domingo, 16 de agosto de 2009

Pílulas dos cadernos literários (#4) - 15/08/2009

Fonte: Caderno Prosa & Verso - O Globo

- Foi publicada na edição de ontem (15/08/2009) algumas matérias sobre Euclides da Cunha. Parte foi reproduzida no próprio blog do Prosa online. Outras vou transcrevendo aos pouquinhos aqui no Canastra.

Começarei com a Cronologia da vida de Euclides que é bem interessante, pois mostra que desde cedo sua vida foi marcada por perdas.

1866: Em 20 de janeiro, nasceu Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha na Fazenda Saudade, arraial de Santa Rita do Rio Negro (hoje Euclidelândia), município de Cantagalo, Rio de Janeiro. Filho do baiano Manuel Rodrigues Pimenta da Cunha e da fluminense Eudóxia Moreira da Cunha.

1868: Nascimento da irmã, Adélia, em 9 de agosto.

1869: A 10 de agosto, com menos de três anos, perde a mãe, tuberculosa.

1870: Muda-se com a irmã para Teresópolis, indo viver com os tios. Perde, neste mesmo ano, a tia Rosinda.

1871-73: Euclides e Adélia são entregues aos cuidados de outra tia, Laura Moreira Garcez, e vão morar em São Fidélis.

1877-78: Euclides passa a viver com os avós maternos, em Salvador.

1879: Retorno ao Rio, desta vez com o tio paterno Antônio Pimenta da Cunha.

1883-84: Transfere-se para o Externato Aquino. Em conjunto com sete colegas, funda o jornal "O Democrata" e, em abril de 1884, publica o primeiro artigo, no qual defendia a natureza contra os perigos do progresso industrial desenfreado.

1884-85: Começa a escrever versos em uma caderneta intitulada "Ondas". É admitido na Escola Politécnica onde, por falta de recursos, estuda apenas um ano.

1886: Em 20 de fevereiro é transferido para a Escola Militar da Praia Vermelha. Reencontra o professor Benjamin Constant e ingressa no movimento republicano.

1888: Em 4 de novembro protagoniza o "Episódio da baioneta" ou "Episódio do sabre". Durante desfile em homenagem ao Ministro da Guerra, Tomás Coelho, em protesto contra a monarquia Euclides sai da fila e tenta quebrar sua baioneta (pequena espada colocada na ponta do fuzil), jogando-a aos pés do ministro. Sua matrícula é cancelada e ele deixa o Exército em 14 de dezembro. Vai para São Paulo e em 22 de dezembro escreve "A pátria e a dinastia", seu primeiro artigo para a "Província de S. Paulo" (hoje "O Estado de S. Paulo").

1889: Retorna ao Rio no início do ano. Com a Proclamação da República, volta ao Exército. Deixa de escrever para a "Província de S. Paulo" e passa a colaborar com a "Gazeta de Notícias", do Rio.

1890: Em 8 de janeiro matricula-se na Escola Superior de Guerra. Em setembro casa-se com Ana Ribeiro, filha do General Solon Ribeiro.

1891: Realiza os cursos de Estados Maior e engenharia militar e torna-se adjunto de ensino na Escola Militar. Morre, com poucas semanas de nascida, sua filha Eudóxia.

1892: Em 9 de janeiro é promovido a 1º Tenente. Obtém o título de bacharel em matemática, ciências físicas e naturais. Retorna colaboração em "O Estado de S. Paulo". Nasce em novembro seu filho Solon Ribeiro de Assis.

1893: Com a eclosão da Revolta da Armada cuida de obras de fortificação no litoral fluminense. Em dezembro passa a fazer parte da Diretoria Geral de Obras Militares.

1894: Escreve duas cartas para a "Gazeta de Notícias", nas quais responde violentamente ao senador cearense João Cordeiro, que pedia o fuzilamento dos antiflorianistas presos depois da Revolta. Em consequência, é designado para servir em Campanha, Minas Gerais. Nasce em julho Euclides Ribeiro da Cunha Filho, o Quidinho.

