Ontem aconteceu na ABL o evento "Encontro com o Autor" que já teve Ana Maria Machado e João Ubaldo Ribeiro na programação. No de ontem fomos presenteados com Lygia Fagundes Telles.
Na mesa estavam presentes os acadêmicos Alberto da Costa e Silva, Ana Maria Machado e Cícero Sandroni, este também presidente da ABL. Na plateia, Nélida Piñon, Domício Proença Filho, Eduardo Portella, Ivan Junqueira, Alberto Venâncio, entre outros.
De uma simpatia contagiante, Lygia falou de sua infância, do esforço para se posicionar numa sociedade que não via com bons olhos uma mulher ganhando autonomia (além de escritora, ela se formou em Direito), de sua relação com a Companhia das Letras e, fundamentalmente, de sua literatura.
Quisera eu saber taquigrafia que teria transcrito todo o seu discurso. Mas, sinceramente, não sei se conseguiria, pois estava extasiada.
Mas, pelo menos um pouquinho consegui anotar.
"A ligação é a música"
Questionada se existiria relação entre os contos "O moço do saxofone" e "Apenas um saxofone", Lygia começou explicando que adorava saxofone. E depois de relembrar o enredo dos contos, afirmou que se há ligação entre eles, essa ligação é a música.
"É preciso ler o autor brasileiro. (...) O brasileiro tem que se voltar com mais amor para o Brasil."
"Ela escreve falando com o leitor.(...) Em seus livros é possível ouvi-la falando".
Essa frase foi de Alberto da Costa e Silva e me emocionou muito, pois captura o que de melhor podemos transmitir num livro. Eu que sou autora de livros de Informática, já ouvi de meus alunos que ao ler meus textos é possível fechar os olhos e me ouvir falando. E fico imaginando a alegria que um escritor de ficção não deve sentir de se ver reconhecido em seus textos, ou seja, conseguir marcar a sua voz. Só que, nesse caso, não a nossa voz com seus timbres, mas a voz que o escritor cria para ser seu cartão de visita, a que se reveste de um estilo, de uma linguagem, que qualquer um identificará como seu.
Terminei ontem de ler "Antes do Baile Verde". Desse livro, já conhecia vários contos, mas o volume como um todo vale muito bem para ser o fecho de ouro para a perfeição dos contos apresentados.
Ainda não esgotei toda a literatura de Lygia Fagundes Telles. Já li alguns livros de contos, outros romances. Mas ouvi-la falando ontem me fez querer passar por todos eles, e tornar-me sua cúmplice, como ela afirmou que são todos os seus leitores.
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