O conto foi escrito hoje, mas com a emoção do espírito de Natal que toma conta de todos nós. Então perdoem qualquer falha. Não chegou a ir para a gaveta. :)
Espero que gostem.
Feliz Natal!!!
--------------------------------
Havia vozes ao seu lado. Seus olhos lutavam para se manterem fechados. Ele lutava por continuar enxergando. Já não sentia tanto frio. Minutos de burburinho que pareceram dois séculos, e ele sentiu seu corpo ser erguido. Um líquido encostou em sua boca. A água umedecendo a garganta e o corpo tiritando menos: os olhos se entregaram. Abriram.
Havia uma mulher, feições delicadas, vestido azul, que lhe amparava a cabeça. Havia homens, comuns, que seguravam, cada um, comidas diferentes. E à sua frente, o homem de vestes vermelhas oferecendo uma sacola transparente, com roupas e um boneco, que o menino trouxe para debaixo da coberta desconhecida que lhe aquecera.
O menino só então se lembrou de desejar Feliz Natal.
Espero que gostem.
Feliz Natal!!!
--------------------------------
Um outro olhar
Ana Cristina Melo
Era um boneco de neve daqueles que ele vira no filme engraçado, assistido pela vitrine da loja de eletrodomésticos. Mexeu os olhinhos e o boneco derreteu para se tornar o colchão velho colocado na frente da casa enfeitada. Deu dois passos, saindo da proteção do viaduto e parou quando viu uma estrela cadente. Pisca. Pisca. Pisca. Os olhinhos se acostumando às visões da noite fria; era apenas um aviãozinho, tão pequeno visto dali, que bem alto riscava o céu. Seu corpo começou a tremer de frio, as buzinas estridentes feriam seus tímpanos. A dor no estômago aumentava. Até a cola que disfarçaria essa dor lhe roubaram. De repente, suas pernas foram perdendo as forças, e seu corpinho foi envergando à beira da avenida, se amontoando na calçada. As pessoas passavam por ele, e não enxergavam, mas desviavam. Sua respiração dificultou, e as luzes das casas começaram a ficar disformes, simulando um arco-íris. Pisca. Pisca. Pisca. Não posso dormir. Pisca. Pisca. Pisca. Ainda preciso encontrar minha mãe. Pisca. Pisca. Pisca. Uma imagem desfocada foi se tornando nítida. Era um papai noel que atravessava a avenida, às suas costas algumas pessoas em passos ritmados. A figura bonachona e os outros se aproximaram, quando o foco voltou a se perder até sumir.
Havia vozes ao seu lado. Seus olhos lutavam para se manterem fechados. Ele lutava por continuar enxergando. Já não sentia tanto frio. Minutos de burburinho que pareceram dois séculos, e ele sentiu seu corpo ser erguido. Um líquido encostou em sua boca. A água umedecendo a garganta e o corpo tiritando menos: os olhos se entregaram. Abriram.
Havia uma mulher, feições delicadas, vestido azul, que lhe amparava a cabeça. Havia homens, comuns, que seguravam, cada um, comidas diferentes. E à sua frente, o homem de vestes vermelhas oferecendo uma sacola transparente, com roupas e um boneco, que o menino trouxe para debaixo da coberta desconhecida que lhe aquecera.
O menino só então se lembrou de desejar Feliz Natal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário