quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O que tenho lido...

Há uns três meses talvez, um colega de trabalho me pediu a indicação de um livro. Queria presentear sua mãe. Na época, lhe indiquei Meus queridos estranhos da Livia Garcia-Roza. Um romance de intensa sensibilidade. Os textos que leio não saem incólumes, iguais a mim. Frases marcadas, assinaladas, apontadas com setinhas. E quando me envolvem, quase sempre tem um adjetivo cheio de pompa para me reforçar a lembrança daquela impressão. Nesse eu escrevi "maravilhoso!".

Há algumas semanas, uma amiga que é minha leitora fiel, me questionou o que eu estava lendo. Não só revelei o conteúdo de minha bolsa, como emprestei-lhe dois livros que eu havia acabado de ler.

Ontem terminei mais uma leitura. E hoje já comecei uma nova. E conforme avançava, feliz pelas linhas que me tocavam, tive vontade de dividir minha lista com vocês.

Atualmente estou lendo Conversas com Cortázar de Ernesto González Bermejo (Jorge Zahar Editor). A orelha nos pesca em poucas frases:

"As conversas de um jornalista de primeira linha com um escritor de primeiro quilate podem resultar em duas coisas: um sutil confronto de vaidades, ou um registro denso, esclarecedor, enriquecedor e permanente.
O repórter uruguaio Ernesto González Bermejo pertencia à melhor estirpe do jornalismo de seu país. O argentino Julio Cortázar foi, sem dúvida, não apenas um dos escritores de maior calibre da segunda metade do século XX, como um dos contistas mais notáveis de todos os tempos.
Um belo dia, em 1977, Ernesto resolveu reunir num livro algumas de suas muitas conversas formais com Julio. Desde então, tornou-se obra de consulta obrigatória não apenas para os interessados em Cortázar, mas para quem quiser mergulhar nos desvãos da carpintaria de um escritor."

E essa carpintaria que vai se desvendando em cada resposta de Cortázar, vai também nos acorrentando a esse escritor fantástico, de extrema competência e brincalhão. Em fevereiro próximo, completará 25 anos que Cortázar nos deixou, mas seus textos são tão atuais e tão fortes que parece que ele ainda nos orienta.

Uma de suas brincadeiras ao falar das leis e regras do romance:
"O romance não tem leis, a não ser a de impedir que a lei da gravidade entre em ação e o livro caia das mãos do leitor."

Um pouco de Cortázar por Cortázar:
"Cheguei à prosa com dificuldade. Aos oito anos, eu já escrevia poemas e, como sempre obedeci aos ritmos, ao som ritmado das palavras e das coisas, esses poemas, de conteúdo espantoso, inteiramente ingênuos, inocentes e desimportantes, eram perfeitamente metrificados e perfeitamente ritmados. Sem saber que um hendecassílabo era um verso de onze sílabas, escrevia sonetos em hendecassílabos, absolutamente infalíveis como ritmo e rima."

Não consigo ler um livro apenas. Sempre tenho um romance ou livro de contos, acompanhado de um livro teórico. Além dos livros que devoro do início ao fim, sempre tenho outros que leio um pouquinho a cada semana.

Atualmente:

- Os cem melhores contos brasileiros do século, organização de Ítalo Moriconi (Objetiva)

- Dublinenses, James Joyce (Civilização Brasileira)

- Obras completas III, Jorge Luis Borges (Editora Globo)

E para completar, os últimos livros que li, em ordem decrescente:

- Flores azuis, Carola Saavedra (Companhia das Letras)

- Linha de sombra, Lúcia Bettencourt (Record)

- Reparação, Ian McEwan (Companhia das Letras)

- Formas breves, Ricardo Piglia (Companhia das Letras)

- Milamor, Livia Garcia-Roza (Record)


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