quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Técnica por Graciliano Ramos

De novo uma matéria da Discutindo Literatura (edição nº 18). Aliás, essa edição estava maravilhosa. Por que só agora estou publicando? Tempo, meus queridos, ou a falta dele.

Dessa vez é a reportagem de capa sobre Graciliano Ramos, assinada por Clenir Bellezi de Oliveira.

Abaixo transcrevo trechos que falam da técnica, do quanto precisamos bater e apanhar para chegar à perfeição do que escrevemos.

Forjado em um estilo duro, rigoroso, de frases nominais, períodos curtos, com pouca adjetivação e ênfase nos substantivos e verbos, seus textos têm parentesco com o sertão duro que retratou. Em certa entrevista concedida em 1948, ele declarou:

"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazer seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxaguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer".

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