estão me ajudando a arrumar a casa para a festa de minha filha. E no fundo de minha consciência, sei que onde estiver, Joana me sorri, e não permitirá que percebam o deslize da presença de meu nome na Certidão de Nascimento de nossa filha.

(versão atualizada em 02/05/2009)

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Conto "A traição"

O conto abaixo recebeu o 1º lugar, em junho de 2006, no concurso Exercícios Urbanos, promovido pelo Portal Literal. O tema era futebol e uma mulher driblou todos os outros craques masculinos.

A traição
Ana Cristina Melo

( conto retirado, pois uma nova versão dele é parte integrante da antologia de contos Humor Vermelho 2 )

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Prêmio Portugal Telecom divulga 1a. etapa

Já saiu a lista dos 51 livros classificados no Prêmio Portugal Telecom de Literatura.

A lista das obras pode ser conferida em http://www.premioportugaltelecom.com.br/2008/obras_votadas.asp.

Congratulações ao Moacyr Scliar pelas duas indicações.

Servidor das Letras - Cerimônia de Premiação

Esta noite foi muito especial. Participei da cerimônia de premiação do 13º Concurso Literário do Servidor Público do Estado do Rio de Janeiro, no qual fui laureada com um certificado muito significativo, e exemplares do livro Servidor das Letras - 2008, que reúne a antologia das poesias e contos vencedores, entre eles Retrato na estante, conto pelo qual recebi menção honrosa.

Na mesa estiveram presentes e nos enalteceram com felicitações emocionantes: Terezinha Lameira, vice-presidente da Fesp; Carlos Guimarães, subsecretário de Cultura (representando a secretária Adriana Rattes); Ivo Torres, poeta, escritor e coordenador do concurso; e Antonio Olinto, acadêmico e poeta, representando a Academia Brasileira de Letras.

Terezinha, com extrema simpatia, lembrou a importância desse concurso, que valoriza não só a Literatura, como também os servidores públicos. Enalteceu, ainda, o recorde de inscrições atingido nessa edição. O concurso premiou 26 trabalhos, selecionados entre os 1105 inscritos - respectivamente 401 contos e 704 poesias.

Ivo Torres, com visível emoção, ressaltou a abrangência do resultado, que premiou servidores de todas as esferas, ativos e inativos, mostrando o quanto foi importante a extensão do prêmio para as esferas municipal e federal.

Antonio Olinto falou da importância de se valorizar o livro, a própria Literatura, e principalmente a nossa língua. Recordou um episódio, quando esteve na Suécia, num congresso sobre língua portuguesa, reunindo representantes de vários países. Logo no início, um estudante levantou-se, pediu a palavra, e questionou com visível desprezo "O que estamos fazendo aqui, discutindo língua portuguesa? Para quê?". O mediador do evento imediatamente respondeu: "220 milhões de pessoas no mundo falam o português. A Suécia tem sete milhões de pessoas. A ninguém interessa aprender o sueco. Uma língua com 220 milhões de pessoas nos interessa, não acha?". Uma lição finalizada com a ordem para que o estudante voltasse ao seu lugar. A história serviu em perfeição para ilustrar a declaração de amor que Antonio Olinto fez a nossa língua, do alto da experiência de seus 89 anos. Lembrou, ainda, que é com letras, e com palavras, que se pensa e se ama. Portanto, há de se dar valor à língua e à nossa Literatura.

Após esta cerimônia maravilhosa, descemos à Sala Djanira, e entre conversas e a degustação do coquetel oferecido, apreciamos a exposição das artistas plásticas Maria Torres e Ermelinda de Almeida, conceituadas pintoras da arte naïf (ingênua). As 40 pinturas são de uma delicadeza ímpar, ressaltando profundamente a sensibilidade de suas autoras, reconhecidamente premiadas. Para quem se interessar, a entrada é gratuita, e a exposição está aberta à visitação até 04/07/2008.

sábado, 14 de junho de 2008

Concursos Literários (junho, julho e agosto)

Para ninguém perder o prazo e manter a agenda atualizada, uma lista dos próximos concursos literários:

- Até 24 de junho. 4º Concurso Literário de Suzano. O autor pode enviar até 2 obras, nas categorias de Conto e Poesia. Contudo, o participante só poderá efetuar a inscrição em apenas uma categoria. Regulamento está disponível no site: http://www.suzano.sp.gov.br/.