1895: Muda-se para Belém do Descalvado, em São Paulo. Em 28 de junho é agregado ao Corpo do Estado Maior.

1896: Deixa o Exército em 13 de julho, desencantado com a República. É reformado como 1º Tenente. Em setembro assume o cargo de engenheiro-ajudante da Superintendência de Obras Públicas do Estado de São Paulo. Passa a viajar pelo interior de São Paulo para fiscalizar a construção de obras públicas.

1897: Escreve para "O Estado de S. Paulo" dois artigos sobre Canudos. É designado correspondente de guerra do jornal e em 4 de agosto segue para a Bahia junto com a comitiva militar do Ministro da Guerra. Em 16 de setembro chega a Canudos. Continua a enviar artigos com as observações que seriam utilizadas em "Os Sertões". Com o massacre dos seguidores de Antônio Conselheiro e o fim da guerra, Euclides deixa a Bahia. Em 26 de outubro chega a São Paulo.

1898: Publica em "O Estado de S. Paulo", em janeiro, as primeiras amostras de "Os Sertões". Em 23 de janeiro toma conhecimento da queda da ponte metálica sobre o Rio Pardo, e parte para São José do Rio Pardo, para onde se transfere dois meses depois. Reside com a família no sobrado da Rua 13 de Maio, local onde hoje se situa a Casa de Cultura Euclides da Cunha. No barraco de zinco próximo à ponte, Euclides começa a redigir "Os Sertões".

1900: Em maio termina "Os Sertões". É novamente chamado para colaborar em "O Estado de S. Paulo".

1901: É promovido a Chefe de Distrito de Obras. Em 31 de janeiro nasce o terceiro filho, Manuel Afonso. Muda-se para São Carlos do Pinhal (atual São Carlos). Depois se muda para Guaratinguetá, no Vale do Paraíba.

1902: Gustavo Massow, da Editora Laemmert, se propõe a editar "Os Sertões" financiado pelo autor. É transferido para Lorena. A Livraria Laemmert lança no Rio "Os Sertões". O livro é sucesso de crítica e vendas, com os 1.200 volumes da 1ª edição esgotados em dois meses.

1903: A segunda edição de "Os Sertões" é publicada em julho. Em 21 de setembro é eleito para a cadeira número sete da Academia Brasileira de Letras.

1904: É nomeado engenheiro-fiscal da Comissão de Saneamento de Santos em janeiro. Em 24 de abril demite-se do cargo. Seu nome é apresentado ao Barão do Rio Branco para um cargo na Comissão de Reconhecimento do Alto Purus. Rio Branco o nomeia, em agosto, chefe da comissão. Parte em 13 de dezembro para o Amazonas.

1905: Reside em Manaus, aguardando instruções. Com poucos recursos, tem de se esforçar para realizar com êxito a missão. Encerra os trabalhos em 16 de dezembro.

1906: Retorna ao Rio em 5 de janeiro. Em 11 de julho sua mulher dá à luz o filho Mauro -- cujo pai seria o cadete Dilermando de Assis -- que vive apenas sete dias. Em 18 de dezembro toma posse na Academia Brasileira de Letras. Publica "Contrastes e confrontos", reunião de artigos.

1907: Nasce Luís Ribeiro da Cunha, filho de Dilermando, mas registrado como filho de Euclides. Em setembro lança "Peru versus Bolívia", livro que analisa os conflitos entre as duas repúblicas.

1908: Termina o livro "À margem da História", com estudos sobre a Amazônia, que seria publicado depois de sua morte.

1909: Na manhã de 15 de agosto vai armado ao subúrbio carioca de Piedade, onde mora Dilermando e onde está Ana, mulher de Euclides. O escritor e o cadete trocam tiros e Euclides cai morto. O corpo é velado na ABL e sepultado no São João Batista.

----------
Fonte: Academia Brasileira de Letras

Nenhum comentário: