De amanhã (dia 8) até o dia 10, a Academia Brasileira de Letras fará uma homenagem ao poeta Manuel Bandeira, com a leitura de seus poemas, pelos atores Camila Amado e Walmor Chagas.
Os poemas a serem lidos foram baseados na antologia "Testamento de Pasárgada", do Acadêmico Ivan Junqueira.
A leitura acontecerá no Teatro R. Magalhães Jr., às 12h30min e a entrada é franca.
Eu que passo minha hora do almoço na Biblioteca Rodolfo Garcia, na ABL, já tenho alteração na programação.
E falando em Pasárgada, vamos nos preparando com seu poema "Vou-me embora pra Pasárgada" que fala de abandonar-se, de ser livre, de buscar a felicidade no paraíso de Bandeira:
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
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