quinta-feira, 2 de julho de 2009

Conferência de Davi Arrigucci Jr

Começou ontem a Flip com a conferência de Davi Arrigucci Jr a respeito do homenageado da festa - Manuel Bandeira.

Davi começou dizendo "eu espero ser breve e intenso como o meu poeta".

Antes de dar início ao seu tema principal, Davi fez algumas observações a respeito da Flip e da importância da leitura.

“Eu penso que a Flip a cada ano renova a nossa crença na importância da leitura. A Flip tem criado uma espécie de sementeira de novos leitores. O que é uma coisa importantíssima para nós. Devemos saber que a leitura de um texto também é a leitura do mundo. A leitura não é um ato qualquer. Esse ato detido e rudimentar da decifração é uma coisa decisiva na nossa vida. Certamente é isso que nós vamos tentar demonstrar um pouco hoje. A ideia da Flip é uma espécie de comunidade internacional dos leitores. Isso é uma coisa fundamental. Nós devemos saber que é imposssível escrever sem ler antes. A leitura está na base de tudo. A escrita segue a leitura. Nós devemos nos vangloriar menos dos livros que nós escrevemos, e nos vangloriar mais dos livros que nós lemos”, disse ele.

Logo depois, Davi começou a falar da grande importância de Bandeira como o poeta da passagem para a poesia moderna no Brasil.

“Bandeira foi marcado por um desejo de transcendência. (...)
Um país nos que deu um homem da fibra moral de Bandeira tem que dar certo”, disse Davi.


Sua palestra seguiu tratando de três pontos sobre Bandeira: como ele concebeu a poesia, como ele a praticou e com que sentido.

Num ponto alto da palestra, Davi falou sobre o alumbramento.

“A diferença entre a emoção poética e a emoção de todo dia é que ela é capaz de nos dar a sensação de um universo. Isso significa que na emoção poética ela traz consigo um mundo completo; esse mundo completo é uma totalidade orgânica, constituído pelos mesmos atos, objetos do mundo banal, mas todos os elementos deste mundo estão como que musicalizados, eles se procuram, se enlaçam, e dão a nós uma sensação de totalidade completa. A essa manifestação do poético Bandeira chamou de 'alumbramento'”, disse ele.

Essa emoção pode ser sentida no livro de memórias que Bandeira nos deixou, o Itinerário de Pasárgada, no qual o poeta nos conta que todas as vezes em que voltava às lembranças de sua infância, ele sentia uma emoção diferente. Essa emoção diferente, mais tarde, ele começou a ligar à experiência do poético.

Davi falou da produção de Bandeira na década de 20, quando o poeta está pobre e doente, e passa a incorporar a seu trabalho a observação do cotidiano humilde carioca.

Analisou, ainda, dois poemas: "Momento um café" e "Poema só para Jayme Ovalle", onde observa a dialética entre o dentro e o fora.

E a Festa continua.

Agora, às 10h, temos a mesa Novos traços, com Rafael Coutinho, Fábio Moon, Gabriel Sá, Rafael Grampá e a mediação de Joca Reiners Terron. A mesa trata sobre a produção de histórias em quadrinhos que tem ganho muita força no país.

Para assistir ao vivo, é só clicar no link: http://www.flip.org.br/aovivo_2009.php.

Nenhum comentário: