sábado, 2 de abril de 2011

Dia Internacional do Livro Infantil



Hoje acordei com vontade de escrever no meu diário virtual. Talvez meu subconsciente se lembrasse que hoje também é o Dia Internacional do Livro Infantil. Para quem não sabe, a data foi escolhida em homenagem ao escritor Hans Christian Andersen, um renomado escritor dinamarquês que está presente no imaginário de todas as crianças.


Mas alguém há de dizer: “Ai, Ana, ele não precisa de apresentação”. E eu me pergunto: “Será que não”? Pode haver alguém que não saiba quem ele é? Arrisco dizer: pode. Pode haver muitas pessoas que não saibam quem foi Andersen, mas impossível alguém não conhecer a história do patinho desajeitado, amado pela mãe, mas rejeitado por todos os outros, até se descobrir um belo cisne. Uma das primeiras histórias sobre Bullying. Ou ainda do amor do pobre soldadinho de chumbo pela bailarina de papel.

E é o que fica. Acho até difícil que alguém não se lembre do nome Lobato, mas ninguém há de dizer que não sabe quem é Emília e Visconde, muito menos nos tempos atuais em que tanto se discute se o autor era racista ou não, e se levantam algumas declarações preconceituosas vindas dele (bom, mas isso é para outro post).

Vejo em tudo isso que o que realmente nos sobra da literatura não é o autor, não é ele que se torna perene, mas suas histórias, sua forma de ver o mundo, transmudada em ficção.

São as palavras que colam na gente e nos transformam. O comum do ser humano é ser afetado mais pela palavra oral, pois ela nos vem como uma flecha, que atinge certeiro o coração ou a mente. Seria bom que essa flecha fosse sempre uma flecha de luz, que nos iluminasse por inteiro, que clareasse nossos sonhos, nossos pensamentos, como aconteceu comigo essa semana, pelas palavras de uma grande amiga. Mas nem sempre é assim. Às vezes passamos pela vida recebendo flechas envenenadas, e aí vai depender dos anticorpos que possuímos para conseguirmos espantar esse veneno e não deixar que ele destrua o que temos de bom. Pois o positivo leva anos para ser construído, enquanto o negativo se espalha no tempo de um segundo.

Isso é comum. O que não é tão comum é o efeito da palavra escrita. É preciso que tenhamos uma alma de leitor, para que ela venha e se incorpore ao nosso corpo, como uma vacina, que nos ajude a buscar e receber as flechas de luz, que nos ajude a bloquear e diluir os venenos do dia a dia, para que eles não nos destruam.

E nada melhor do que desenvolver essa alma de leitor quando criança, pois ainda assim, impúbere, temos nossas flechas e nossas feridas. Como é muito comum alguns acharem que as crianças ainda não são seres completos, elas tendem a receber apenas as flechas ruins. Então, lhes sobra encontrar nessas palavras escritas uma forma especial para serem ouvidas e processarem seus receios.

Por isso a literatura infantil é tão importante. Por isso são tão importantes essas homenagens, para que nossa memória não nos traia.

Às vezes a melhor terapia para uma criança pode estar na idiossincrasia que demonstra ao que lhe cai nas mãos, ao que transmuta de cada maldade das bruxas e monstros, entendendo suas próprias frustrações e seus próprios medos.

Olhando para trás, vejo que teria processado muitas mágoas se o livro tivesse feito parte da minha vida desde muito cedo. Mas em vez de lamentar essa falta, tenho que agradecer por tê-lo descoberto mais tarde e ter me apaixonado por ele com tanta força, que o amor transbordou para a escrita.

Que hoje seja um dia para lembrar a cada um do quanto as crianças e os livros são importantes. Do quanto eles precisam ser respeitados e amados. Do quanto precisamos da fantasia e do sonho, para que um dia a realidade seja palatável.

Então, hoje, pegue um livro infantil ou juvenil para ler. Depois leia para o seu filho também. Se passar por uma livraria, compre um livro para ele, ou para um sobrinho, um neto ou para o vizinho.

Chore com uma história triste, ria com uma história engraçada. Abrace o outro, e entenda seu medo. E depois entenda seus próprios medos.

Se dê esse direito de ofertar amor em forma de palavra!
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E falando de notícia boa...

Já está marcado o primeiro lançamento do meu juvenil De volta à Caixa de Desejos. Acontecerá em 18 de junho, no Salão FNLIJ. Em junho também o lançamento do meu infantil Uma turma para Dora.

Logo depois, muita festa e “bebemoração” num lançamento em Livraria.

Chegando mais perto, trarei capa e detalhes.

4 comentários:

Dag Bandeira disse...

Sem palavras!!!!! Mas como não resisto,seu amor pelos livros é tão sincero e tão intenso que, cada vez mais, seus textos se tornam um pedacinho de literatura que passa pelos nossos olhos e deixa sua marca em nossos corações.
Parabéns Ana.

Ana Cristina Melo disse...

Obrigada, Dag.

Lindo começar o domingo com um comentário desses.
Beijão

Helena Frenzel disse...

Sente-se que este escrito brotou de seu coração, de um coração que lê e deixa ser lido neste texto. Não conheço sua obra, a não ser o que publica neste blog, e de uma entrevista sua que ouvi, mas até agora, o que conheço me incentiva muito. Sim, a leitura é um antídoto aos venenos da vida e isso vale a pena ensinarmos aos nossos filhos, desde cedo, logo na barriga. Eu cresci com fábulas. Grimm, Lobato, Andersen, se bem que deste último conhecia algumas fábulas, mas só há pouco o conheci. Bom, faço bons votos para o lançamento do seu livro. Parabéns por dedicar-se a esse ramo tão importante que é a literatura infanto-juvenil. Um abraço fraterno!

Ana Cristina Melo disse...

Obrigada, Helena!
Adorei seu comentário.

Beijos