- Até 31 de julho. 9º Concurso de Literatura - Conto, Crônica, Poesia - Fundação Cultural de Canoas/RS. O autor pode enviar até 2 trabalhos de cada gênero. Regulamento: http://www.fundacan.com.br/

- Até 31 de julho. Prêmio Cataratas. Conto e Poesia. Podem participar enviando 1 trabalho em cada gênero. Regulamento: http://www.fozdoiguacu.pr.gov.br/.

- Até 15 de agosto. Prêmio SESC de Literatura 2008. Categorias: Conto e Romance. Participação de apenas uma obra em cada categoria. Romance deve ter entre 130 e 400 laudas. Livro de contos, entre 70 e 200 laudas.

- Até 31 de agosto. 2º Prêmio UFF de Literatura. Contos, Crônicas e Poesias. Participação de apenas 1 texto, em cada categoria. Tema: "PLANETA TERRA, 2050".

- Até 31 de agosto. 18º Concurso de Contos Luiz Vilela. Pode participar com qualquer quantidade de contos.

Workshop com Moacyr Scliar

Ontem tive a honra de devanear durante todo o dia com as palavras de um mestre, nada menos que Moacyr Scliar. A Estação das Letras nos brindou com o Workshop "Os mestres do conto", em seis horas de mágicas considerações.

Elegantíssimo, e nem uma vírgula menos simpático, Moacyr nos falou de técnicas, e esmiuçou as entrelinhas de algumas obras-primas: contos de Kafka, Dalton Trevisan, Edgar Allan Poe e Clarice Lispector.

Na parte da tarde, foi com delicadeza que apontou as falhas de nossas produções, e ressaltou o que cada um apresentou de melhor.

Embebi-me tanto com suas palavras, que receio ter anotado menos do que gostaria. Livre do transe por algumas vezes, consegui registrar o seguinte:

- Ler o que se escreve em voz alta
- Cada detalhe tem que estar a serviço da história
- Um conto que tenha que ser lido com a ajuda do Google ou de um dicionário deve ser repensado
- Não imite Guimarães Rosa, tentando criar palavras
- Cuidado na mudança de tempo verbal
- Se estiver indeciso entre duas palavras, use a mais conhecida
- A eufonia de uma frase é fundamental
- Não use onomatopéias

Tive uma única frustração: a de não ter ouvido do Moacyr as críticas sobre o meu conto. Não deu tempo, mas houve um consolo: ele o levou como companhia para Porto Alegre.

Vou aguardar ansiosa o próximo Workshop.

Obrigada, Estação das Letras.
Obrigada, Moacyr Scliar.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Frase de Marçal Aquino

"Para mim, a literatura é necessariamente exercício de paixão."

Marçal Aquino
Escritor brasileiro
(Publicado no PublishNews de 05/06/2008)

Marçal Aquino é um reconhecido escritor da literatura contemporânea, autor de obras como O amor e outros objetos pontiagudos (1999), Faroeste (2001), O invasor (2002) e Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios (2005). Recebeu diversos prêmios, entre os quais o 1º lugar na categoria conto da 5ª Bienal Nestlé de Literatura (1990) e o Prêmio Jabuti (2000), pela obra O amor e outros objetos pontiagudos.

Diversidade na Flip

A programação da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), que será realizada de 2 a 6 de julho, apresenta uma diversidade nas mesas de debate, com a promoção do diálogo da literatura com outras áreas, como o cinema, a psicanálise, a música, o futebol e os quadrinhos.

Os ingressos serão vendidos a partir de hoje (10/06), pela Internet. O valor para a Tenda dos Autores é de R$ 25, enquanto que a Tenda Matriz é R$ 7.

A Flip será aberta com a palestra “A poesia envenenada de Dom Casmurro” do crítico literário Roberto Schwarz, em homenagem ao centenário da morte de Machado de Assis.

Fonte: Publish News

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Festival da Mantiqueira

Neste último fim-de-semana, ocorreu em São Francisco Xavier, o "Festival da Mantiqueira - Diálogos com a Literatura". O evento, com público de 1500 pessoas, contou com a participação da população local.

