terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Afrodite invadiu meu dia



Estou leve nessa terça-feira. Sonhadora. E a causa disso tudo foi a poesia da Paula Cajaty. Estava em débito por ainda não ter iniciado a leitura de seu livro. Sou assim mesmo, minha estante transborda de livros, muitos que me vi apaixonada pela história, e ainda não consegui chegar nem perto. Mas ontem, preteri os contos, as teorias, os romances, e me joguei de cabeça em sua poesia.

E como me arrependi de não ter feito isso antes. Por já conhecer seus escritos, em prosa e verso, esperava encontrar um livro que expressasse sua delicadeza, mas ela me surpreendeu. São lindos os poemas, e não é redundante dizer que são extremamente poéticos. Transborda muita sensibilidade. Daquela que não nos deixa sair sem que estejamos diferentes. E sempre com a sensação de querermos voltar ao início, para reler e sentir novamente as mesmas emoções, ou melhor, emoções díspares. Pois cada leitura nos traz uma impressão melhor.

Espero que a querida Paula não se incomode com meu abuso, mas vou reproduzir aqui dois poemas dos que mais gostei. Foi difícil selecionar. Foram muitos que me pegaram de jeito. E no final, me agarrei a dois deles, e não tive como abdicar de nenhum. Vocês vão dizer, mas os dois falam de voo, e talvez isso reflita exatamente meu espírito sonhador, que quer alçar voo, quer se libertar dos pequenos problemas, e enxergar as pequenas bençãos sempre com olhos de primeira vez.

Espero que dê a vocês um gostinho de quero mais... E que possam se deixar entregar a essa poesia. Para saber mais sobre a Paula Cajaty ou ler outros poemas que ela escreve, deem um pulinho em seu site: http://www.paulacajaty.com/. Tem dois vídeos no YouTube, a respeito do lançamento do livro e de algumas leituras que ela fez na Primavera dos Livros, no ano passado.


PRIMEIRO VÔO

quando um pássaro quer voar
ele não testa não,
é na marra,
tem que acertar
de qualquer jeito
tem que se jogar
de lá de cima
com medo e com tudo
e pegar o jeito na asa
no tempo certo
pra não morrer

e ele só faz isso
só se joga no vazio
porque precisa voar
quando sente a certeza do vôo
dentro de si
porque ainda mais importante
do que nascer com asas
é o instinto
de que vai se jogar um dia.

PIPA NA VENTANIA

quanto mais o vento sopra
mais ela quer voar
empinar
fugir no céu
pra onde puxa a ventania
ele dava linha
ela voava na mão dele
e então cruzaram no céu
como se fosse no mundo
afiados no cerol
cortando a vida
rodopiando no chão.

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