De novo uma matéria da Discutindo Literatura (edição nº 18). Aliás, essa edição estava maravilhosa. Por que só agora estou publicando? Tempo, meus queridos, ou a falta dele.
Dessa vez é a reportagem de capa sobre Graciliano Ramos, assinada por Clenir Bellezi de Oliveira.
Abaixo transcrevo trechos que falam da técnica, do quanto precisamos bater e apanhar para chegar à perfeição do que escrevemos.
Forjado em um estilo duro, rigoroso, de frases nominais, períodos curtos, com pouca adjetivação e ênfase nos substantivos e verbos, seus textos têm parentesco com o sertão duro que retratou. Em certa entrevista concedida em 1948, ele declarou:
"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazer seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxaguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer".
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