quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Poema de Paulo Leminski

O poeta curitibano Paulo Leminski (1944-1989) foi também professor, tradutor e crítico literário. A edição de dezembro da Revista Língua Portuguesa (www.revistalingua.com.br), com matéria de Beth Brait, publicou um poema dele que tematiza a sintaxe e seu ensino, de forma bem humorada. A matéria explica ainda cada trecho, desconstruindo a técnica por trás da obra.

Abaixo transcrevo o poema:

O assassino era o escriba
Paulo Leminski

Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito
inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida, regular
com um paradigma da 1ª conjugação.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito assindético
de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,
conetivos e agentes da passiva, o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.

3 comentários:

Anônimo disse...

Olá, obrigado pelo post. É sempre bom poder encontrar algo que procuramos. E falando nisso, não estou achando a matéria citada aqui na revista língua portuguesa de dezembro (de 2008, né?). Seria possivel botar o endereço exato ou alguma referência a mais? grato, eduardo

Anônimo disse...

Achei! Procurando por Beth Brait e o nome do poema chega-se direto ao trabalho dela: estuos linguísticos e estudos literários: fronteiras na teoria e na vida. Acho que o link é esse:http://www.fflch.usp.br/dl/noticias/downloads/Curso_Bakhtin2008_Profa.%20MaCristina_Sampaio/ARTIGO_BRAIT_EST_LING_LITER.pdf

abs

Ana Cristina Melo disse...

Que bom que achou, pois não tenho mais a revista. A matéria foi tirada da edição impressa.

Abs
Ana Cristina