Dessa participação, se obteve o mais puro que pode existir na troca entre a Literatura e o povo. Um dos casos dignos de relato é o de dona Ana, que nasceu e viveu em São Francisco Xavier. Casada, 77 anos, duas filhas, e estava sentada nos fundos da tenda, assistindo ao diálogo com Milton Hatoum. Ao ser indagada se gostava de ler, respondeu: "Ah, meu filho, agora a vista não ajuda mais, mas eu gosto muito, então venho ouvir". Outro caso foi o de João Paulo e Tiago, meninos da faixa dos 7 anos de idade, que conversavam com o curador do Prêmio Jabuti, José Luiz Goldfarb. Disseram gostar de futebol, internet e leitura. Tiago logo se pronunciou avisando "Minha mãe é a dona da lanchonete ali atrás". O fantástico ficou por conta da naturalidade de João Paulo, quando perguntado sobre sua mãe: "A minha não é dona de nada, só da casa dela...".

A cidade possui uma bela Biblioteca Comunitária, montada por um apaixonado por livros e mantida pela comunidade, que providencia a doação de exemplares.

Fonte: Publish News

domingo, 1 de junho de 2008

Programação cultural da ABL, em junho e julho

A Academia Brasileira de Letras tem aproximado dos famosos “imortais”, o público amante da Literatura, por meio dos diversos eventos gratuitos oferecidos nos últimos anos. São conferências, mesas-redondas, teatro, entre outros. Em especial, nesse ano, quando se comemora o centenário da morte de Machado de Assis, fundador da ABL, a programação apresenta grande diversidade, incluindo filmes inéditos, focados principalmente na obra do grande mestre da Literatura.

Eu tive a oportunidade de participar de algumas conferências e posso testemunhar que é um encontro único. Para quem não assistiu às últimas conferências, ou como eu, não pôde participar de algumas, a Academia disponibiliza em seu site, no item Memória da ABL/Multimídia, os vídeos desses encontros. Oportunidade imperdível!

Alguns eventos do mês de junho e julho:

Conferências (Teatro R. Magalhães Jr., às 17h30):
- 3º Ciclo de Conferências: “Centenário do Nascimento de Guimarães Rosa”
03/06: Luis Roncari: “Patriarcalismo e dionisismo no santuário do Buriti Bom”
10/06: Per Johns: “A viagem em busca do ‘quem das coisas’”
17/06: Adriano Espíndola: “De Magma a Ave, palavra” e Vilma Guimarães Rosa Reeves: “João Guimarães Rosa, meu pai”

- 4º Ciclo de Conferências: “Aspectos da literatura machadiana I”
24/06: Helder Macedo: “A cigana e o mulato”
01/07: Luis Paulo Horta e José Miguel Wisnik: “A música em Machado de Assis”
08/07: Alberto da Costa e Silva: “A paisagem em Machado de Assis”
15/07: Nélida Piñon: “O Rio de Janeiro na ficção machadiana”

Cinema na ABL (Teatro R. Magalhães Jr., às 18h30):
- 04/06:
Um Apólogo – Machado de Assis (1939). Duração: 14 minutos
O Rio de Machado de Assis (1965). Duração: 13 minutos
Missa do Galo (1982) – Inédito. Duração: 35 minutos

- 11/06: O demoninho de olhos pretos (2007). PRÉ-ESTRÉIA. Duração: 100 minutos

- 18/06: Quanto vale ou é por quilo? (2005). Duração: 102 minutos

- 25/06: Memórias póstumas (2001). Duração: 102 minutos

- 02/07:
O Rio de Machado de Assis (2001). Duração: 75 minutos
A Cartomante (1974). Duração: 84 minutos

- 09/07:
Alma Curiosa de Perfeição – Machado de Assis (1999). Duração: 60 minutos
Capitu (1968). Duração: 90 minutos

- 16/07: Viagem ao fim do mundo (1968). Duração: 104 minutos

- 23/07: Brás Cubas (1985). Duração: 100 minutos

- 30/07: Dom (2003). Duração: 91 minutos.

A programação completa pode ser conferida no site da ABL (http://www.academia.gov.br/).

Fonte: Academia Brasileira de Letras.