O foco da pirataria começa a se voltar para a indústria dos livros. A matéria saiu na Folha de São Paulo de quinta-feira, dia 16.
Imagine para um escritor que tanto se esforçou corrigindo e cortando um texto, vê-lo publicado na internet, num claro desrespeito aos seus direitos, não só de propriedade como financeiros.
Acho que o problema está na cultura do povo. Não há oferta se não houver demanda. Se ninguém fizesse download de livros que não estão em domínio público, ou não comprasse cd's no camelô, não haveria quem disponibilizasse esses "produtos".
Veja parte da reportagem, de Raquel Cozer, divulgada pelo PublishNews:
Os piratas avançam
Por Raquel Cozer (Folha de São Paulo, edição de 16/07/2009)
As escritoras Stephenie Meyer e Meg Cabot lideraram listas de mais vendidos com títulos como Crepúsculo (Intrínseca) e O Diário da Princesa (Record). A coletânea da Record que incluiu as duas, "Formaturas Infernais", ficou entre os primeiros lugares de outra lista - a dos livros mais rapidamente pirateados na internet. "Um dia depois de chegar às livrarias ele já estava na rede", conta Sônia Jardim, vice-presidente do grupo Record e atual presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel). "É impressionante como o negócio se prolifera." Nos últimos anos, a chamada pirataria digital de livros vem aumentando o suficiente, em quantidade e velocidade, para pôr em alerta grupos que defendem os direitos autorais. Sem pesquisas relativas à quantidade de arquivos disponíveis na rede, a Associação Brasileira de Direitos Reprográficos mede o problema pelo número de denúncias de autores e editoras. O aumento foi de 140% em menos de três anos - de 13 denúncias mensais recebidas em 2007, a ABDR recebe hoje cerca de uma por dia. Cada denúncia envolve a pirataria de, em média, cinco livros.
"Meu objetivo não é prejudicar os autores e sim compartilhar [os livros] com leitores do meu blog", diz Alexandre Chahoud, 21, "administrador e dono" do site Rei do E-Book. Ele afirma que resolveu criar a página depois de amigos comentarem sobre a dificuldade de encontrar determinados títulos no país. "Mas o crescimento foi tão grande que se tornou uma coisa pública." Nos seis meses de existência do site, diz, já aconteceu de "autores se sentirem constrangidos e pedirem para que suas obras fossem removidas". Foi o caso de André Vianco, que "pediu gentilmente via Twitter e e-mail que fossem retiradas duas de suas obras". Elas não aparecem atualmente no site. Com cerca de 3.000 arquivos disponíveis, o blog SSRJ Book Download é coordenado por uma aposentada de 55 anos, que se indentifica como Sonia SSRJ. Com "clássicos" entre os mais baixados - em primeiro lugar, estão obras de Agatha Christie, com mais de 4.000 downloads já feitos -, Sonia diz que evita escritores brasileiros. "Sempre dá problema."
No ano passado, o escritor Marcelo Rubens Paiva cadastrou o próprio nome no Google Alert - serviço que envia ao internauta links sobre assuntos selecionados que caem na rede - para ficar ciente quando grupos de teatro montassem peças a partir de textos seus. Logo recebeu um aviso de que seu livro Feliz ano velho (Objetiva) estava disponível para download, em formato DOC, no Esnips. Escreveu pedindo a retirada do texto, e o título saiu do ar. Uma semana depois, um novo aviso - agora o livro aparecia também no formato PDF. Na sequência, entrou o romance Blecaute. "Desisti. Não tem mais o que fazer", lamenta o escritor. Paiva vê uma diferença entre a pirataria na música e na literatura. "Na música, por mais nociva que seja, a pirataria pode até aquecer o mercado de shows. Agora, na literatura, a gente não tem outra fonte de renda que não seja o livro".
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