sábado, 27 de fevereiro de 2010

Manifesto Silvestre e sedução pela palavra

Quem visita o Canastra e me conhece, sabe dessa minha luta em divulgar a literatura. Mais do que isso, de pescar os leitores, despertar amores pelo livro, pelas histórias.

E foi participando de um grupo que tem pensamentos muito próximos que surgiu o "Manifesto Silvestre", apenas um texto em que evocamos um amor pela escrita, um desejo de que os livros cheguem aos leitores, sempre regidos por um lema: a "sedução pela palavra".

Hoje, na coluna "No Prelo" do caderno Prosa e Verso (jornal O Globo), foi divulgada uma nota sobre o nosso manifesto, que pode ser lido na íntegra no blog do caderno.

Assinaram o manifesto, além de mim, os escritores: Lucia Bettencourt, Angela Dutra de Menezes, Celina Portocarrero, Luis Eduardo Matta, Felipe Pena, Thomaz Adour, Barbara Cassará, Halime Musser e Marcela Ávila.

Atualização 03/03/2010: Por motivos pessoais, entre eles, não concordar inteiramente com os itens 4, 6 e 10 do manifesto, retirei minha assinatura do mesmo. Mas ficarei sempre com o espírito que me moveu a assiná-lo (esperando uma discussão maior sobre o texto), que é levar a literatura, principalmente a brasileira, a todos.
Leia abaixo a nota.

Manifesto Silvestre
Dez escritores brasileiros assinaram esta semana no Rio o manifesto do Grupo Silvestre, com declarações como "Em literatura, entretenimento não é passatempo. É sedução pela palavra" e "Tudo é linguagem, mas a narrativa é a base da literatura. Uma história bem contada é o objetivo que perseguimos." Entre os signatários, Lucia Bettencourt e Celina Portocarrero. O documento pode ser lido na íntegra no blog do caderno: www.oglobo.globo.com/blogs/prosa.

Atualização 01/03/2010: Cabe aqui um esclarecimento sobre o termo "entretenimento". A palavra parece estar sempre associada a algo pejorativo. Mas a ideia é tornar acessível a literatura que seduz o leitor, que traz uma narrativa rica e inteligente, que teve todo um cuidado para ser produzida, para que chegue ao seu leitor de forma que ele esqueça que está lendo um livro, mas se imagine dentro dele. É literatura que faça o leitor querer virar a página, que o faça sentir saudade quando o fecha, que mexa com seus valores e emoções, que também o faça questionar, repensar, discutir. Tudo isso, sem que se deixe um só instante de lado a qualidade com a linguagem.

Espero que todos compreendam esse sentido de "entretenimento". Falando por mim: ler Clarice é entretenimento, tanto quanto ler Vargas Llosa ou Machado de Assis. Não é brincar de sudoku ou palavras cruzadas. É literatura da melhor qualidade, mas sem saltos altos que, na maioria das vezes, deixam os livros longe de quem mais interessa: os leitores.

E para completar, deixo aqui duas citações do escritor Jorge Luis Borges (1889~1986), a quem admiro e adoro:

"Se lemos algo com dificuldade, o autor fracassou."
"Só se pode ler por prazer."

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