domingo, 31 de maio de 2009

Descobrindo Maria Thereza Noronha

É bom descobrir escritores cujas palavras nos tocam de um jeito especial, que tem a beleza pulsando em seus textos.

A dica me chegou essa semana e logo me encantou a poesia de Maria Thereza Noronha. Mineira de Juiz de Fora, publicou A face na água (edição da autora, 1990), Pedra de limiar (Edições de Minas, 1993), A face dissonante (Oficina do Livro, 1995), Poesia em três tempos (Editora Bom Texto, 2001) e O verso implume (Oficina do Livro, 2005). Atualmente reside no Rio.

O poema abaixo foi publicado na edição desse mês do Jornal Rascunho.

Seis

Seis palavras à procura de um poema
- pirotécnicas e pirandellianas -
passeiam pela noite descuidada.
Dadas as mãos, atravessam a praça,
olham o céu, buscando comovidas
da lua cheia a face sextavada.
Contam estrelas, meio envergonhadas:
bem sabem o banal deste recurso
e vão-se afastando, cabeças baixas.
Seis palavras flutuam, indecisas,
em demanda de estrofe onde se encaixem.
Soltas, nada mais são que sopro, brisa.
Soltas, nada mais são que folhas novas
brotando da videira, pressurosas:
furam o tronco e ainda não são uvas.

Na edição 19 da Revista O Caixote é possível encontrar outros de seus poemas.

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