"Os primeiros passos de Borges"
Por Ubiratan Brasil, em 19/07/2009
Um desvario laborioso e empobrecedor, cheios de tipos psicologicamente anormais e desfechos previsíveis - assim Jorge Luis Borges (1899-1986) avaliava os romances em geral, justificando sua preferência por narrativas curtas. A paixão pela escrita, no entanto, era soberana, assim como a admiração e até devoção por outros autores, como comprova Ensaio Autobiográfico (tradução de Maria Carolina de Araujo e Jorge Schwartz), que a Companhia das Letras publica agora em nova edição.
Trata-se de um texto que Borges ditou em inglês a seu colaborador e tradutor Norman Thomas di Giovanni, nos primeiros meses de 1970, e que serviria como uma breve introdução à edição norte-americana de The Aleph and Other Stories. Acabou lançado antes, em setembro daquele ano, na revista The New Yorker, o que apressou a divulgação do nome do escritor entre o público de língua inglesa.
No sentido contrário ao de sua preferência por textos enxutos, Borges, aqui, alonga-se ao narrar fatos de sua vida, desde o nascimento até aquele momento quando, então com 71 anos, se revelava disposto a voltar aos textos despojados depois de ganhar fama mundial graças a exercícios estilísticos, especialmente nos contos. Embora confessional, o texto é recatado em alguns assuntos, especialmente os sentimentais - em 1970, Borges estava casado com a também escritora Estela Canto, mas prestes a se separar. O matrimônio, porém, é brevemente citado no livro e, mesmo assim, não é lembrado em nenhum momento o nome de Estela. leia mais
"Pequenos prazeres sem culpa"
Contos protagonizados pelo inspetor Maigret confirmam o talento de Simenon
Por Francisco Quinteiro Pires, em 13/07/2009
Em certa medida, o ofício de escritor assemelha-se ao de um inspetor policial. Os autores costumam concentrar suas obras numa incansável investigação sobre os mistérios da condição humana. Já os inspetores se preocupam em arregimentar fatos para a construção de um inquérito. Ambos contam com o auxílio indispensável das palavras para construir ou reconstituir os seus universos.
O ficcionista belga Georges Simenon (1903-1989) tornou-se popular ao inventar o personagem Jules Maigret, comissário da Polícia Judiciária de Paris. Com o tempo, ele passou a ser chamado de "o Maigret da alma humana" - uma evidência de que, a partir de determinado momento de sua carreira literária, criador e criatura haviam se tornado inseparáveis.
Ao considerá-lo autor de uma obra menor, enquadrando-a no gênero da ficção policial, produzida, segundo os estudos convencionais, para alimentar o gosto da massa, a crítica especializada pretendia depreciá-lo. Perdeu tempo. Se tivesse superado o preconceito contra Simenon, ela poderia ter aprendido um pouco mais sobre as estruturas narrativas - vale dizer, sobre a própria literatura. leia mais
******* O Globo:
"Real Gabinete oferece curso gratuito sobre autores da literatura portuguesa"
Em 17/07/2009
RIO - Estão abertas as inscrições para o curso grátis "Os Esquecidos relembrados no Real", promovido pelo Real Gabinete Português de Leitura, no mês de agosto. O curso abordará autores significativos da literatura portuguesa, mas pouco conhecidos, já que não fazem parte do cânone literário - listagem de livros e textos considerados obrigatórios pelos programas de estudo de Portugal. leia mais
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