No Jornal Rascunho desse mês, Rinaldo de Fernandes, na seção rodapé, nos traz um pequeno texto sobre a teoria do conto, segundo Cortázar. A matéria pode ser lida no site do Rascunho.
Em resumo, para Cortázar, as narrativas curtas necessitam ter:
1) significação - o conto, como a fotografia, "recorta um fragmento da realidade", devendo, portanto, ser "significativo", ou seja, ser capaz de uma "abertura" que projete a inteligência e a sensibilidade do leitor para além da história narrada;
2) tensão e intensidade - o conto "parte da noção do limite e, em primeiro lugar, de limite físico, de tal modo que, na França, quando um conto ultrapassa as vinte páginas, toma já o nome de nouvelle". O conto deve compactar as situações. Deve ser uma "máquina de gerar interesse", ou seja, ter a capacidade de prender a atenção do leitor;
3) capacidade de desprender-se do autor - o conto deve ser alheio ao escritor enquanto "demiurgo". O leitor do conto deve ter a sensação de que "de certo modo está lendo algo que nasceu por si mesmo, em si mesmo e até de si mesmo, em todo caso com a mediação mas jamais com a presença manifesta do demiurgo".
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